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Guerra na Ucrânia

- Publicada em 19 de Abril de 2022 às 09:14

Rússia quadruplica ataques e inicia avanço no leste da Ucrânia

A batalha em si começou com um amplo bombardeio de 315 alvos com mísseis na segunda-feira

A batalha em si começou com um amplo bombardeio de 315 alvos com mísseis na segunda-feira


YURIY DYACHYSHYN/AFP/JC
A Rússia confirmou nesta terça (19) ter iniciado a batalha pelo controle do leste da Ucrânia, o Donbass, e disse ter quadruplicado o número de alvos militares atingidos no país vizinho em relação à madrugada anterior.
A Rússia confirmou nesta terça (19) ter iniciado a batalha pelo controle do leste da Ucrânia, o Donbass, e disse ter quadruplicado o número de alvos militares atingidos no país vizinho em relação à madrugada anterior.
Suas forças estão bombardeando posições em toda a região nesta manhã, e pelo menos uma cidade pode ter sido tomada por soldados russos ao norte, iniciando o que sugere ser um movimento para contornar a antiga fronteira entre as áreas separatistas do Donbass e as controladas por Kiev, visando o cerco dos talvez 40 mil militares ucranianos na região.
A batalha em si começou com um amplo bombardeio de 315 alvos com mísseis na segunda (18), segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou em seu pronunciamento noturno. Nesta terça, o chanceler russo, Serguei Lavrov, rompeu o silêncio e disse em tom eufemístico que "outro estágio dessa operação está começando e estou certo de que será um momento especial" a uma TV da Índia.
Nesta manhã (madrugada no Brasil), o Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter atingido 1.260 alvos militares, quatro vezes mais do que na segunda, com mísseis e artilharia. Diferentemente da segunda, contudo, os ataques parecem concentrados nas porções leste e sul do país, regiões com grande controle russo.
A aviação tática, por sua vez, atacou 60 pontos, como lançadores de mísseis, e derrubou um caça MiG-29 ucraniano, segundo o relato, no Donbass. A área, que antes da guerra tinha cerca de 4 milhões de habitantes no lado pró-Rússia, é um dos motivos centrais do conflito para o governo de Vladimir Putin, ao lado da ideia de desmilitarizar a Ucrânia e impedi-la de aderir à Otan (aliança militar ocidental).
Mais importante, ao fim da manhã (início do dia no Brasil), emergiram relatos não totalmente confirmados de que os russos tomaram Kreminna, uma cidade pequena de 18 mil habitantes que fica ao norte de Severodonetsk.
Se confirmado, o movimento indica a tentativa de contornar a bem defendida linha de contato, a antiga fronteira nos oito anos de guerra civil entre rebeldes pró-Rússia e Kiev. Houve bombardeios em toda a região, particularmente Marinka, Slavianski e Kramatorsk.
Essa forças, no plano presumido de Moscou, devem se juntar a soldados vindos do sul. Lá, a queda de Mariupol, porto que foi transformado numa ruína após quase dois meses de cerco russo, é esperada para esta terça.
Foi o que anunciou o líder da república russa da Tchetchênia, Ramzan Kadirvov, aliado de Putin que tem forças na cidade. Moscou ofereceu um cessar-fogo para que os defensores remanescentes, entocados em um complexo metalúrgico, se rendam. Ofertou o mesmo para as Forças Armadas ucranianas como um todo, no que deverá ser ignorada.
Kiev pode ter suas tropas cercadas ou vê-las fugir, nas piores hipóteses. Mas também pode vencer, dado que estima-se que Moscou tenha em campo o dobro de atacantes (cerca de 80 mil homens) do que defensores: a teoria militar preconiza uma proporção de 3 para 1 para garantir uma vitória aos agressores.
Mas números e teoria são relativos, dependendo de qualidade de treinamento e do equipamento em solo. Um assessor de Zelenski, Oleksii Arestovitch, disse que "a ofensiva vai falhar simplesmente porque eles [os russos] não têm força suficiente".
Pode ser, mas essa foi a razão central do fracasso do ataque inicial de Moscou, dividido em muitas frentes sem concentração de poder de fogo --é de se especular se Putin cometeria o mesmo erro duas vezes. Arestovitch disse que os russos estão se movendo "de forma cautelosa".
De sua parte, a Ucrânia prepara a resistência e recebeu reforço blindado da Polônia e peças de artilharia americanas, uma escalada no nível de ajuda até aqui. Na segunda, o Pentágono disse que há blindados, helicópteros e obuseiros já nas fronteiras do país, prontos para entrar em ação, como parte de um pacote de US$ 800 milhões em apoio anunciado há algumas semanas pelo presidente Joe Biden.
Kiev sinaliza estar viva também. Nesta madrugada, segundo o governo da região russa de Belgorodo, os ucranianos bombardearam com artilharia um vilarejo perto da fronteira chamado Golovtchino. É o 12º incidente do tipo na guerra, e três pessoas ficaram feridas, diz o relato.
Para o ministro da Defesa russo, Serguei Choigu, "Washington e alguns países ocidentais querem prolongar a guerra" por motivos próprios. Foi sua primeira declaração em vários dias. Não há confirmação, mas boatos em Moscou sugerem que o ministro perdeu boa parte de seu status junto a Putin pelo desempenho inicial das forças russas.
A expectativa de analisas é de uma ação diferente agora, já que o Donbass tem cidades menores e mais campo aberto para manobras. Teoricamente, isso é uma vantagem para os russos, apesar da relativa posição numérica em campo.
Folhapress
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