Após deixar acordo de grãos, Rússia ataca dois portos da Ucrânia

Rússia atacou dois portos da Ucrânia um dia após ter suspendido sua participação na Iniciativa de Grãos do Mar Negro

Por Folhapress

A picture taken on July 17, 2023 shows a Russian warship sailing near the Kerch bridge, linking the Russian mainland to Crimea, following an attack claimed by Ukrainian forces. - Waterborne drones struck the sole bridge connecting Russia to the annexed Crimea peninsula on July 17, in a deadly attack on a vital supply route claimed by Ukraine's security services. (Photo by STRINGER / AFP)
A Rússia atacou dois portos da Ucrânia um dia após ter suspendido sua participação na Iniciativa de Grãos do Mar Negro, o acordo que permitiu a Kiev exportar 32 milhões de toneladas de produtos como trigo de julho do ano passado até agora.
Segundo o Ministério da Defesa russo, o "ataque maciço" com drones e mísseis ocorreu em retaliação pela explosão de ao menos um drone submersível de longa distância contra a ponte que liga a Crimeia anexada em 2014 por Vladimir Putin à Rússia continental.
A obra tem vias rodoviárias, que foram afetadas na explosão na segunda (17), e ferroviárias. Moscou disse que reabriu uma das faixas para veículos nesta terça (18), mas que a reconstrução total do local pode demorar até novembro.
Em comparação com a vingança exercida após o primeiro ataque à ponte, aberta em 2018 como símbolo das aspirações de Putin para a região, foi uma ação modesta. Em outubro passado, dois dias depois do ataque, a Ucrânia sofreu o então maior ataque com mísseis da guerra, que marcou o início de uma campanha de meses para degradar sua rede de energia.
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Até ele, a inflação de alimentos global havia sido impactada pela guerra. Até o começo da guerra, a Ucrânia era responsável por 9% do mercado mundial de trigo e 14%, do de milho.
Além disso, o arranjo previa um acordo paralelo facilitando a exportação russa pelo mar Negro. Moscou responde por 19% do mercado mundial de trigo, segundo a ONU, sendo seu maior ator. Além disso, domina as vendas de fertilizantes, que também ficam mais baratos usando a via marítima até o Mediterrâneo e, daí, para o resto do mundo.
Os russos alegam que a sua parte no acordo não vinha sendo contemplada, enquanto os ucranianos conseguiam escoar sua produção. Segundo o Kremlin, o acordo será retomado imediatamente, caso suas condições sejam satisfeitas.
O efeito imediato da crise foi a subida dos preços de grãos nos mercados futuros. O trigo subiu 3% na segunda, atingindo o nível pré-acordo, de junho do ano passado. Milho e soja também foram afetados. Moscou diz ter mecanismos para seguir oferecendo os produtos em quantidade e a preço baixo, mas o impacto parece inevitável, com efeitos cascata --há toda uma cadeia que depende de grãos, inclusive a da alimentação animal.