Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Argentina

- Publicada em 14 de Agosto de 2023 às 09:03

Javier Milei surpreende e tem maior votação na eleições primárias na Argentina

Milei, da ultradireita, diz que não faz parte nem da política peronista nem da oposição macrista

Milei, da ultradireita, diz que não faz parte nem da política peronista nem da oposição macrista


ALEJANDRO PAGNI/AFP/JC
O ultradireitista Javier Milei é o grande vencedor das PASO, as Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias, que são um termômetro para a disputa presidencial da Argentina em outubro. O economista que surgiu com uma terceira força política virou o jogo e saiu como protagonista da votação do domingo (13), que teve até ameaça de bomba na Casa Rosada, sede do governo argentino.Com 97,42% dos votos apurados, Milei tem 30,04% dos votos. À frente da coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio (28,27%) e da coalizão da esquerda que governa o país Unión por la Pátria (27,27%).As prévias definem as chapas que vão concorrer na eleição presidencial de outubro. Milei concorre sozinho dentro da sua coalizão, mas tanto o governismo como a oposição tem mais de um candidato. Além de liderar o voto por chapas, Milei foi o candidato mais votado, com 7 milhões de votos.Em segundo, com 5 milhões de votos, está Sérgio Massa, o todo-poderoso ministro da Economia da Argentina, apoiado pelo presidente do país, Alberto Fernández, e pela vice, Cristina Kirchner.Apesar do segundo lugar de Massa, a coalizão governista ficou em terceiro lugar no voto por chapas, no pior resultado do peronismo em 12 anos de eleições primárias. Desde que o pleito foi implementado, em 2011, as alianças peronistas sempre acumularam as maiores porcentagens de votos.Patricia Bullrich, candidata da centro-direita e esperança dos conservadores tradicionais argentinos para derrotar a esquerda, foi a terceira candidata mais votada, com 4 milhões de votos. Na disputa pela vaga interna do Juntos por el Cambio, a candidata linha-dura garante uma vaga no primeiro turno de outubro, registrando 17% contra 10,7% de Horacio Larreta, prefeito de Buenos Aires.A votação expressiva de Milei foi antecipada pelas próprias campanhas enquanto a apuração avançava e pegou a Argentina de surpresa. Nas horas de tensão até que os primeiros resultados fossem anunciados, o governo chegou a prever que o candidato da extrema direita poderia ter até 30% dos votos, disse uma fonte da Casa Rosada à emissora local Todo Notícias.Os resultados apontam que Javier Milei deixou para trás a direita mais moderada da Argentina representada pelo movimento Juntos por el Cambio, que era apontado pelas pesquisas como favorito. Na disputa interna da coalizão, Patricia Bullrich venceu o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, e será a candidata nas eleições de outubro.
O ultradireitista Javier Milei é o grande vencedor das PASO, as Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias, que são um termômetro para a disputa presidencial da Argentina em outubro. O economista que surgiu com uma terceira força política virou o jogo e saiu como protagonista da votação do domingo (13), que teve até ameaça de bomba na Casa Rosada, sede do governo argentino.

Com 97,42% dos votos apurados, Milei tem 30,04% dos votos. À frente da coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio (28,27%) e da coalizão da esquerda que governa o país Unión por la Pátria (27,27%).

As prévias definem as chapas que vão concorrer na eleição presidencial de outubro. Milei concorre sozinho dentro da sua coalizão, mas tanto o governismo como a oposição tem mais de um candidato. Além de liderar o voto por chapas, Milei foi o candidato mais votado, com 7 milhões de votos.

Em segundo, com 5 milhões de votos, está Sérgio Massa, o todo-poderoso ministro da Economia da Argentina, apoiado pelo presidente do país, Alberto Fernández, e pela vice, Cristina Kirchner.

Apesar do segundo lugar de Massa, a coalizão governista ficou em terceiro lugar no voto por chapas, no pior resultado do peronismo em 12 anos de eleições primárias. Desde que o pleito foi implementado, em 2011, as alianças peronistas sempre acumularam as maiores porcentagens de votos.

