O Ministério da Defesa da Rússia afirmou nesta quarta (13) que mais de 1.000 fuzileiros navais da Ucrânia, incluindo 162 oficiais, renderam-se na cidade portuária de Mariupol, um dos principais símbolos do conflito que se desenrola no Leste Europeu. A defesa ucraniana, por sua vez, nega ter informações sobre a rendição.
O porto de Mariupol, o principal do Mar de Azov, está em disputa há semanas, levando a cidade de 400 mil habitantes ao caos humanitário. Caso tomada pelos russos, esta seria a primeira grande cidade ucraniana a passar para o controle de Moscou desde o início da guerra.
De localização estratégia, ela representa para as tropas de Vladimir Putin a possibilidade de construir uma ponte terrestre entre a península da Crimeia, anexada em 2014, e a região do Donbass, onde estão as duas autoproclamadas repúblicas separatistas de maioria russa que Moscou reconheceu pouco antes de dar início à invasão --região onde, agora, as forças russas concentram seus efetivos.
A alegação da defesa russa não pôde ser confirmada de maneira independente. Jornalistas da agência de notícias Reuters no local relataram ter visto chamas na usina siderúrgica de Azovstal, criada na época soviética, também em Mariupol, na noite de terça (12).
Uma publicação na página oficial dos fuzileiros navais ucranianos feita na segunda (11) dizia que eles estavam praticamente sem munição e que se preparavam para a batalha final, mas o conteúdo foi depois desmentido por autoridades locais, segundo as quais a página havia sido hackeada anteriormente.
O governo de Mariupol afirma que cerca de 100 mil pessoas ainda aguardam para serem retiradas da cidade, alvo de intensos bombardeios. Mas nenhum corredor humanitário será aberto nesta quarta, informou a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Irina Verechchuk, em um aplicativo de mensagens.
Ela atribuiu a impossibilidade da retirada de civis às ações russas, que, seguiu, "violam as normas do direito internacional", tornando a situação perigosa para a população. A política afirma que em Zaporíjia, região central do país, tropas russas bloquearam a passagem de ônibus e, em Lugansk, no Donbass, violaram o cessar-fogo. "Os ocupantes não conseguem controlar de maneira efetiva seus homens", ela disse.
Imagens de satélite divulgadas pela empresa americana Maxar Technologies mostram centenas de veículos militares russos, incluindo tanques, blindados e artilharia, posicionando-se no leste ucraniano, em uma estrada perto da vila de Vilkhuvatka, nos arredores de Kharkiv. Ao longo das últimas semanas, os próprios russos afirmaram que concentrariam tropas na porção leste.
Em Kharkiv, ao menos sete pessoas teriam morrido e 22 teriam ficado feridas após bombardeios que o governador Oleh Sinegubov atribui a Moscou. Ele afirmou que uma criança de 2 anos estava entre as vítimas e que ao menos 53 ataques de artilharia foram realizados contra a cidade ao longo do dia.
Na frente diplomática, Kiev se prepara para receber a visita dos presidentes da Polônia e dos países bálticos --Lituânia, Letônia e Estônia--, que terão um encontro com seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski.
O líder lituano, Gitanas Nauseda, disse em uma mensagem no Twitter que o objetivo da visita era levar uma mensagem consistente de apoio político, mas também discutir maior assistência militar.
Enquanto isso, Kiev segue acusando Moscou de praticar crimes de guerra e usar armas proibidas ou, ao menos, criticadas em fóruns internacionais. Ao Parlamento da Estônia, Zelenski voltou a dizer que os russos têm usado munições de fósforo branco, tipo de arma similar às incendiárias, que causa graves ferimentos por queimar a carne humana profundamente.
"O Exército russo está usando todos os tipos de artilharia, mísseis e bombas, em especial as de fósforo, contra distritos residenciais e infraestrutura civil; isso é terrorismo contra a população civil", disse o ucraniano, que semanalmente tem discursado a parlamentares de diferentes nações na tentativa de angariar apoio internacional.