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Internacional

- Publicada em 05 de Agosto de 2020 às 08:49

Saldo de mortos em explosão no Líbano passa de 135; há 5.000 feridos

Ações de busca e resgate na área atingida pela explosão na terça-feira ainda não cessaram

Ações de busca e resgate na área atingida pela explosão na terça-feira ainda não cessaram


JOSEPH EID/AFP/JC
Atualizada as 15h04min
Atualizada as 15h04min
Chega a 135 o número de mortos em decorrência da explosão que ocorreu nesta terça-feira (4) em Beirute, capital do Líbano, informou a Cruz Vermelha do país. Os feridos já somam mais de 5.000 pessoas, ainda de acordo com instituição, que divulgou um balanço nesta quarta (5).
"Nossas equipes ainda seguem realizando operações de busca e resgate nas áreas adjacentes (ao local da explosão)", disse o comunicado.
O saldo informado na véspera pelas autoridades libanesas dava conta de 78 mortes provocadas pela explosão na região portuária de Beirute. O número deve crescer ainda mais, dada a escala da destruição registrada.
"É como uma zona de guerra. Estou sem palavras", disse o prefeito da capital libanesa, Jamal Itani, à agência de notícias Reuters. "Esta é uma catástrofe para Beirute e para o Líbano."
Cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas após a explosão. A estimativa é do governador de Beirute, Marwan Abboud. Segundo ele, os danos se estenderam a mais da metade da área da capital libanesa e são estimados em US$ 3 bilhões (quase R$ 16 bilhões).
As buscas também seguem na água, já que a intensidade da explosão lançou muitas vítimas ao mar. De acordo com a Cruz Vermelha, muitos dos mortos eram funcionários do porto e da alfândega de Beirute.
A grande explosão que atingiu na tarde desta terça a capital libanesa, levantou bolas de fogo e colunas de fumaça gigantescas e afetou construções a quilômetros de distância.
Paredes de prédios foram destruídas, janelas quebraram, carros foram virados de cabeça para baixo e destroços bloquearam várias ruas, forçando feridos a caminhar em meio à fumaça até hospitais.
De acordo com o premiê do Líbano, Hassan Diab, o incidente foi causado por 2.750 toneladas de nitrato de amônio estocadas na região portuária há seis anos "sem medidas preventivas". "Isso é inaceitável e não podemos permanecer calados", disse Diab.
A substância é comumente usada como fertilizante, mas também na confecção de artefatos explosivos e pirotécnicos. De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, há risco de explosão se a substância entrar em contato com altas temperaturas, fogo, combustível ou alguma fonte de ignição, por exemplo.
A explosão em Beirute ocorre no pior momento da história recente do Líbano. O país atravessa uma crise econômica aguda e uma onda de protestos de rua em meio à pandemia de Covid-19.
O governo libanês decretou um dia de luto em todo o país nesta quarta-feira. O presidente Michel Aoun disse que determinou uma investigação para revelar as causas da explosão e punir os responsáveis o mais rapidamente possível.
Aoun também pediu à comunidade internacional que acelere o envio de assistência para ajudar o Líbano a lidar com a crise humanitária.
Diversos países já se comprometeram. A União Europeia ativou o Mecanismo de Proteção Civil do bloco, projetado para prestar assistência após desastres naturais.
Mais de cem bombeiros especializados em busca e resgate em contextos urbanos estavam sendo enviados com veículos, cães e equipamentos.
A UE também vai utilizar um sistema de mapeamento por satélite para ajudar as autoridades libanesas a avaliar a extensão dos danos.
O governo da França, antiga potência colonial que administrou o Líbano no início do século 20, disse que mandaria equipamento médico ainda nesta quarta-feira.
O gabinete do presidente Emmanuel Macron informou que o país enviaria dez médicos especializados em atendimentos de emergência, 55 agentes de segurança e 6 toneladas de equipamentos de saúde.
O governo francês anunciou ainda que o próprio Macron irá a Beirute nesta quinta-feira (6) para se encontrar com o presidente e o primeiro-ministro libaneses.
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, ofereceu condolências e apoio médico ao Líbano. De acordo com um comunicado no site do governo iraniano, Teerã está pronta para oferecer ajuda às vítimas. Rouhani também expressou esperança de que a causa da explosão seja descoberta e de que a calma seja restaurada em Beirute o mais rapidamente possível.
Irã e Líbano são adversários históricos, mas a dimensão da tragédia conteve as animosidades. Nesta terça, o Hizbullah, partido xiita ligado ao Irã, também deixou de lado as rivalidades e pediu união para enfrentar o que classificou como catástrofe.
A Fundação de Ajuda Humanitária da Turquia (IHH) anunciou apoio na busca de sobreviventes, escavando detritos para procurar pessoas soterradas e recuperar os corpos das vítimas. A mídia local transmitiu imagens de pessoas presas a escombros, algumas cobertas de sangue.
O IHH também mobilizou uma cozinha em um campo de refugiados palestinos para fornecer comida para os necessitados.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha disse, em uma rede social, que funcionários da embaixada alemã em Beirute estão entre os feridos. O país deve enviar uma equipe de resgate urbano composta por 47 profissionais especializados em buscas em destroços.
A Rússia informou que cinco aviões carregando equipamentos médicos, profissionais de saúde e um hospital de campanha estão a caminho da capital libanesa. Uma unidade de bombeiros, que inclui cinco cães de resgate, seus treinadores, e mais 30 profissionais também foi enviada pela República Tcheca.
Do Qatar, já foi enviado um avião militar e, segundo a agência de notícias estatal QNA, outros três aviões devem seguir para Beirute nesta quarta-feira, com equipamentos para a instalação de dois hospitais de campanha com 500 leitos cada um.
Uma equipe de busca e salvamento composta por 67 médicos, enfermeiros, bombeiros e policiais também foi enviada pela Holanda ao Líbano. A esposa do embaixador holandês no país ficou gravemente ferida e está internada em um hospital de Beirute.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FIRC) anunciaram o envio de 40 toneladas de suprimentos médicos à capital libanesa.
Os libaneses também correm o risco de viver uma crise alimentar. De acordo com o ministro da Economia, Raoul Nehme, a explosão destruiu o principal silo de grãos do país, deixando o Líbano com menos de um mês de reservas de trigo.
O ministro afirmou que há navios a caminho para cobrir as necessidades a longo prazo. O porto de Beirute, entretanto, era a principal porta de entrada para os alimentos importados.
"Tememos que haja um enorme problema na cadeia de suprimentos, a menos que haja um consenso internacional para nos salvar", disse Hani Bohsali, chefe do sindicato dos importadores.
Agências da ONU estão reunidas nesta quarta-feira para coordenar os esforços de socorro a Beirute, disse Tamara al-Rifai, porta-voz da agência palestina de refugiados.
"As pessoas são extremamente pobres, é cada vez mais difícil para qualquer um comprar comida e o fato de Beirute ser o maior porto do Líbano torna a situação muito ruim."
Segundo ela, o porto de Trípoli, a segunda maior cidade do país localizada a 85 km da capital, é a principal alternativa no momento, mas pode não ser capaz de atender as demandas dos libaneses.
Folhapress
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