Putin retira tanques de mercenários e reforça a própria guarda

Três dias após o fim do motim de mercenários contra as Forças Armadas de Vladimir Putin, a Guarda Nacional da Rússia anunciou que receberá equipamento militar pesado

Por Folhapress

Russian President Vladimir Putin walks down the steps to address troops from the defence ministry, National Guard, FSB security service and interior ministry gathered on the Sobornaya (Cathedral) Square from the porch of the the Palace of the Facets on the grounds of the Kremlin in central Moscow on June 27, 2023. (Photo by Sergei GUNEYEV / SPUTNIK / AFP)
Três dias após o fim do inédito motim de mercenários contra as Forças Armadas de Vladimir Putin, a Guarda Nacional da Rússia anunciou que receberá equipamento militar pesado, como tanques. Ao mesmo tempo, o Grupo Wagner terá de devolver blindados que usaram em combates na Guerra da Ucrânia.
A guarda, de 340 mil homens, foi criada por Putin em 2016 para lidar com questões de segurança interna e fronteiriças e responde ao presidente, não à pasta da Defesa. É vista, assim, como sua força pretoriana e organizou a defesa de Moscou contra a coluna armada do Wagner que se dirigiu à capital no sábado (24).
Seu comandante, Viktor Zolotov, é homem de confiança do Kremlin. Ele conversou com repórteres nesta terça (27), após evento no Kremlin no qual o presidente agradeceu a militares, integrantes da Guarda e de forças de segurança pela ação contra o motim. "Vocês defenderam a ordem constitucional, a vida e a liberdade dos cidadãos. Vocês pararam uma guerra civil", disse Putin.
Zolotov tentou dar uma explicação sobre o fato de as forças do mercenário Ievguêni Prigojin, um antigo aliado próximo de Putin, terem chegado a cerca de 350 km de Moscou com pouca oposição.
"Concentramos todas nossas forças precisamente nos arredores de Moscou. Se as espalhássemos, eles simplesmente atravessariam a manteiga com uma faca", disse.
As imagens disponíveis, contudo, mostravam apenas soldados levemente armados, com metralhadoras, tomando posições nas avenidas do sul de Moscou que seriam a rota de entrada dos invasores. Daí o anúncio dos tanques -unidades da guarda foram empregadas em ações sob o comando do Exército na Ucrânia, mas de forma limitada.
Seja como for, Zolotov repetiu o que Putin já dissera em pronunciamento na véspera, que as forças rebeldes não conseguiriam tomar Moscou. Militarmente, é possível que esteja certo, mas a admissão da fragilidade apenas aumenta a pilha de constrangimentos para o presidente no episódio.
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