Onda de violência cresce em Israel, com bombardeios ao Líbano, Gaza e atentado na Cisjordânia

Por Agência Estado

This picture taken early on April 7, 2023 shows explosions in Khan Yunis in the southern Gaza Strip during Israeli air strikes on the Palestinian enclave. (Photo by YOUSEF MASOUD / AFP)
Israel voltou a bombardear o sul do Líbano e a Faixa de Gaza nesta sexta-feira (7), três dias depois de uma operação da polícia na Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, que aumentou a tensão entre o país, seus vizinhos e grupos militantes muçulmanos, como o Hamas e o Hezbollah. Na Cisjordânia, um palestino matou duas israelenses e deixou uma gravemente ferida em um atentado.

A onda de violência ocorre em meio a três feriados importantes das maiores regiões monoteístas dos planetas: a Páscoa, o Pessach (a Páscoa Judaica) e o Ramadã.

A crise detonada pela operação na mesquita ocorre uma semana depois de o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, desistir de pôr em votação uma reforma do sistema judicial que levou milhares de pessoas a protestar em Israel por enfraquecer a democracia do país. Netanyahu vinha enfrentado resistência dentro do Exército e de sua própria coalizão ao projeto de lei.

Pressionado dentro da coalizão de extrema direita ao retirar a votação, o premiê concordou em dar mais poder ao Ministro do Interior, Itamar Ben-Gvir, um ultranacionalista que supervisiona os serviços de segurança em Israel e defende uma menor autonomia do Judiciário no país.

Na Cisjordânia, dois homens armados abriram fogo contra um veículo com três mulheres israelenses. Duas morreram no local e uma foi levada para o hospital.

O veículo foi atacado na passagem de Hamra, ao norte do vale do rio Jordão, na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.

O Exército israelense afirmou que bloqueou as estradas na área e iniciou as operações para encontrar os terroristas que abriram fogo contra o veículo.

Ataques ao Líbano

A situação já estava tensa desde a quinta-feira (6), dia da Páscoa Judaica, quando militantes palestinos dispararam do Líbano cerca de 30 foguetes contra o norte de Israel, na maior escalada de violência na região desde a guerra de 2006.

Em resposta, as Forças Armadas de Israel bombardearam posições do Hezbollah no sul do Líbano no fim da noite e começo da madrugada desta sexta. Explosões atingiram a cidade de Tiro, perto de campos de refugiados palestinos. Ainda não há relatos de vítimas.

O Ministério de Relações Exteriores do Líbano prometeu apresentar uma queixa às Nações Unidas contra os ataques israelenses, considerados por Beirute uma violação da soberania libanesa.

Segundo a chancelaria, os bombardeios violam uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que encerrou uma guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah.

O major-general Aroldo Lázaro, comandante militar da missão de paz da ONU no Líbano, disse na sexta-feira que os bombardeios arriscam uma escalada grave no conflito. Ele afirmou que estava em contato com as autoridades libanesas e israelenses, ambas tentando evitar uma guerra.

Mobilização de tropas e ataques a Gaza

O Exército de Israel anunciou pela manhã o envio de brigadas de infantaria para o norte e o sul do país. O porta-voz Daniel Hagari acusou o Hamas pelos disparos no Líbano e também por foguetes lançados da Faixa de Gaza contra o sul de Israel.

No enclave palestino, houve ataques pontuais a túneis e locais de produção de armas do Hamas. Na cidade de Gaza, um hospital infantil também foi atingido pelas bombas israelenses, sem deixar vítimas.

"O ataque disseminou medo entre a equipe médica, os pacientes e seus familiares", disse o ministério da Saúde de Gaza, em nota. "Instituições de saúde estão protegidas pela Convenção de Genebra."

O Hamas condenou os ataques. "Israel será responsabilizado por uma agressão tão grave, disse o grupo em comunicado.

Netanyahu, por sua vez, também prometeu contra-atacar. "Golpearemos os nossos inimigos. Eles pagarão o preço por cada agressão", disse o premiê em nota.

Tensão religiosa em Jerusalém

Nesta sexta, dia sagrado de oração para os muçulmanos, a Mesquita de Al-Aqsa amanheceu lotada, com um forte esquema de segurança e sob forte tensão.

Na cidade velha de Jerusalém, a procissão cristã da Sexta-Feira Santa ocorreu sem maiores problemas e fiéis acenderam velas na Igreja do Santo Sepulcro.
Agência Estado, com agências internacionais