"As máscaras ajudam todos a lembrarem que a pandemia não acabou", disse o premiê austríaco, Sebastian Kurz, ao anunciar que cobrir o rosto voltou a ser obrigatório, na última semana. O
alerta vem sendo repetido por vários governos europeus, depois que o início das férias de verão veio acompanhado de novos contágios por coronavírus.
Na Áustria, os novos casos passaram de 7/100 mil habitantes (na quinzena que terminou em 1º de julho) para 17 (na que se encerrou neste domingo), ainda bem abaixo dos 100 novos casos/100 mil registrados em abril. Mas o governo acendeu o alerta amarelo porque avalia que as pessoas estão baixando perigosamente a guarda.
O mesmo fenômeno - novos casos em alta, embora em níveis baixos - foi registrado na França - 15 casos quinzenais/100 mil habitantes neste domingo (26) -, na Bélgica - 25/100 mil - e na Espanha - 39,4/100 mil - e, nos três países, governos fizeram alertas ou apertaram medidas.
Dos 19 maiores países europeus analisados pela reportagem da Folhapress, 10 registraram aumento no número de novos casos desde o começo de julho, todos em nível bem inferior ao do pico de abril. Em todos eles, o índice de mortes se manteve baixo, já que os hospitais não estão mais sobrecarregados e o conhecimento sobre como tratar casos graves avançou.
Dos nove países restantes, oito mantiveram em julho infecções em baixa. A Polônia também manteve a curva, mas está num platô, sem registrar decréscimo.
Não se trata de uma segunda onda, afirmou em entrevista neste mês o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, mas de um fenômeno já esperado com a retomada da mobilidade. Como o vírus se transmite pelo contato das pessoas com gotículas de saliva infectada, quanto mais perto se fica de mais gente e por mais tempo, maior o risco de contágio. "O aparecimento de novos focos é esperado, mas pode ser controlado com medidas de higiene e capacidade de testar, tratar os doentes, rastrear os contatos e isolá-los", afirmou Ryan.
O Reino Unido, no entanto, decidiu implantar, neste domingo (26), uma quarentena obrigatória de 14 dias para todos os que voltarem da Espanha, independentemente de terem teste positivo para o coronavírus, o que causou revolta tanto de empresários e políticos espanhóis quanto de turistas britânicos.
No aeroporto de Barajas, em Madri, a britânica Emily Harrison criticou tanto a medida quanto o aviso feito em cima da hora, no sábado. "Tinha um casamento para ir e plano de visitar amigos e parentes. Vou ter que cancelar tudo", disse.
"Na verdade e situação na Espanha é mais segura que no Reino Unido. Estou muito frustrada", afirmou a turista britânica Carolyne Lansell, que embarcava para uma estadia de dez dias na ilha de Ibiza, no litoral leste espanhol.
De acordo com o relatório da OMS publicado neste domingo, Lansell tem razão: o Reino Unido está entre os nove dos 19 países que ainda apresentam transmissão comunitária, enquanto a Espanha faz parte do grupo de 10 que apresenta apenas clusters.
"Durante o verão e as férias, pode parecer artificial cumprimentar-se e conversar à distância, mas esse esforço individual é crucial para impedir que a epidemia se recupere e afete nossa liberdade", afirmou comunicado do Ministério.
Na Bélgica, o governo anunciou no sábado que vai antecipar para o começo da semana uma reunião para discutir novas restrições. Na quinta-feira, o centro de controle de Covid-19 já havia anunciado o uso obrigatório de máscaras em ruas comerciais e em todas as lojas, hotéis, cafés, bares e restaurantes, a não ser para quem estiver sentado nas mesas.