A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Irina Vereschuk, afirmou nesta quarta-feira (23), que conseguiu um acordo para tentar retirar civis presos em vilas e cidades ucranianas em conflito. Nove corredores humanitários devem ser implementados no país. Entretanto, as negociações com a Rússia não alcançaram um consenso para estabelecer um corredor seguro do centro de Mariupol, onde os conflitos da guerra são mais sangrentos.
O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, em seu discurso noturno nesta terça-feira (22), afirmou que os esforços para estabelecer os corredores humanitários para os moradores de Mariupol estão quase todos "frustrados pelos ocupantes russos, por bombardeio ou terror deliberado".
Segundo Zelenski, as forças russas apreenderam um comboio humanitário que estava em direção à cidade. Além disso, a vice-primeira-ministra Irina Vereshchuk disse que 11 motoristas de ônibus e quatro equipes de resgate estavam mantidos em cativeiro pelos russos junto com os veículos apreendidos.
Nesta quarta-feira, o chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) viajou a Moscou para discussões marcadas com autoridades estrangeiras e de defesa russas sobre prisioneiros de guerra, condução de hostilidades, entrega de ajuda e outras questões humanitárias. "A devastação causada pelo conflito nas últimas semanas, assim como os oito anos de conflito em Donbas, tem sido vasta", disse Peter Maurer, presidente da CICV.
Enquanto os corredores humanitários em Mariupol seguem indefinidos, os navios russos no Mar de Azov aumentaram o bombardeio à cidade, segundo um oficial de defesa dos Estados Unidos ouvido em anonimato pela Associated Press. "Em Mariupol não há conexão com o mundo. Não podíamos pedir ajuda', disse Julia Kritska, uma sobrevivente que conseguiu sair da cidade de trem até Lviv. "As pessoas nem sequer têm água lá".
A Ucrânia havia conseguido estabelecer corredores humanitários em Mariupol há algumas semanas, que permitiu a saída de cerca de 2 mil veículos particulares, mas o conflito entre os russos e os ucranianos aumentou na cidade nos últimos dias. No domingo (20), Moscou emitiu um ultimato: as forças ucranianas teriam que deixar a cidade sitiada de Mariupol ou enfrentar novos ataques e um "tribunal militar".
A Ucrânia rejeitou categoricamente a ordem de rendição da cidade, que é alvo de um bloqueio e de bombardeios russos por quase três semanas.
Se a Rússia capturar a cidade, Mariupol seria a primeira vitória estratégica de Moscou na guerra e ajudaria a liberar tropas para outros alvos russos, como tomar a capital, Kiev. Também daria à Rússia um corredor terrestre conectando territórios sob seu controle. (Com agências internacionais).