As manifestações que têm tomado as ruas da França não vão impedir a reforma da Previdência e outras mudanças políticas, afirmou o presidente Emmanuel Macron nesta quinta-feira. "Protestos são normais", disse ele, mas "nada justifica a violência em uma sociedade democrática".
O país europeu convive com uma série de greves e outras formas de manifestação desde janeiro, quando a primeira-ministra Elisabeth Borne apresentou um projeto com novas regras para a Previdência, que, entre outras medidas, aumenta a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos.
Na última terça-feira, os protestos reuniram em torno de 750 mil pessoas em cerca de 200 cidades, segundo o Ministério do Interior. Na quinta passada, havia cerca de 1 milhão nas ruas.
Nesta quinta, Macron foi recebido em Savines-le-Lac, nos Alpes, por dezenas de manifestantes indignados com as mudanças na aposentadoria. Um dos cartazes exibidos no protesto pedia a renúncia do presidente; em outro, lia-se: "Pegue sua aposentadoria, não a nossa". Segundo a mídia local, dois manifestantes foram presos.
Nos últimos dias, os protestos foram marcados pela presença de um grande efetivo policial, ação adotada depois da escalada de violência com incêndios e depredação nas manifestações da semana passada. Em Paris, grandes símbolos da cultura francesa, como a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e o Palácio de Versalhes, chegaram a ser fechados.
Os manifestantes se radicalizaram depois que Macron recorreu ao artigo 49.3 da Constituição para atropelar a Assembleia e aprovar a reforma sem a chancela parlamentar. O dispositivo constitucional, considerado pouco democrático, foi uma aposta do governo diante das incertezas sobre a votação, já que a iniciativa é crucial para a agenda reformista do presidente.
A agenda do presidente francês nesta quinta foi dedicada às propostas para outro setor. Ele apresentou um plano com 50 medidas destinadas a evitar uma crise hídrica neste verão e nos próximos anos, diante de secas cada vez mais frequentes. "Temos um recurso hídrico renovável que reduziu drasticamente", afirmou.
O país viveu um inverno particularmente seco, com um recorde de 32 dias sem chuva, o que impediu a reposição dos lençóis freáticos. "A mudança climática vai nos privar de 30% a 40% da água disponível em nosso país até 2050", ressaltou o francês.
O plano pretende economizar 10% da água até 2030 em diversos setores, como energia, indústria, turismo e agricultura. Entre outras medidas, cria um mecanismo para verificar o consumo em tempo real.
FOLHAPRESS