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Publicada em 26 de Abril de 2025 às 16:48

Carlos Dayrell, símbolo da luta ecológica, aposta na juventude para salvar o futuro das cidades

Dayrell segue fiel ao propósito de defender o meio ambiente como se defendesse a própria vida

Dayrell segue fiel ao propósito de defender o meio ambiente como se defendesse a própria vida

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Gabrieli Silva
Gabrieli Silva
Em 1975, em plena ditadura militar, um gesto inusitado de resistência ecoou pelas ruas de Porto Alegre e chegou a ganhar repercussão internacional: Carlos Dayrell, então estudante de Agronomia na UFRGS, ao lado de Marcos Sarasol e Tereza Jardim, subiu em uma árvore para impedir que ela fosse cortada. O ato, simples e corajoso, marcou o início de uma trajetória que faria dele um dos símbolos da militância ecológica no estado.Hoje, aos 70 anos, formado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (MG) e doutor em Desenvolvimento Social, Dayrell segue fiel ao propósito que o moveu naquela manhã: defender o meio ambiente como se defendesse a própria vida.Os anos se passaram e Porto Alegre, mais uma vez, assiste ao avanço do concreto sobre o verde. Para Carlos, não há dúvidas: crescimento urbano e preservação ambiental podem — e devem — caminhar juntos. A cidade já foi exemplo de arborização, recorda. O que falta hoje, afirma, é vontade política e compromisso real com as leis que deveriam protegê-la.Mesmo longe de Porto Alegre — atualmente vinculado ao Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental da Universidade Estadual de Montes Claros (MG) —, Carlos mantém o legado de uma militância que ajudou a construir. Atuante desde a fundação da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), uma das primeiras entidades ecológicas da América Latina, ele reconhece a força da mobilização na cidade. “Porto Alegre tem uma história de luta antiga e ativa. Mas o que me contam é que o poder público quase não escuta as propostas do movimento ecológico”, lamenta.A preocupação vai além das árvores perdidas. Para ele, plantar algumas mudas já não é suficiente: é preciso um plano real de reflorestamento urbano.Quando questionado sobre as formas de resistência mais eficazes, Carlos não hesita: “É com a juventude. Sem ela, não há futuro”. Para ele, mobilizar jovens e construir redes de ação direta é o caminho para enfrentar o descrédito intencional que mina a esperança coletiva. “A juventude é a nossa âncora. Não podemos esperar soluções apenas da tecnocracia. É preciso ocupar as ruas e reivindicar o que é nosso.”Aos jovens que hoje iniciam na militância ecológica, Carlos deixa uma mensagem que é, ao mesmo tempo, um chamado e um abraço: "A luta é longa. Mas é também a nossa única chance de garantir um futuro possível."
Em 1975, em plena ditadura militar, um gesto inusitado de resistência ecoou pelas ruas de Porto Alegre e chegou a ganhar repercussão internacional: Carlos Dayrell, então estudante de Agronomia na UFRGS, ao lado de Marcos Sarasol e Tereza Jardim, subiu em uma árvore para impedir que ela fosse cortada. O ato, simples e corajoso, marcou o início de uma trajetória que faria dele um dos símbolos da militância ecológica no estado.

Hoje, aos 70 anos, formado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (MG) e doutor em Desenvolvimento Social, Dayrell segue fiel ao propósito que o moveu naquela manhã: defender o meio ambiente como se defendesse a própria vida.

Os anos se passaram e Porto Alegre, mais uma vez, assiste ao avanço do concreto sobre o verde. Para Carlos, não há dúvidas: crescimento urbano e preservação ambiental podem — e devem — caminhar juntos. A cidade já foi exemplo de arborização, recorda. O que falta hoje, afirma, é vontade política e compromisso real com as leis que deveriam protegê-la.

Mesmo longe de Porto Alegre — atualmente vinculado ao Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental da Universidade Estadual de Montes Claros (MG) —, Carlos mantém o legado de uma militância que ajudou a construir. Atuante desde a fundação da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), uma das primeiras entidades ecológicas da América Latina, ele reconhece a força da mobilização na cidade. “Porto Alegre tem uma história de luta antiga e ativa. Mas o que me contam é que o poder público quase não escuta as propostas do movimento ecológico”, lamenta.

A preocupação vai além das árvores perdidas. Para ele, plantar algumas mudas já não é suficiente: é preciso um plano real de reflorestamento urbano.

Quando questionado sobre as formas de resistência mais eficazes, Carlos não hesita: “É com a juventude. Sem ela, não há futuro”. Para ele, mobilizar jovens e construir redes de ação direta é o caminho para enfrentar o descrédito intencional que mina a esperança coletiva. “A juventude é a nossa âncora. Não podemos esperar soluções apenas da tecnocracia. É preciso ocupar as ruas e reivindicar o que é nosso.”

Aos jovens que hoje iniciam na militância ecológica, Carlos deixa uma mensagem que é, ao mesmo tempo, um chamado e um abraço: "A luta é longa. Mas é também a nossa única chance de garantir um futuro possível."

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