Patricia Bullrich, candidata da centro-direita e esperança dos conservadores tradicionais argentinos para derrotar a esquerda, foi a terceira candidata mais votada, com 4 milhões de votos. Na disputa pela vaga interna do Juntos por el Cambio, a candidata linha-dura garante uma vaga no primeiro turno de outubro, registrando 17% contra 10,7% de Horacio Larreta, prefeito de Buenos Aires.

A votação expressiva de Milei foi antecipada pelas próprias campanhas enquanto a apuração avançava e pegou a Argentina de surpresa. Nas horas de tensão até que os primeiros resultados fossem anunciados, o governo chegou a prever que o candidato da extrema direita poderia ter até 30% dos votos, disse uma fonte da Casa Rosada à emissora local Todo Notícias.

Os resultados apontam que Javier Milei deixou para trás a direita mais moderada da Argentina representada pelo movimento Juntos por el Cambio, que era apontado pelas pesquisas como favorito. Na disputa interna da coalizão, Patricia Bullrich venceu o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, e será a candidata nas eleições de outubro.

Quem é Javier Milei

Desconhecido na política argentina até conquistar uma cadeira como deputado em 2021, o libertário Javier Milei ganhou impulso na corrida presidencial no início deste ano. Quando saiu de pontuações ínfimas nas pesquisas de intenção de votos para próximo do primeiro lugar

O presidente da coalizão Liberdade Avança capturou uma atenção considerável do eleitorado argentino quando se colocou como "diferente de tudo que está aí". Com seu lema de ser "contra a casta política", Milei enfatiza que não faz parte nem da política peronista nem da oposição macrista.

O discurso agradou quem está cansado da enorme crise econômica que passa o país e não foi resolvida no últimos governos de Alberto Fernández e seu antecessor Mauricio Macri.

À insatisfação popular se somou as brigas internas dentro das coalizões de governo e oposição pelas candidaturas presidenciais. A chapa peronista União pela Pátria (antiga Frente de Todos) travou batalhas até os últimos dias para definir um candidato. Enquanto a oposição do Juntos pela Mudança decidiu sair com dois nomes de peso para a disputa, mas não sem antes protagonizar trocas de acusações entre eles e disputas até mesmo pela prefeitura de Buenos Aires.

Além da definir os rachas partidários quando eles existem, as primárias são um termômetro da política argentina. Em 2019, o peronista Alberto Fernández saiu das prévias com 15 pontos de vantagem sobre o então presidente Mauricio Macri. Naquele ano, Fernández confirmou o favoritismo e venceu a eleição junto com Cristina Kirchner, vice-presidente.

Por isso, os resultados das primárias dessa vez são uma má notícia para os peronistas. No governo, a esquerda teve a imagem abalada pela grave crise econômica que atinge o país onde a inflação anual é de 115%. Com as compras no mercado cada dia mais caros e os salários corroídos, cresce o inconformismo entre os argentinos.

Esse sentimento permitiu a ascensão do ultradireitista Javier Milei. O libertário era desconhecido na política argentina até 2021, quando foi eleito deputado.

Com ideias radicais, como acabar com o Banco Central e dolarizar a economia, o economista ganhou atenção dos eleitores e despontava como uma terceira força da política argentina. Recentemente, as pesquisas apontaram que o ultradireitista estaria perdendo força. O que não se concretizou nas primárias. 

Votação tumultuada em Buenos Aires

A demora na definição dos resultados é explicada, em partes, pela confusão em Buenos Aires. A cidade adotou um sistema híbrido: a votação nacional dos presidenciáveis seguiu a tradição do voto de papel enquanto a urna eletrônica foi adotada em paralelo para a eleição local. Esse último foi marcado por problemas.

O mau funcionamento das urnas causou longas filas e atrasos. Assim como muitos argentinos, a pré-candidata à presidência Patricia Bullrich teve dificuldades. Ela contou a jornalistas que a urna mostrava candidatos diferentes dos escolhidos e precisou ser substituída. Só assim, a candidata conseguiu votar depois de sete tentativas e 12 minutos.

Alguns pontos de votação em Buenos Aires prorrogaram o horário de funcionamento para atender todas as pessoas. Apesar dos problemas, a participação foi de 69%, acima do registrado na prévia das eleições legislativas de 2021.