O presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou, nesta sexta-feira (3), Jean Castex como seu novo primeiro-ministro. Prefeito conservador da pequena cidade de Prades, no Sudoeste francês, o político de 55 anos tornou-se conhecido pelos franceses em abril, quando assumiu a coordenação da estratégia de reabertura do país na tentativa de se recuperar da crise provocada pelo novo coronavírus.
A missão rendeu a ele o apelido de "senhor desconfinamento". Autoridades do Palácio do Eliseu, residência oficial e sede da presidência francesa, atribuem a Castex o "sucesso do desconfinamento" da França.
O agora ex-premiê Édouard Philippe apresentou sua renúncia a Macron nesta sexta (3). Após discussões "calorosas e amigáveis", Macron e Philippe "concordaram sobre a necessidade de formar um novo governo para encarar uma nova etapa, um novo rumo", de acordo com assessores do presidente.
A mudança no gabinete era considerada iminente desde a derrota sofrida pelo partido de Macron, a República em Marcha (LREM), nas eleições municipais do último domingo (28). Marcadas por um índice de abstenção histórico, as votações consolidaram o avanço do Partido Verde, de oposição ao governo. O partido de Macron perdeu em quase todas as grandes cidades francesas.
O próprio Philippe venceu o pleito em seu reduto eleitoral, Le Havre, no Norte da França. Analistas políticos avaliam que o ex-premiê é mais popular que o presidente e pode emergir como rival de Macron nas próximas eleições presidenciais, em 2022.
O Executivo francês enfrenta um período complicado, com o movimento dos "coletes amarelos",
a greve contra a reforma da Previdência e o descontentamento dos profissionais da saúde. A reformulação do governo, iniciada pela nomeação de Castex, é uma tentativa de Macron de reinventar sua presidência e reconquistar os eleitores.
A gestão de Bruno Le Maire, ministro das Finanças, por exemplo, está sendo observada de perto diante da pressão de investidores franceses. O país enfrenta a mais profunda depressão econômica desde a Segunda Guerra Mundial, com queda da economia neste ano estimada em cerca de 11%.
Apesar de estar longe de ser uma figura política proeminente, o novo premiê conhece bem os bastidores do governo. Castex atuou como consultor de assuntos sociais do ex-presidente Nicolas Sarkozy e acabou se tornando um dos principais tecnocratas do governo.
"Ele é um alto funcionário público, completo e versátil, que se dedicará a reformar o Estado e conduzir um diálogo pacífico com os territórios", explicou o Palácio do Eliseu. Também foi chefe de gabinete do ministro da Saúde de Sarkozy, Xavier Bertand, e coordenou a estratégia da França para organizar as Olimpíadas de Paris, em 2024.
Como prefeito de Prades, teve avaliação positiva e conquistou a reeleição no domingo passado. Isso pode ajudar Macron a se reconectar com eleitores descontentes na França rural e suburbana.
O chefe de gabinete de Castex será Nicolas Revel, que é próximo a Macron. A nomeação, de acordo com opositores, mostra que o presidente deseja manter um controle firme sobre seu novo premiê. A composição completa do novo governo deverá ser revelada até quarta-feira (8), data prevista para a próxima reunião de gabinete.