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Número de fumantes de cigarro cai nos EUA, e uso de maconha cresce
2022 foi o ano em que o norte-americanos menos fumaram, de acordo com levantamento do instituto Gallup
Ano novo, vida nova e, pelo menos em um aspecto, os norte-americanos têm conseguido cumprir as promessas típicas dessa época: diminuir o uso do cigarro. No alto da lista de resoluções para 2023, 20% dos habitantes nos Estados Unidos prometem tentar melhorar a saúde física e 10% citam parar com hábitos ruins, segundo pesquisa do instituto YouGov publicada na última semana do ano passado.
Meio caminho já está tomado, a depender do uso do cigarro, já que 2022 foi o ano em que o norte-americanos menos fumaram, de acordo com outro levantamento, do instituto Gallup: 11% relataram ter fumado alguma vez na semana anterior à pesquisa. É menos do que os 16% registrados em 2021 e o índice mais baixo da série histórica, que começa nos anos 1940. Além disso, 60% dos entrevistados fumantes afirmaram que gostariam de deixar o vício.
Mas, se o uso de tabaco vem caindo em todas as faixas etárias e grupos sociais, por outro lado o de maconha cresce e ultrapassou em 2022 o número de fumantes de cigarros comuns. Outra pesquisa Gallup, de agosto, apontou que 16% dos norte-americanos relataram fumar maconha - diferentemente do levantamento sobre o cigarro, porém, a pergunta questiona de forma mais genérica se o entrevistado usa a substância e não especifica se o fez na semana anterior.
Não há dados robustos que apontem, no entanto, que os norte-americanos estejam substituindo o tabaco pela maconha, segundo Paul Armentano, vice-diretor da Norml (Organização Nacional para a Reforma das Leis da Maconha). Ele defende que é provável que parte do aumento no uso de cannabis medido pelas pesquisas não seja porque a substância está de fato mais popular, mas esteja ligado ao fato de que hoje o uso é legal na maioria dos estados dos EUA.
"Em um ambiente no qual ela é mais aceitável culturalmente, e considerando que em muitas jurisdições o uso é legalizado, há certamente maior probabilidade de que as pessoas estejam mais confortáveis do que antes em admitir publicamente o uso da maconha", diz.
EUA tem 37 estados que de alguma forma permitem o uso de maconha
Desde que a Califórnia legalizou o uso medicinal, em 1996, abriu-se a porteira das regulações estaduais. Ao menos 37 estados e a capital atualmente têm autorizações para fins semelhantes. Em 2012, veio uma nova onda verde, quando Washington e Colorado legalizaram o uso recreativo, e hoje 21 estados, além da capital, também o permitem.
A legalização tem aprovação da ampla maioria dos norte-americanos, segundo pesquisa do instituto Pew de novembro, que apontou que 30% apoiam o uso medicinal da erva e 59% defendem tanto o medicinal quanto o recreativo - ainda que fumar a substância seja prejudicial, da mesma forma que o cigarro comum. É quase mais fácil comprar maconha do que álcool em uma série de regiões dos EUA. Em Washington, um panfleto com um cardápio de produtos pode chegar à caixa de correios anunciando taxa zero de entrega, em meio a uma chuva de "junk mail" com liquidações das lojas mais triviais.
Em Nova York, food trucks de maconha servem quem caminha por zonas movimentadas, ainda que de maneira irregular e se aproveitando de brechas da lei - vácuo que foi de certa forma resolvido às 16h20min de 29 de dezembro, quando se inaugurou a primeira loja oficial regulamentada pelo estado de venda da substância.
Ajudam na popularização da erva os altos números da lucrativa indústria da maconha, que movimentou US$ 10,8 milhões em 2021 e deve crescer a uma média de 15% por ano até 2030, segundo análise da consultoria Grand View Research. No mesmo ano retrasado, a título de comparação, a indústria do tabaco movimentou US$ 49,7 bilhões.
O presidente Joe Biden já afirmou que pretende avançar com uma legislação nacional para descriminalizar o uso da erva e, em outubro, perdoou condenados na Justiça Federal por posse da substância. Pela lei nacional, a posse é punível com até um ano de prisão e multa de US$ 1.000 (R$ 5.210,00) para a primeira condenação.
Cenário da maconha nos EUA
- 11% dosnorte-americanos relataram ter fumado ao menos uma vez na semana anterior à pesquisa, menor índice registrado pelo Gallup
- 16% admitem fumar maconha, em outro levantamento deste ano do mesmo instituto
- 89% são a favor da legalização da maconha, para fins medicinais ou recreativos
- 37 estados e a capital, Washington, permitem o uso medicinal da maconha
- 21 estados e a capital permitem o uso recreativo da substância
Fonte: Gallup