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Peruanos já tiveram seis presidentes em crise política que se arrasta desde 2016
Castillo venceu após prometer combater a corrupção, e contra uma adversária polêmica no país, Keiko Fujimori, filha de Alberto
Desde 2016, o Peru vive uma crise política caracterizada por embates entre a presidência e o Parlamento. Em 2019, o presidente Martín Vizcarra (2018-2020) dissolveu o Congresso e convocou eleições legislativas. Em 2020 o novo Legislativo afastou Vizcarra. O novo presidente, Manuel Merino, durou menos de uma semana e renunciou após passeatas que deixaram dois mortos e 200 feridos. Francisco Sagasti chegou ao poder e depois de nove meses entregou o cargo a Pedro Castillo, que foi eleito em eleições gerais. Agora, assume a vice-presidente Dina Boluarte.
Em 1992, o então presidente Alberto Fujimori também dissolveu o Parlamento. Permaneceu no cargo por mais oito anos até deixar o poder assolado por escândalos de corrupção na compra de parlamentares de outras bancadas. Fujimori está cumprindo uma sentença de 25 anos de prisão por sua responsabilidade no assassinato de 25 peruanos nos primeiros anos de seu governo, ele também é condenado por corrupção.
Castillo venceu após prometer combater a corrupção, e contra uma adversária polêmica no país, Keiko Fujimori, filha de Alberto. Mas desde que foi eleito por uma margem muito apertada, Castillo teve dificuldades para governar, especialmente com um Congresso de maioria opositora. Desde então, ele passou por quatro dissoluções do gabinete, três pedidos de impeachment - incluindo o votado ontem - e ao menos seis investigações pelo Ministério Público por corrupção. As tensões aumentaram nas última semanas, com o meio político temendo que ele poderia utilizar a cartada da dissolução do Congresso para evitar uma nova votação de impeachment.
Com o aumento da tensão política, Castillo pediu à Organização dos Estados Americanos que enviasse uma missão ao país. Após a visita ao Peru e uma série de entrevistas com atores políticos e representantes de instituições públicas, como o Ministério Público ou o Judiciário, o grupo da OEA apresentou um relatório no qual expressava sua preocupação com os sinais de desestabilização interna e apelava para as partes para iniciar um "diálogo inclusivo" e uma trégua política que assegure a governabilidade e mantenha a democracia.