Líder mercenário recua e manda tropas voltarem às bases na Rússia

Por Folhapress

Rússia- 24-06-2023 Miliciano, Yevgeny Prigozhin líder do Grupo de milicianos que invadiram cidades da Rússia. Fotos Mídias socias.
O líder do grupo mercenário russo Wagner, Ievguêni Prigojin, aceitou os termos de um acordo com o Kremlin mediado pela ditadura da Belarus e ordenou que suas forças a caminho de Moscou deem meia-volta e "retornem para suas bases".
O dramático desenvolvimento da maior rebelião militar em solo russo desde os anos 1990 veio de forma surpreendente, neste sábado (24), após a ampliação de combates e com o presidente Vladimir Putin prometendo esmagar o levante dos mercenários comandados pelo seu ex-aliado próximo.
No comunicado, Prigojin afirma que aceitou os termos, que, segundo o ditador belarusso, Aleksandr Lukachenko, envolveram uma anistia para os rebelados, "para evitar derramamento de sangue". Ao longo do dia, imagens mostraram Prigojin assentar-se no quartel-general do Comando Militar do Sul, peça central na engrenagem da Guerra da Ucrânia, na qual o Wagner lutou e que agora é criticada pelo líder.
O local fica na capital regional Rostov-do-Don, que caiu sob controle do Wagner. Enquanto isso, as forças de Prigojin avançaram rumo ao norte, com registros de batalhas ao longo do caminho.
Em Voronej, helicópteros russos foram alvo de baterias antiaéreas do grupo, e um comboio foi explodido numa estrada. No meio da tarde, fim da manhã no Brasil, o governador da região imediatamente ao norte, Lipetsk, a 350 km de Moscou, disse ter visto forças de Prigojin.
Houve sinais de pânico acerca do comboio, com cerca de 300 veículos, inclusive tanques modernos T-90S, sendo transportados em carretas. Retroescavadeiras foram usadas para destruir trechos da rodovia que liga o sul a Moscou, a M4, que para todos os efeitos havia sido fechada.
A Prefeitura de Moscou determinou feriado na segunda-feira (26) e recomendou aos cidadãos que não viajassem até lá. Medidas antiterrorismo foram aplicadas, com reforço do policiamento, embora o clima no geral da capital fosse de normalidade, segundo moradores disseram à Folha.
Não se via tal movimentação desde que o então presidente Boris Ieltsin lidou à bala com uma revolta parlamentar em 1993 e nas duas guerras de secessão da Tchetchênia, em 1994-1996 e 1999-2000.
"Ambições excessivas levaram à traição. É um golpe contra a Rússia e seu povo. Nossas ações para proteger a pátria-mãe serão duras", disse Putin, em rede nacional de TV. "Todos que entraram no caminho da traição, que prepararam uma rebelião armada, que adotaram chantagem e métodos terroristas sofrerão a punição inevitável."
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