Com o alastramento da pandemia de coronavírus, a União Europeia decidiu tomar uma medida drástica: vai proibir a entrada de todos os estrangeiros por, ao menos, 30 dias, como forma de combate à pandemia de coronavírus. A medida foi anunciada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na tarde desta segunda-feira, e engloba os 27 países da União Europeia (UE) mais quatro que fazem parte da zona Schengen (que inclui países que não são da UE, como Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein).
Exceções serão abertas apenas para cidadãos europeus, residentes e seus familiares diretos, profissionais de saúde ou de transporte, diplomatas, cientistas e trabalhadores em casos de emergência. "Para ser efetiva, a restrição deve ser acompanhada por todos os membros da zona Schengen", disse Ursula no anúncio da medida.
A Comissão Europeia espera, com isso, também aliviar as barreiras de tráfego entre os Estados-membros do bloco, que têm sido criticadas pela comissão.
Eric Mamer, porta-voz da presidente da Comissão Europeia, disse que longas filas de caminhões estão se formando nas estradas, o que impede que peças e insumos cheguem às fábricas e prejudica a produção inclusive de equipamentos de saúde. O transporte de alimentos e medicamentos também está sendo afetado.
Segundo o porta-voz, as medidas da comissão para as fronteiras têm como foco "proteger a saúde dos cidadãos, assegurar a disponibilidade de bens e serviços essenciais, e resguardar os direitos de quem precisa viajar". O problema fica ainda mais grave porque a produção é feita no sistema just in time, com estoques baixos, e qualquer falha na logística provoca grandes desequilíbrios na produção.
'Estamos em guerra', diz Macron, ao apertar restrições
Os franceses devem evitar ao máximo sair de casa por, pelo menos, duas semanas, apertando as restrições para combater o coronavírus. Haverá fiscalização, e infrações serão punidas, anunciou, nesta segunda-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron.
"Sabemos de bares, restaurantes e lojas que não cumpriram nossa orientação de não funcionar, como se a vida, afinal, não houvesse mudado. Eu lhes digo que não só vocês não estão se protegendo como também estão colocando em risco seus amigos", afirmou Macron em pronunciamento na TV.
"Estamos em guerra. E, quanto mais nos unirmos, mais rápido conseguiremos a vitória", afirmou o presidente. Segundo ele, se as pessoas não respeitarem as restrições, haverá caos no serviço de saúde.
Macron alertou que passeios e reuniões familiares não serão permitidas, e que as pessoas só devem fazer trajetos necessários fora de casa. O presidente também anunciou a suspensão da reforma da Previdência, que vinha provocando protestos no país desde o ano passado, e adiou o segundo turno das eleições municipais, que seriam no próximo fim de semana.
Reino Unido impõe autoisolamento a idosos
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, proibiu eventos públicos e recomendou que as pessoas saiam o mínimo possível de casa e adotem o trabalho remoto. Quem tiver sintomas de gripe deve ficar em autoisolamento por 14 dias, e idosos e doentes devem cumprir quarentena por quatro meses.
Não há prazos definidos para as restrições, que representam uma mudança de direção na abordagem britânica para combater o novo coronavírus, mas elas devem durar, no mínimo, um mês, segundo o principal conselheiro científico de Johnson, Patrick Valance.
Para garantir as medidas, o governo prepara legislação para aumentar seu poder de controle sobre as pessoas. Policiais poderão deter quem eles considerarem que está ameaçando outros de contágio e quem estiver se colocando em risco, sob pena de multa de mil libras (R$ 6 mil).
Desde a chegada do coronavírus ao país, Johnson vinha evitando medidas mais drásticas e seguindo a orientação de Valance, que defende que a população possa ser exposta ao vírus e desenvolver imunidade, o que deixaria o país mais seguro no longo prazo. A mudança de rumo do governo começou a aparecer na noite de domingo, quando o premiê admitiu a possibilidade de apertar as restrições à circulação e a aglomerações.
Um relatório do Public Health England obtido pelo Guardian diz que 80% dos britânicos podem contrair o vírus se a política britânica for mantida, com até 8 milhões de doentes necessitando de internação. "Se a taxa de mortalidade ficar em torno de 1%, como têm estimado especialistas, o Reino Unido pode chegar a 531 mortos", afirma o documento.