O Papa Francisco afirmou que o governo da Argentina quis "cortar a sua cabeça" pela atuação que ele teve durante a ditadura no país. O pontífice disse que foi interrogado sobre a sua relação com dois colegas sequestrados por militares. "Os padres Ferenc Jálics e Orlando Yorio trabalhavam em um bairro popular. Jálics foi meu líder espiritual durante os primeiros dois anos de teologia. Tinha uma célula de guerrilha no bairro onde ele trabalhava, mas nenhum dos dois tinha nada a ver com eles. Eles eram pastores, e não políticos".
Segundo o Papa, esse interrogatório durou mais de quatro horas. "Não encontraram nada para acusá-los, mas eles ficaram nove meses na prisão, sofrendo ameaças e tortura. Eles foram liberados, mas essas coisas deixam ferimentos profundos."
Após a liberação do colega, surgiram rumores de que foi Francisco que entregou Jálics aos militares. "Ele veio até mim imediatamente e conversamos. Eu o aconselhei a ir para a casa de sua mãe nos Estados Unidos. A situação era muito confusa e incerta. Então surgiu a lenda de que seria eu que o entreguei para ser preso". As declarações foram dadas pelo Papa em entrevista à revista jesuíta La Civiltá Cattolica.
Folhapress