O ritmo de perda dos novos tanques e blindados doados pelos Estados Unidos e seus aliados para a contraofensiva em curso da Ucrânia alarmou os estrategistas ocidentais. O Pentágono deverá anunciar nesta terça (13) um reforço no envio desse tipo de armamentos.
Apenas na primeira semana da ofensiva, iniciada no dia 4 deste mês, Kiev perdeu 14% dos mais avançados tanques que recebeu, o Leopard-2A6 alemão, e outros 14% dos veículos blindados de infantaria americanos Bradley.
Os dados são do site holandês de monitoramento Oryx, que só trabalha com imagens públicas e que podem ser georreferenciadas. Ou seja, o número pode ser bem maior que os três tanques e 16 blindados registrados até esta manhã.
Segundo o Pentágono informou a repórteres, o anúncio que deve ser feito nesta terça incluirá "algumas dezenas" de Bradley e do blindado sobre rodas Stryker, somando US$ 325 milhões (R$ 1,5 bilhão).
Por óbvio, numericamente as perdas não são altas, mas o ritmo preocupa os aliados de Kiev porque a contraofensiva ainda não chegou a um ponto de alta pressão. Por ora, os ucranianos estão testando diversos pontos da frente de 1.000 km defendida pelos russos em território ocupado, principalmente em Zaporíjia (Sul) e Donetsk (Leste).
Kiev ainda espera que os EUA transfiram os prometidos tanques pesados Abrams, mas isso é incerto - embora o Wall Street Journal tenha publicado reportagem dizendo que eles irão com munições de urânio empobrecido.
Enquanto isso, a Rússia, que segundo o Oryx perdeu o equivalente a 2/3 de sua frota de tanques modernos, aproveita para fazer propaganda. Na terça, o Ministério da Defesa divulgou imagens de soldados em torno de Leopard-2 e Bradley destruídos e abandonados, dizendo: "Esses são nossos troféus".
Cada lado segue dando sua versão, concordando apenas que os combates estão intensos. Os russos dizem que repeliram ataques ucranianos e o exército de blogueiros com conexões nas suas Forças Armadas diz agora que Kiev perdeu parte das conquistas marginais que teve nos últimos dias.
Já a Ucrânia diz que reforçou as posições nos sete vilarejos que tomou ao longo do fim de semana até a segunda-feira. A contraofensiva matou, segundo informações de analistas militares e o general russo Serguei Goriatchev em Donetsk. Ele é o quinto militar de tal patente a ser morto na guerra, e o primeiro neste ano, mas os detalhes sobre o incidente ainda são obscuros.
Mais aferível, contudo, foi o estrago feito pela Rússia no campo em que reina sozinha, a dos ataques aéreos de longa distância com mísseis de cruzeiro. Nada menos que sete bombardeiros pesados Tu-95MS voaram até o mar Cáspio para disparar uma barragem de 14 modelos Kh-101.
O alvo principal foi Krivvi Rih, cidade natal do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky. O saldo foi sangrento: ao menos quatro pessoas morreram em um prédio residencial atingido e outras sete, num depósito bombardeado. Os russos afirmam ter mirado alvos militares, e os ucranianos dizem ter derrubado 10 dos 14 mísseis.