A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, desembarca nesta terça-feira (2) em Brasília com a Guerra da Ucrânia no topo da lista de pautas, segundo uma autoridade do governo americano. A visita acontece duas semanas após as relações entre Brasil e Washington estremecerem em meio a declarações de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre um suposto interesse americano no conflito.
Thomas-Greenfield é a primeira autoridade do gabinete do presidente Joe Biden, núcleo mais próximo do democrata, a visitar o país depois que Serguei Lavrov esteve ao Brasil, no mês passado -o que fez subir ainda mais as tensões entre Washington e Brasília.
Na ocasião, a Folha ouviu de autoridades como John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, e Brian Nichols, responsável por Américas no Departamento de Estado, críticas sobre a visita do russo. Kirby foi além e disse que o Brasil fazia uma "repetição automática da propaganda russa e chinesa" e "profundamente problemática". Do lado brasileiro, o assessor internacional da Presidência, Celso Amorim, afirmou que o Brasil não era "obrigado a seguir todas as opiniões dos EUA".
Nos dias que se seguiram, autoridades americanas baixaram o tom, ainda que tenham mantido às críticas à fala de Lula, e Amorim aparou as arestas com Jake Sullivan, chefe do Conselho de Segurança Nacional.
Na mesma semana, Biden anunciou em conferência sobre clima que reuniu Lula que pretende doar US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia, a depender de aval do Congresso -cada vez mais difícil, porém, com deputados republicanos forçando redução de gastos do governo. Embora o timing tenha sido favorável para colocar panos quentes nos impasses, autoridades do governo afirmam que o valor vinha sendo discutido desde a visita de Lula à Casa Branca em fevereiro.
Na mesma semana, Biden anunciou em conferência sobre clima que reuniu Lula que pretende doar US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia, a depender de aval do Congresso -cada vez mais difícil, porém, com deputados republicanos forçando redução de gastos do governo. Embora o timing tenha sido favorável para colocar panos quentes nos impasses, autoridades do governo afirmam que o valor vinha sendo discutido desde a visita de Lula à Casa Branca em fevereiro.
Autoridades brasileiras avaliaram que as tensões entre os dois países foram passageiras e que as relações são mais fortes do que isso. Analistas americanos em Washington, por outro lado, afirmam que o governo brasileiro cruzou uma linha em um tema delicado para os americanos e que as declarações prejudicam pleitos do Brasil como a entrada no Conselho de Segurança da ONU.
É nesse contexto que Thomas-Greenfield chega ao Brasil. Nesta segunda (1), ela repetiu que o país ficou "desapontado" com as declarações de Lula, segundo o jornal O Globo, e ressaltou que o Brasil apoia a soberania e independência dos países, além da integridade das fronteiras na ONU.
Além do conflito em si, da responsabilização e da condenação da Rússia, a embaixadora deve discutir consequências da guerra, como a garantia da segurança alimentar, segundo o governo americano.
Outro assunto que deve ser abordado é a migração, que tem atingido números recordes na fronteira dos EUA com o México, e a segurança regional. Nesse ponto, a embaixadora deve discutir a possibilidade de o Brasil fazer parte de uma nova missão de paz no Haiti, como a Minustah. Em espiral de crises, a situação no Haiti se agravou desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse há quase dois anos.
Outro assunto que deve ser abordado é a migração, que tem atingido números recordes na fronteira dos EUA com o México, e a segurança regional. Nesse ponto, a embaixadora deve discutir a possibilidade de o Brasil fazer parte de uma nova missão de paz no Haiti, como a Minustah. Em espiral de crises, a situação no Haiti se agravou desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse há quase dois anos.
A viagem de três dias pelo Brasil incluirá ainda uma visita a Salvador, onde a embaixadora deve tratar de igualdade racial e se encontrar com representantes de entidades do movimento negro. Ela estará acompanhada da representante dos EUA para equidade racial e justiça, Desirée Cormier Smith.
Embora o centro de seu cargo esteja na ONU, o fato de Thomas-Greenfield fazer parte do gabinete presidencial faz com que viaje constantemente para outros países. Desde que assumiu o posto, ela já foi ao Japão, a africanos como Moçambique, Gana, Gabão e Quênia e, mais recentemente, ao Equador.
Folhapress