Atualizada às 18h10min
A queda de um avião de pequeno porte particular na manhã desta sexta-feira (7), em São Paulo, ocasionou a morte do advogado gaúcho Márcio Carpena, 49 anos, segundo confirmação de uma de suas sócias e da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul (OAB-RS). De acordo com o Corpo de Bombeiros local, outra pessoa também faleceu no acidente (o piloto Gustavo Medeiros). Além disso, há registros de oito feridos.
Carpena saía de São Paulo em direção a Porto Alegre. Logo cedo desta sexta, ele postou um vídeo no Instagram de seu avião com a legenda "São Paulo > Porto Alegre". No dia anterior, ele publicou uma foto na Enel Distribuição, na capital paulista.
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Com atuação especializada na área contenciosa civil em Tribunais Regionais, Estaduais e Superiores, além dos Institutos de Mediação e Arbitragem, Carpena foi responsável pelos processos de recuperação judicial das lojas Paquetá e Multisom.
Ele tinha experiência nas áreas de direito societário, direito contratual e operações estruturadas. Professor na Faculdade de Direito da Pontifícia Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS (desde 2002) e na Escola da Magistratura (Ajuris). De 2003 a 2009, foi presidente da Academia Brasileira de Direito Processual Civil. Além disso, foi o primeiro colocado no Concurso Nacional Desembargador Bonorino Butelli realizado pela Ajuris – Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (1999).
Carpena foi autor das obras “Do Processo cautelar moderno” e coautor de “As Garantias do Cidadão no Processo Civil”, “Tendências constitucionais no Direito de Família”, “Visões críticas do processo civil”, “Execução civil: estudos em homenagem ao professor Humberto Theodoro Junior”, “Instrumentos de coerção e outros temas de Direito Processual Civil”. Assinou, ainda, artigos jurídicos publicados em revistas especializadas, tais como Revista Forense e Revista de Processo - RePro.
Por meio de nota, a PUCRS lamentou o acidente. "Carpena era professor licenciado da Escola de Direito da Universidade, desde 2009, quando entrou em licença para se dedicar ao escritório de advocacia. Como professor, atuou por oito anos (de 2001 a 2009) ministrando disciplinas como Processo Civil, Prática de Processo Civil e Direito Comercial. Neste momento doloroso, a PUCRS manifesta seu pesar e sua solidariedade à família e aos amigos".
O presidente da OAB-RS, Leonardo Lamachia, manifestou suas mais sinceras condolências aos entes queridos, amigos, alunos e colegas de Carpena. “Com muita tristeza, recebo a notícia do falecimento do colega Márcio Carpena, que desenvolveu uma grande trajetória na advocacia. Em nome da advocacia gaúcha, nossa solidariedade à família, amigos e demais colegas nesse momento de consternação”.
A Amcham Brasil salientou que Carpena era "um profissional dedicado e atuante, cuja trajetória marcou positivamente o ambiente empresarial gaúcho". E completa: "sua partida deixa uma lacuna irreparável entre colegas, amigos e familiares, a quem expressamos nossos mais sinceros sentimentos e solidariedade neste momento difícil".
No final da manhã, a assessoria de imprensa da Carpena Advogados informou que o advogado era o proprietário da aeronave e que lamenta o ocorrido. "Neste momento de consternação, estamos prestando todo o apoio necessário à família, aos amigos e aos sócios do escritório. Também estamos colaborando integralmente com as autoridades para o esclarecimento dos fatos".
A empresa de aviação Azul Linhas Aéreas, também lamentou o ocorrido. "A Azul lamenta o acidente ocorrido nesta manhã com uma aeronave particular, em São Paulo (SP). A Companhia se solidariza com os familiares do piloto do voo, Gustavo Carneiro Medeiros, que já fez parte do quadro de Tripulantes da Empresa, de 2011 a 2021, e das demais vítimas", diz o informe.
A atual Secretária Municipal de Transparência e Controladoria do município de Porto Alegre, Mônica Leal, manifestou, por nota, o pesar após o acidente. Mônica, que era amiga de Carpena, conta que ele sempre agiu com responsabilidade e amor à profissão. Ainda, deixa uma família na qual viveu um relacionamento estável e marcado pela cumplicidade. Leia a íntegra da nota, abaixo:
"Há pessoas que passam pela vida deixando um rastro de luz, e Gustavo Medeiros foi uma delas. Um ser humano extraordinário, de coração generoso, caráter íntegro e uma dedicação incansável àquilo que amava. Um profissional competente e apaixonado pelo que fazia, que conduzia sua trajetória com responsabilidade e amor pela aviação. Mas, acima de tudo, Gustavo era um homem de família. Um marido apaixonado, um pai presente e dedicado, um filho único que sempre teve nos pais seus maiores exemplos e sua fortaleza. O laço que os unia era forte, inquebrantável, feito de amor, respeito e profunda cumplicidade.
Sua partida deixa um vazio impossível de ser preenchido, uma dor imensurável para todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e conviver com ele. Mas também deixa um legado de amor, amizade e admiração, que jamais será apagado."
O que se sabe sobre o acidente
Segundo os Bombeiros, a aeronave decolou do Aeroporto Campo de Marte, na zona norte da capital paulista, às 7h15. Conforme informações, caiu logo em seguida, às 7h20, na região da Lapa, zona oeste. Com a queda, o veículo ficou completamente destruído e dois corpos foram carbonizados. O veículo era um King Air fabricado em 1981, com capacidade para até oito pessoas, e havia sido comprado em dezembro pela Máxima Inteligência Operações Estruturadas LTDA.
Outras pessoas ficaram feridas: um motociclista atingido por uma peça, uma mulher que estava dentro de um ônibus e cidadãos que estavam nas proximidades. Os dois foram levados para a UPA Vergueiro. A tenente Olívia Perrone, do Corpo de Bombeiros de São Paulo, informa que o incêndio já foi totalmente extinto.
Antes das 9h, as vítimas já haviam sido socorridas e os dois corpos carbonizados permaneciam no local para a perícia. “As viaturas do corpo de bombeiros ainda permanecem no local para preservação, então todo o local permanece isolado. Polícia militar, agência de trânsito estão no local também para poder balizar esse trânsito”, descreveu Olívia.
Ela destacou, ainda, que a equipe contou com o apoio de um helicóptero Águia, que sobrevoou a área logo após a queda. “O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que é o órgão da aeronáutica que vai fazer a perícia e investigar o acidente, está pelo local, já realizando a coleta, tirando foto, enfim, fazendo o trabalho da parte da investigação.”
Conforme a Força Aérea Brasileira (FAB), investigadores do Seripa IV (Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) foram acionados para realizar a investigação do acidente. De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o avião foi fabricado pela Beech Aircraft e era um turbohélice de dois motores para sete passageiros mais o piloto.