Polônia quer instalar armas nucleares americanas contra a Rússia

Por Folhapress

Poland's Prime Minister Mateusz Morawiecki arrives for the European Council Summit, at the EU headquarters in Brussels, on June 29, 2023. - EU leaders will the EU's continued support to Ukraine, as well as the economy, security and defence, migration and external relations over the two-day summit. (Photo by Ludovic MARIN / AFP)
A Polônia, um dos mais belicistas membros da Otan, quer que a aliança militar posicione armas nucleares americanas em seu território como resposta à instalação de ogivas atômicas russas em Belarus, sua vizinha.
O pedido foi feito pelo premiê Mateusz Morawiecki durante entrevista coletiva na sexta (30), após uma reunião da União Europeia em Bruxelas. "A decisão final vai depender dos nossos parceiros americanos e da Otan. Declaramos nossa vontade de agir rapidamente sobre esse assunto", afirmou.
Ele disse que a instalação das ogivas russas em Belarus, anunciada neste mês por Vladimir Putin e o ditador aliado Aleksandr Lukachenko, ameaça diretamente seu país e todos os membros europeus da Otan, já bastante agitados devido à Guerra da Ucrânia.
"Nós não queremos ficar sentados enquanto Putin escala todo tipo de ameaça", afirmou Morawiecki. Hoje, segundo a FAS (Federação dos Cientistas Americanos, na sigla inglesa), há cem bombas táticas B61 americanas em cinco países membros da Otan -o maior contingente, 35, em duas bases aéreas na Itália. Elas são todas feitas para serem lançadas de caças F-16, Tornado e, futuramente, F-35.
Bombas nucleares táticas nunca foram cobertas pelos acordos de controle e redução de armas nucleares, que deixaram de existir quando Putin suspendeu sua participação no Novo Start, neste ano. Esse tipo de ogiva tem menor potência e visa alvos militares específicos, em oposição aos modelos estratégicos, de grande potência, capazes de obliterar grandes regiões para tentar encerrar guerras.
As armas russas, que especialistas da FAS duvidam estar operacionais, poderão ser lançadas tanto por aviões de ataque Su-25 quanto por mísseis Iskander-M, com alcance de até 500 km. Sua instalação em Belarus, na prática, é mais um gesto político, dado que os russos supostamente já as têm em Kaliningrado, o encrave territorial de Moscou entre Polônia e Lituânia.
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Em Moscou, o ministro Serguei Choigu (Defesa) deu sua versão do desempenho ucraniano, afirmando que todos os grandes avanços foram frustrados e que Kiev já perdeu 920 blindados na ofensiva, inclusive 16 dos 75 tanques alemães Leopard-2 que recebeu. Os dados de lado a lado não são aferíveis, mas a alta taxa de atrito fez com que os EUA anunciassem dois pacotes para repor o estoque de blindados leves Bradley de Zelenski.
Também em Vilnius deve ser discutida a questão do fornecimento de caças F-16 americanos para os ucranianos, tema espinhoso devido ao potencial de escalada em caso do emprego deles sobre território que Rússia considera seu.