A megaexplosão na região portuária de Beirute, capital do Líbano, na semana passada, mobilizou a comunidade libanesa no Rio Grande do Sul. Uma das medidas foi a reabertura física do Consulado Honorário do Líbano no Estado, que estava operando de forma remota, em função dos protocolos para evitar a disseminação do novo coronavírus.
Nesta semana, o posto diplomático em Porto Alegre (rua Doutor Flores, 263/conj. 1.004) voltou a funcionar no horário normal, das 8h30min às 12h30min e das 14h às 18h, para auxiliar os familiares residentes do Estado, que eventualmente possam ter vítimas na tragédia, bem como, orientar na mobilização de ações humanitárias.
O cônsul honorário do Líbano no Rio Grande do Sul, Ricardo Malcon, 70 anos, brasileiro, filho de pai e mãe, libaneses, informa que um canal permanente de comunicação para quem quiser ajudar é o site www.consuladohonorariolibanors.org.br. Malcon explica que o embaixador do Líbano no Brasil, Joseph Sayah coordena às ações no país para socorrer os libaneses.
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tragédia no Líbano, que matou centenas, feriu milhares e deixou mais de 300 mil pessoas desabrigadas, mobilizou muita gente no Brasil. Malcon, há 24 anos cônsul honorário, observa que, em solo brasileiro, incluindo descendentes, há “10 milhões de libaneses, mais do que a população total do Líbano, que é de 4 milhões”. A mobilização começou logo após a megaexplosão. Nesta entrevista ao
Jornal do Comércio, Malcon detalha as ações em curso.
Jornal do Comércio – Qual é o tamanho da comunidade libanesa no Rio Grande do Sul?
Ricardo Malcon – Temos famílias em todas as cidades do Rio Grande do Sul, com um foco muito importante em Pelotas, temos outro grupo importante em Passo Fundo. Depois, em Caxias do Sul. Temos uma comunidade enorme em Canoas e, também muito expressiva, na Fronteira, tanto no Chuí, quanto naquela região do Alegrete. Então, é uma comunidade importantíssima, formada por várias etnias, que convivem harmonicamente. Temos, inclusive, igreja libanesa aqui em Porto Alegre, e clubes: temos a Sociedade Libanesa de Porto Alegre, a Sociedade Libanesa de Pelotas e a Sociedade Libanesa em Santa Maria.
JC – E a comunidade do Rio Grande do Sul, tem contato e familiares no Líbano?
Malcon - Temos muitos libaneses aqui: família Kalil, família Kanaa, família Bothomé, família Malcon, família Cheuiche, a família Buchapki, Fadel, Selaimen, família Satt, muitas que têm parentes lá. Todo o libanês tem pelo menos, uma pessoa no Brasil, que é parente!
JC – E no Brasil?
Malcon - No Brasil, tem mais libaneses do que no Líbano! Tem 10 milhões de libaneses no Brasil (incluindo descendentes), a população total do Líbano é de 4 milhões, sendo que lá, temos, mais ou menos, uns 500 mil sírios, refugiados, e palestinos também.
JC – E a mobilização da comunidade libanesa para ajudar o país, após a megaexplosão em Beirute?
Malcon – Há milhares de feridos, mais de 200 mortes confirmadas, as remoções dos entulhos estão sendo feitas por equipes libanesas, estão chegando mantimentos da França, de países árabes para auxiliar.
JC – E o auxílio do Brasil?
Malcon – As ações estão sendo coordenadas pelo embaixador do Líbano no Brasil, Joseph Sayah. No site da Embaixada do Líbano (www.brasilia.mfa.gov.lb), há uma nota pedindo auxílio para as vítimas. E mandamos para todo o Rio Grande do Sul, em função do desastre, vamos abrir todos os dias o consulado. Estamos constituindo um grupo de trabalho, com grandes empresários gaúchos, que estão se mobilizando para angariar recursos para mandar para o Líbano, mantimentos.