O governo da Argentina anunciou no domingo (14) um pacote de medidas para tentar conter a inflação e estabilizar o peso frente ao dólar.
Em comunicado, o ministro da Economia, Sergio Massa, informou que aumentará a taxa básica de juros e o Banco Central da Argentina deve aumentar a sua intervenção no mercado de câmbio para valorizar o peso.
Segundo a agência Reuters e os jornais argentinos Clarín e La Nacíon, a taxa básica de juros subirá para de 91% para 97% ao ano. O governo não comunicou qual será o índice.
Se confirmado, será o segundo aumento do índice em menos de um mês. Em 27 de abril, a taxa subiu de 81% para 91%, maior patamar em 20 anos.
Ao mesmo tempo, o Banco Central da Argentina deve aumentar a sua intervenção no mercado de câmbio para estabilizar o peso. De acordo com as publicações argentinas, a medida visa atender solicitação do FMI (Fundo Monetário Internacional) e acelerar acordos com o órgão, com a China e com o Brasil.
O pacote foi definido após reuniões entre o ministro da Economia, Sergio Massa, e o presidente do Banco Central, Miguel Pesce.
Atualmente, a inflação argentina está em 109% no acumulado entre maio do ano passado e abril deste ano, maior taxa em 32 anos. Somente no mês passado, a inflação foi de 8,4%, o dobro do registrado em todo o último ano no Brasil (4,2%).
No comunicado, o ministro da Economia informou que outras medidas devem ser anunciadas durante a semana. Segundo os jornais Clarín e La Nacíon, o governo deve negociar com o banco dos Brics para facilitar a troca de moedas com o Brasil.
Massa ainda viajará a Pequim em 29 de maio para tentar trazer mais recursos ao país. Internamente, o governo argentino deve diminuir as taxas de juros do programa "Agora 12", com o objetivo de estimular o consumo de produtos nacionais.
De acordo com o jornal La Nacíon, haverá também aumento de "cashback" no cartão de débito em pagamentos feitos pela população mais vulnerável.
Na semana passada, Massa já havia anunciado aumentos nas aposentadorias, pensões e benefícios sociais após 90 dias, assim como no piso para o pagamento do imposto de renda.
Se há um ano tinham que declarar imposto os que ganhavam acima de 225 mil pesos argentinos, agora só terão que declarar os que ganham acima de 506 mil (o equivalente a cerca de US$ 1.100 ou R$ 5.600 na cotação paralela). O aumento é de 125%, portanto acima da inflação acumulada.
A Previdência e as bolsas dadas pelo governo às famílias de baixa renda também tiveram um incremento de 130%, acima da inflação no último ano -uma alta real de 7%, segundo Massa. Com isso, um aposentado argentino ganhará a partir de 121.407 pesos em junho (US$ 260 ou R$ 1.300).
Folhapress