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França

- Publicada em 19 de Janeiro de 2023 às 15:28

Greve geral na França pressiona reforma da Previdência de Macron

Organizada por sindicatos franceses, greve levou milhares de pessoas às ruas

Organizada por sindicatos franceses, greve levou milhares de pessoas às ruas


Alain JOCARD/AFP/JC
Agência Estado
A França enfrenta nesta quinta-feira (19) a maior greve geral dos últimos 12 anos, convocada por centrais sindicais de diversas categorias em resposta à proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo de Emmanuel Macron, que pretende aumentar a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos. Mais de 1 milhão de manifestantes foram às ruas das principais cidades francesas.
A França enfrenta nesta quinta-feira (19) a maior greve geral dos últimos 12 anos, convocada por centrais sindicais de diversas categorias em resposta à proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo de Emmanuel Macron, que pretende aumentar a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos. Mais de 1 milhão de manifestantes foram às ruas das principais cidades francesas.
Líderes sindicais prometeram uma quinta-feira "infernal" para as autoridades, com a paralisação total ou parcial de uma série de serviços, incluindo alguns considerados essenciais. A expectativa é de que escolas, refinarias de petróleo, usinas de energia, aeroportos e estações de trem parem de funcionar ou sejam severamente interrompidas, enquanto mais de 200 atos foram convocados pelo país. 
A última grande mobilização do tipo ocorreu em 2010, quando o governo do conservador Nicolas Sarkozy também propôs uma mudança previdenciária. Na época, Sarkozy conseguiu aumentar a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos. "Hoje será um grande dia de manifestação. Quando todos os sindicatos estão de acordo, algo pouco comum, é porque o problema é muito grave", disse o secretário-geral do sindicato CGT, Philippe Martinez, em entrevista à rede Pública Sénat.
Reformar o sistema de Previdência da França é um objetivo antigo do presidente Emmanuel Macron, que suspendeu a tramitação de uma reforma anterior no começo de 2020 por causa do avanço da pandemia da Covid-19. Durante sua campanha de reeleição, no entanto, o novo sistema foi uma de suas principais propostas.
Mas depois de anos de crise, com os protestos sociais liderados pelos coletes amarelos, pandemia e inflação, o jornal Le Parisien aponta que a reforma representa um "teste decisivo" para Macron sobre seu mandato e sobre "a marca que deixará na história". O plano atual, apresentado pela primeira-ministra Élisabeth Borne no último dia 10, prevê além do aumento da idade mínima de aposentadoria, o aumento do tempo mínimo de contribuição para aposentadoria integral (de 42 para 43 anos). Há dispositivos diferenciados para quem começou a trabalhar antes dos 20 anos e para aqueles que interromperam suas carreiras por motivo de saúde ou pessoais - como no caso de mulheres que ficaram períodos sem trabalhar para cuidar dos filhos.
De acordo com uma pesquisa da Ipsos publicada na quarta-feira (18), embora 81% dos franceses considerem que algum tipo de reforma previdenciária seja necessária, 61% rejeitam o texto atual. Além disso, 58% dos entrevistados disseram apoiar o movimento grevista.
A rejeição ao projeto é tão grande que, além de conseguir reunir as centrais sindicais - que poucas vezes concordam entre si -, colocou de um mesmo lado partidos da extrema esquerda e da extrema direita francesa.
Marine Le Pen, líder da extrema direita, compartilhou nas redes sociais um vídeo em que questiona Borne sobre o projeto. "Senhora primeira-ministra, (você) considera sinceramente que é bom para o país propor uma reforma das pensões com vista a alterar a idade da aposentadoria à qual se opõem 70% dos franceses, fazendo-os pagar pelos insucessos das suas políticas?", escreveu Le Pen.
"O governo já perdeu a primeira batalha", disse o político de extrema esquerda Jean-Luc Mélenchon nesta quinta-feira. "Ninguém acredita no mérito dos argumentos apresentados".
O governo francês argumenta que além de revitalizar o sistema previdenciário do país, a idade mais alta para aposentadoria também permitiria aumentar o investimento público em áreas que atualmente são deficitárias. Os governistas citam dados da União Europeia para justificar a posição, afirmando que o país tem uma das idades mais baixas de aposentadoria entre os integrantes do bloco - na vizinha Alemanha, por exemplo, a idade atual é de 66 anos e deve aumentar em breve.
A França tem uma posição demográfica um pouco mais confortável que o resto do continente. Enquanto se estima que as pessoas com mais de 64 anos vão representar 36% da população no sul da Europa até 2050, a proporção deve chegar a apenas 28% na França naquele ano, de acordo com o Instituto Nacional Francês de Estudos Demográficos.
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