O ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin traiu seu distintivo ao prensar seu joelho contra o pescoço de George Floyd durante uma abordagem em maio do ano passado, disse um promotor, na segunda-feira (29), na abertura do julgamento do ex-agente.
Os advogados de Chauvin, acusado de assassinato e homicídio culposo, quando há intenção de matar, responderam dizendo que o ex-oficial estava simplesmente seguindo o treinamento de seus 19 anos na força, mesmo reconhecendo que a prisão, registrada em vídeos de vários ângulos, era angustiante de assistir.
"O uso da força não é atraente, mas é um componente necessário do policiamento", disse Eric Nelson, o principal advogado de Chauvin, em sua declaração de abertura, referindo-se aos vídeos que mostram Floyd, um homem negro algemado de 46 anos, implorando por sua vida. A filmagem gerou protestos em todo o mundo contra o racismo e a violência policial.
Ele ainda afirmou que Floyd estava sob a influência de drogas ao ser detido e resistiu à prisão, pedindo ao júri que ignorasse a política e os movimentos sociais que rondam o caso. "Não existe nenhuma causa política ou social nesta sala", acrescentou. Os advogados de Chauvin argumentam que a principal causa da morte de Floyd, que o
perito do condado considerou um homicídio causado por contenção policial, foi uma overdose de drogas.
Nelson usou sua declaração de abertura de 25 minutos para descrever o uso de drogas de Floyd e seus problemas de saúde subjacentes. Ele havia pedido para que o julgamento fosse adiado e transferido para fora de Minneapolis após o governo da cidade anunciar, em 12 de março, que pagará US$ 27 milhões (R$ 150 milhões) à família de Floyd como indenização.
O promotor Jerry Blackwell, por sua vez, disse ao júri em seus argumentos iniciais que Chauvin não seguiu os procedimentos policiais ao continuar pressionando o corpo imóvel de Floyd contra o chão. "Ele colocou seus joelhos sobre o pescoço e as costas, machucando-o e esmagando-o, até que sua respiração - não, até que a própria vida - lhe fosse arrancada", disse.
A acusação alertou que o júri deve ignorar os argumentos da defesa de que a morte de Floyd foi causada por uma overdose de opiáceos. Blackwell disse que alguém com uma overdose ficaria inconsciente, e não "gritando por sua mãe".
Durante a transmissão, o advogado e os membros da família de Floyd se ajoelharam durante o tempo em que Chauvin pressionou o joelho sobre o pescoço dele no vídeo. "Nove minutos e 29 segundos. Esse foi o tempo que durou", disse Blackwell.
Chauvin e três outros policiais - Tou Thao, Thomas Lane e J. Alexander Kueng - estavam tentando prender Floyd sob suspeita de usar uma nota falsificada de US$ 20 (R$ 115,00) para comprar cigarros, uma contravenção que os promotores disseram que poderia ter sido tratada com uma intimação para comparecer ao tribunal em vez de uma prisão. Os outros três também enfrentam acusações em relação à morte de Floyd e serão julgados separadamente ao longo do ano.
Se condenado por assassinato em segundo grau, a acusação mais grave, Chauvin pode enfrentar até 40 anos de prisão. O veredito deve sair no final de abril ou início de maio.
No primeiro dia do julgamento, que está sendo televisionado, nem a defesa nem a acusação discutiram a raça do réu ou da vítima. O júri de 14 membros é racialmente misto: seis mulheres brancas, três homens negros, dois homens brancos e três mulheres negras. A sentença por qualquer uma das acusações contra Chauvin exigirá que o júri emita um veredito unânime.