Kiev voltou a ser alvo de bombardeios russos nas primeiras horas desta quinta-feira (3) (entre a noite de quarta e a madrugada de quinta pelo horário de Brasília) quando sirenes voltaram a soar em diversas cidades pelo país, alertando sobre o risco de ataques aéreos.
Na região de Kharkiv, 34 civis morreram nas últimas 24 horas, segundo os serviços de emergência. As explosões que abriram o 8° dia de invasão russa à Ucrânia ocorrem horas antes de uma nova tentativa diplomática de se chegar a um cessar-fogo no país do Leste Europeu.
Militares ucranianos alegam que as tropas russas "não tiveram sucesso em quase todas as direções em que estavam avançando", de acordo com uma atualização operacional publicada na manhã desta quinta, e mencionada pelo jornal britânico The Guardian. O comunicado ucraniano ainda acrescenta que o bombardeio de bairros residenciais nas principais cidades continuou durante a noite, enquanto as tropas russas avançavam em direção aos arredores do norte de Kiev e a Mariupol, no sudeste do país.
Ao mesmo tempo, o Ministério da Defesa russo afirma estar avançando e tomando o controle de cidades em várias frentes do conflito, com apoio dos grupos pró-separatismo de Donetsk e Luhansk. O porta-voz do ministério, Igor Konashenkov, afirmou que milícias de Donbas apertam o cerco em torno da cidade de Mariupol. "As unidades das Forças Armadas da República Popular de Donetsk reforçaram o cerco em torno da cidade de Mariupol e tomaram as cidades de Vinográdnoye, Sartana e Vodianóye", disse.
Enquanto as autoridades russas confirmavam o avanço das tropas russas em direção a Mariupol, forças separatistas pró-Rússia da região de Donestk afirmaram que podem lançar ataques direcionados à cidade, caso as forças ucranianas neguem se render, disse a agência de notícias Interfax, citando o comandante de Donetsk, Eduard Basurin.
A Rússia e os separatistas dizem que cercaram a cidade de 430 mil habitantes localizada na costa do Mar de Azov.
A imprensa ucraniana também noticiou que alvos civis foram bombardeados na cidade de Sumi, no nordeste do país, na manhã desta quinta. De acordo com um comandante militar da região citado pelo The Kyiv Independent, um edifício da Sumy State University foi atingido pelo ataque de artilharia.
Mais cedo, ainda na noite de quarta, seis pessoas, entre elas duas crianças, morreram após um bombardeio na cidade ucraniana de Izium, na região de Kharkiv, segundo informou o vice-prefeito do município, Volodmir Matsokin. O ataque começou às 23h59, horário local (18h59 de Brasília) e atingiu um prédio de apartamentos de vários andares.
Apesar da troca de hostilidades por todo o país, delegações diplomáticas da Rússia e da Ucrânia devem se reunir nesta quinta-feira para uma segunda rodada de negociações sobre um possível cessar-fogo. A reunião, assim como a primeira, será realizada em Belarus - país usado como base para as incursões russas na Ucrânia.
O encontro vai acontecer na região de Brest, na fronteira belarussa com a Polônia e a Ucrânia, segundo o negociador russo Vladimir Medinski, que disse que as duas partes chegaram a acordo sobre a área, embora o local específico ainda não tenha sido definido.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse estar pronto para negociações. "Estamos abertos para a diplomacia, mas não estamos de forma alguma prontos para aceitar os ultimatos russos", disse. O objetivo é um cessar-fogo imediato.
A primeira rodada, realizada em 28 de fevereiro na cidade de Gomel, não teve acordo. Contudo, ambas as partes afirmaram que a reunião permitiu identificar alguns pontos para poder avançar.