Um módulo de pouso construído por uma empresa japonesa, que pode se tornar o primeiro objeto de alunissagem de caráter privado e japonês, decolou neste domingo (11) de Cabo Canaveral. O lançamento foi realizado por um foguete da SpaceX a partir da base norte-americana na Flórida, após dois adiamentos devido a verificações adicionais.
O módulo, construído pela startup Ispace com sede em Tóquio e transportando um veículo lunar fabricado pelos Emirados Árabes Unidos (EAU), decolou a bordo de um foguete Falcon 9 às 2h38min (4h38min de Brasília), segundo as imagens transmitidas ao vivo do lançamento. Até a data, apenas Estados Unidos, Rússia e China conseguiram pousar robôs na superfície da Lua, localizada a cerca de 400.000 km da Terra.
"Nossa primeira missão estabelecerá as bases para liberar o potencial da Lua e criar um sistema econômico sólido e vibrante", declarou o CEO da empresa, Takeshi Hakamada, em comunicado. A Ispace, que tem apenas cerca de 200 funcionários, pretende criar "um serviço de transporte frequente e de baixo custo para a Lua".
O módulo deve pousar na Lua por volta de abril de 2023, na face visível do satélite natural, na cratera Atlas, segundo a companhia. Com pouco mais de 2 por 2,5 metros de tamanho, o módulo transporta um veículo tipo rover de 10 quilos chamado Rashid e construído pelos Emirados Árabes Unidos.
O país do Golfo Pérsico é rico em petróleo e um recém-chegado à corrida espacial, mas conta com sucessos recentes. Entre eles está uma sonda enviada a Marte em 2020. Se for bem-sucedido, Rashid será a primeira missão à Lua do mundo árabe.
O vice-presidente dos Emirados e governante de Dubai, o xeque Mohammed bin Rashid al-Maktoum, comemorou o lançamento deste domingo como "parte do ambicioso programa espacial dos Emirados Árabes Unidos". "Nosso objetivo é transferir conhecimento, desenvolver nossas capacidades e deixar uma marca científica na história da humanidade", disse ele no Twitter.
O projeto Hakuto (coelho branco, em japonês) da Ispace foi um dos cinco finalistas na competição internacional Google Lunar XPrize, um desafio lançado com o objetivo de pousar um objeto explorador na Lua antes da data-limite em 2018, que terminou sem um ganhador. Mas alguns desses projetos ainda estão em curso.
Outro finalista, da organização israelense SpaceIL, fracassou em abril de 2019 ao tentar se transformar na primeira missão com fundos privados a conseguir essa façanha, depois de se chocar contra a superfície lunar enquanto tentava alunissar.
A empresa japonesa também quer contribuir com o programa Artemis da Nasa, cuja primeira missão não tripulada está em andamento. A agência espacial norte-americana pretende desenvolver a economia lunar construindo, nos próximos anos, uma estação espacial na órbita ao redor da Lua e uma base em sua superfície.
Ela concedeu contratos a várias empresas para desenvolver módulos de pouso para transportar experimentos científicos para a Lua. Entre elas, as norte-americanas Astrobotic e Intuitive Machines devem decolar em 2023, podendo chegar ao destino antes da Ispace por uma rota mais direta, segundo a imprensa especializada.