Após a detenta Deise Moura dos Anjos - suspeita de envenenar e matar quatro pessoas da própria família com arsênio no final do ano passado - ter
tirado a própria vida na manhã desta quinta-feira (13), os advogados que representavam ela e a família relataram que a
Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba já tinha conhecimento da possibilidade, e o psicólogo responsável havia sido contatado.
A investigada, presa temporariamente, precisou ser transferida do Presídio Estadual Feminino de Torres para Guaíba, no dia 6 de fevereiro, devido a hostilidades com outras detentas. Desde então, estava em cela isolada.
Como
apurado pelo Jornal do Comércio, os servidores da penitenciária encontraram Deise ainda viva, prestaram os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência que, ao chegar no local, constatou o óbito.
Segundo os relatos da defesa, antes do acontecido, um advogado havia visitado Deise para formalizar o divórcio. O representante da defesa, Matheus Trindade, conta que quando Deise foi comunicada sobre o divórcio, expressou verbalmente a intenção de pôr fim à própria vida.
Após o término da conversa, o advogado que levou os papéis do divórcio informou a Polícia Penal e a família sobre o risco.
A família, por sua vez, teria contatado, às 14h11min de quarta-feira (12), o psicólogo que realiza os atendimentos da prisão. Segundo relatos, o profissional apenas visualizou a mensagem.
"Somente hoje, às 10h23min, após ter vazado o suicídio da Deise, é que a família recebeu uma ligação da Casa Prisional a respeito disso", conta Trindade. O advogado enfatizou que o psicólogo é o único, para 430 detentas e, portanto, não tem condição de realizar um acompanhamento individual.
Uma das questões levantadas pela defesa de Deise é o prévio conhecimento sobre a condição clínica dela. Desde o início do processo, o laudo médico não foi incorporado aos autos. "Esse requerimento foi feito na audiência de custódia, foi deferido pelo magistrado, todavia recebeu a defesa dois atendimentos nesse período, mas nunca foi juntado. Mesmo a defesa posteriormente à audiência de custódia requerendo novamente nos autos", explica Cassyus Pontes, que representava Deise.