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Relações Internacionais

- Publicada em 21 de Agosto de 2022 às 10:33

Paraguai é o único país na América do Sul que reconhece Taiwan como território independente

Diplomacia entre Paraguai e Taiwan começou em 1957

Diplomacia entre Paraguai e Taiwan começou em 1957


NORBERTO DUARTE/AFP/JC
O governo chinês afirma que Taiwan é parte inalienável do território da República Popular da China - e a maior parte do mundo está com a China nessa, inclusive o Brasil. Mas o Paraguai é um dos poucos países que não segue essa linha, sendo o único da América do Sul que reconhece a ilha como um território independente.
O governo chinês afirma que Taiwan é parte inalienável do território da República Popular da China - e a maior parte do mundo está com a China nessa, inclusive o Brasil. Mas o Paraguai é um dos poucos países que não segue essa linha, sendo o único da América do Sul que reconhece a ilha como um território independente.
A diplomacia entre os dois países começou em 1957 e intensificou-se entre 1995 e 1997, quando o presidente de Taiwan na época, Lee Teng-hui, visitou o Paraguai para assinar diversos tratados: transporte aéreo, protocolo de facilitação comercial, convênio no setor agrícola, acordos de importação e exportação, entre outros. Foi aí que as capitais Taipé e Ciudad de Asunción firmaram o convênio Hermandad. Até 1999, existiam acordos formais que ajudavam na emigração de taiwaneses ao Paraguai.
Por isso, há uma grande concentração de taiwaneses no país vizinho, especialmente na Ciudad del Este. Segundo o geógrafo e historiador Anísio Leite, os paraguaios têm interesse em receber mercadorias de Taiwan. Enquanto o país asiático busca apoio entre as nações menores para conseguir reconhecimento internacional e chegar a organizações internacionais, como a das Nações Unidas. Firmar acordos comerciais e de cooperação torna o Paraguai um aliado importante de Taiwan.
Já o Brasil, por pertencer ao Brics (países emergentes aliados: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), mantém relações mais fortes com a China. Os chineses compram nossa soja, nós compramos produtos importados de lá com taxas alfandegárias baixas por conta desse acordo.
Os EUA, por sua vez, reconhecem Taiwan como parte da sua estratégia de estancar o crescimento chinês, o que faz com que as tensões militares estejam afloradas. Desde que a presidente da Câmara norte-americana, Nancy Pelosi, visitou a ilha, na semana passada, o medo de um novo conflito apareceu.

Entenda o conflito entre China e Taiwan

O conflito tem um caráter identitário, diz Giorgio Romano Schutte, professor de relações internacionais e economia da Universidade Federal do ABC (UFABC) e membro do Observatório da Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb). E, mais do que isso, parte de concepções distintas sobre identidade e a origem do nacionalismo.
Para entender, é preciso voltar ao século 19, quando os ingleses controlavam a China de forma rígida e violenta. Em 1911, Chiang Kai-shekque fundou o Partido Nacionalista na China, conhecido como Kuomintang, para combater a dinastia milenar Manchu, iniciando um processo de governo republicano.
Após a 2ª Guerra Mundial, em 1949, quando foi derrotado pelo Partido Comunista, de Mao Tsé-Tung, Chiang Kai-shekque não se conformou com o resultado e partiu para as Ilhas Formosas, cerca de 200 quilômetros da China, isolando-se e transformando a região na República da China, seu nome oficial. Apesar de chinesa, na década de 1990, a província começou a se afastar da China continental. Então, alguns grupos mais jovens começaram a tentar mudar o nome para República de Taiwan. Uma parte da população taiwanesa, que hoje conta com moeda, capital, bandeira e governantes próprios, já não se sente mais parte da China - e tem o reconhecimento de mais de 20 países, sendo um deles o Paraguai.
"O Partido Comunista da China quer a reunificação para completar seu processo de rejuvenescimento até 2049, mas há uma resistência por parte da população de Taiwan, que, ao longo das décadas, desenvolveu uma percepção de ser um país com características e uma razão de ser próprias", explica Schutte.
FOLHAPRESS
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