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Publicada em 06 de Fevereiro de 2025 às 19:55

"Nunca havíamos começado um ano tão preparados", avalia secretária da Educação do RS

Raquel Teixeira também se diz feliz pelo inicio antecipado do ano letivo

Raquel Teixeira também se diz feliz pelo inicio antecipado do ano letivo

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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar Repórter
A rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul inicia o ano letivo na próxima segunda-feira (10) enfrentando desafios e mudanças significativas. Este é o primeiro ciclo escolar completo após as enchentes de 2024 e a nova reforma no Ensino Médio, além da proibição do uso de celulares em sala de aula. Em entrevista ao Jornal do Comércio, a secretária de Educação, Raquel Teixeira, discute essas questões e esclarece o motivo do início antecipado das aulas. Ela destaca que, segundo a gestão, o ensino gaúcho nunca esteve tão preparado como neste inicio de ano.
A rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul inicia o ano letivo na próxima segunda-feira (10) enfrentando desafios e mudanças significativas. Este é o primeiro ciclo escolar completo após as enchentes de 2024 e a nova reforma no Ensino Médio, além da proibição do uso de celulares em sala de aula. Em entrevista ao Jornal do Comércio, a secretária de Educação, Raquel Teixeira, discute essas questões e esclarece o motivo do início antecipado das aulas. Ela destaca que, segundo a gestão, o ensino gaúcho nunca esteve tão preparado como neste inicio de ano.
Jornal do Comércio - O calendário letivo está começando mais cedo do que em outros anos. Essa decisão está relacionada à suspensão das aulas durante o período das enchentes?
Raquel Teixeira - Não. Na verdade, a maioria dos estados já iniciou as aulas. Apenas o Rio Grande do Sul, o Rio Grande do Norte e o Distrito Federal começarão no dia 10, mas ainda dentro do período adequado. Estamos corrigindo gradualmente um atraso histórico em relação a outras regiões, já que, tradicionalmente, iniciamos o ano letivo mais tarde, o que prejudica nossos alunos em avaliações nacionais, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Em 2025, por exemplo, se começássemos mais tarde, os estudantes de outras áreas do Brasil teriam um mês de aula a mais do que os gaúchos até a aplicação da prova em novembro.
JC - Como a Secretaria lidou e ainda está lidando com os impactos estruturais e pedagógicos nas escolas e áreas mais afetadas pelas cheias de maio do ano passado? Neste primeiro ano após o evento, é positiva a perspectiva?
Raquel - Após as enchentes, 1.099 escolas foram afetadas, sendo 601 com danos estruturais significativos. Mesmo assim, apesar dos desafios, estamos começando o ano letivo com 100% dos alunos tendo aula presencial. Atualmente, apenas 10 escolas entre as 2.330 que compõe a rede não estão operando em seus locais originais, o que considero um número muito baixo dado o impacto das enchentes. Então, estou bem confiante. Eu diria que, apesar de tudo, nós nunca começamos um ano tão bem estruturados.
JC - O que mais cria esse cenário otimista?
Raquel - Além dos investimentos em infraestrutura, como o Programa Agiliza, que destinou R$ 180 milhões para reparos nas escolas e a implementação de 237 novos laboratórios de ciências, a alocação de professores para todas as turmas, merenda para todos os alunos e a realização da jornada pedagógica em 100% das escolas também são fundamentais. Essas ações, junto ao apoio pedagógico e administrativo oferecido, contribuem para um ano letivo bem planejado e com boas expectativas.
JC - De que forma vocês têm trabalhado para minimizar a evasão escolar, especialmente após o impacto das enchentes?
Raquel - A evasão escolar sempre foi um grande desafio no Rio Grande do Sul, com índices históricos altos. Em 2019, antes da pandemia e das enchentes, já se perdia 35 alunos a cada 100 que ingressavam no primeiro ano do ensino fundamental. Para combater isso, implementamos programas como o "Todo Jovem na Escola", que teve grande sucesso, com 98% dos alunos que o receberam retornando este ano. Além disso, criamos o programa "Estudos de Aprendizagem Contínua", que realiza reforço escolar ao final de cada trimestre para garantir que o aluno tenha domínio do conteúdo antes de avançar para novas matérias, evitando lacunas no aprendizado.

JC - Como a Secretaria de Educação está se preparando para implementar a restrição do uso de celulares em salas de aula e como será feita a fiscalização?
Raquel - Elaboramos uma portaria de orientação para as escolas, deixando a critério de cada uma a melhor forma de implementação e fiscalização, considerando a realidade local. Sei de escolas que irão adotar o armazenamento dos celulares em armários; outras na mochila do aluno. A fiscalização, portanto, será adaptada às necessidades de cada local, que terá autonomia para escolher a abordagem mais eficiente. De todo modo, isso será muito importante para a aprendizagem.
JC - O Rio Grande do Sul irá reajustar o piso dos professores em breve? Como isso vai ser aplicado?

Raquel - Sim, haverá um reajuste de 6,27%, conforme determinado pela lei federal. Esse reajuste será aplicado a todos os níveis. No entanto, há uma exceção para os inativos, que sofrem uma redução gradual em benefícios e vantagens desde 2020. Esses profissionais podem não receber o reajuste completo, mas a grande maioria dos professores terá o aumento integral.
JC - Como o Estado está se preparando para a nova reforma do Ensino Médio, que terá outras diretrizes em 2026?

Raquel - O Estado já está implementando, a partir de 2025, o que seria obrigatório apenas em 2026 para a formação geral básica. No entanto, os itinerários formativos, que entram no segundo ano, só serão implementados em 2026, já que o MEC ainda não homologou as orientações. Para os alunos do segundo e terceiro ano, que seguirão o modelo antigo, foram feitas adaptações para oferecer mais aulas de formação geral básica, garantindo que eles possam fazer o Enem de acordo com o modelo atual e, assim, possamos evoluir sem prejudicar ninguém.
JC - Como a Secretaria de Educação avalia os índices de aprendizagem na rede estadual atualmente? Há preocupações?
Raquel - Apesar de crescermos em todos os indicadores de educação, os resultados ainda não são os esperados. Isso porque crescemos aquém do nosso potencial e enfrentamos desafios como reprovação, evasão e abandono escolar, o que reflete em um desempenho mediano no IDEB, por exemplo. Em 2025, com a prova do Saeb, todas as escolas já receberam metas para melhorar esses índices. Estou confiante, pois temos uma estrutura sólida, apoio pedagógico e professores empenhados para alcançar esse salto de qualidade e comemorar os avanços ao final do ano.

Comentários

1 comentários
AQ
ARI QUADROS - há 3 meses
Gostaria de lembrar à caríssima senhora Secretária que esqueceram de um grande mutirão de limpeza nas escolas do Estado para dar início ao ano letivo. Uma delas, por exemplo, fica ao lado de uma das Coordenadorias de Educação. Tudo muito triste.