Assim como todo evento promovido pela monarquia inglesa, o mundo aguarda com ansiedade a coroação do novo rei da Inglaterra, Charles III, e da rainha consorte, Camilla, no próximo sábado (6), na Abadia de Westminster, em Londres. A expectativa sobre o reinado é grande não apenas entre os britânicos, já que a família real ocupa o imaginário popular. Historicamente, como príncipe, Charles defende a pauta ambiental, o que deve ser positivo para o Brasil e para o Fundo Amazônia.
Exemplo da sintonia entre as nações é o convite feito ao presidente Lula (PT) para participar do evento. “Mais do que ir à coroação, o que mostra o prestígio brasileiro dentro da Inglaterra, Lula se encontrará com o primeiro ministro, Rishi Sunak. Certamente, eles falarão sobre três assuntos: Guerra na Ucrânia, relações comerciais e Fundo Amazônia”, prevê João Jung, professor do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). O presidente brasileiro, aliás, tem defendido a realização da Conferência do Clima, a COP 30, em Belém, no Pará, em 2025.
O professor lembra momentos emblemáticos que ligam Charles à temática ambiental, como o encontro com tribos indígenas e fotos dele usando uma saia de grama. “Charles modifica os carros dele para que possam ser movidos com combustíveis não fósseis. Essa questão será prioritária em seus discursos e entrará no regime internacional do clima”, exemplifica Jung.
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João Gabriel Burmann, também professor de Relações Internacionais, mas da UniRitter, corrobora da opinião de que a principal pauta do novo rei será a sustentabilidade e a defesa pela Ciência. Embora Burmann não preveja um aporte do Reino Unido no Fundo Amazônia, ele aposta em uma alteração simbólica sobre a forma de abordar o assunto. “Ele chama muito para a questão do combate às mudanças climáticas. Essas pautas estarão mais presentes na linha de manifestações da coroa”, avalia.
Além da Inglaterra, no Reino Unido, Charles III terá poder sobre a Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales. O futuro desses países, inclusive, integrará o leque de desafios do monarca. Conforme o professor Burmann, a Irlanda do Norte e a Escócia defendem a separação da união política.
Como está a economia do Reino Unido
Desde a saída da União Europeia (UE) através do chamado Brexit, em 2020, o Reino Unido tem enfrentado uma de suas maiores crises. E, mesmo que não tome diretamente as decisões, sabe-se que a família real tem muita influência. João Gabriel Burmann, professor de Relações Internacionais da UniRitter, afirma que a rainha Elizabeth II teria apoiado o processo. Segundo ele, nas ruas de Londres, a população parece não ter aprovado o Brexit, mas ele não vê o retorno à UE como uma solução e nem como uma possibilidade.
Recentemente, o Reino Unido somou diversas mudanças no cargo de primeiro ministro. Desde 2019, passaram pela pasta o polêmico Boris Johnson, Liz Truss e agora Rishi Sunak.
João Jung, professor de Relações Internacionais da Pucrs, cita a crise ferroviária como um grande problema, pois o setor é capaz de parar o país. Além disso, entre as 10 maiores empresas britânicas, quatro delas não são envolvidas em questões ambientais, como Charles defende. A mais valiosa, por exemplo, é a refinadora de petróleo Shell.
As relações comerciais entre o Reino Unido e o Brasil também estão em marcha ré: atualmente, o Reino Unido ocupa a 20ª posição entre os parceiros com o Brasil.
Evento em Porto Alegre celebrará novo rei
Nesta quinta-feira, o Governo Britânico no Brasil fará uma celebração da coroação às 19h no British Club Porto Alegre. Estarão presentes autoridades do governo britânico no Brasil e do governo do Rio Grande do Sul e Porto Alegre, representantes do empresariado e agentes do ecossistema de inovação. O objetivo do encontro é, além de comemorar a coroação, estreitar as relações do Reino Unido com o Rio Grande do Sul.