Uma projeção do Centro de Meteorologia e Oceanografia dos Estados Unidos (NOAA), divulgada na última quinta-feira (9), atualizou as condições para a estabilização do La Niña, fenômeno que deve chegar ao Rio Grande do Sul no verão de 2025, mas com fraca intensidade.
Esperado desde o início de 2024, o fenômeno causou controvérsias entre especialistas. A confirmação ocorreu apenas na última semana já que temperaturas do Oceano Pacífico não estavam no limiar para que pudesse ser efetivado como La Niña.
A expectativa preocupava agricultores gaúchos pelo impacto direto na agricultura e na pecuária, já que o fenômeno é conhecido por causar períodos de seca, prejudicando o desenvolvimento das lavouras e reduzindo a produção de carne e leite na região.
O fenômeno climático La Niña, inverso do El Niño, tem origem natural e corresponde ao resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, com influência direta no clima dos continentes.
De acordo com o meteorologista da Climatempo Guilherme Borges, existia uma forte expectativa para a estabilização do fenômeno desde a metade de 2024 – com o prazo colocado cada vez mais para a frente. A variabilidade de temperatura no Pacífico, que define o fenômeno, não se mantinha no limiar determinado para confirmar sua definição (temperatura abaixo de -0,5°C no Pacífico, durante 3 meses).
La Niña e El Niño são caracterizados pela variação anormal de temperaturas no Oceano Pacífico
NOAA/Reprodução/JC
Segundo a NOAA, agora pode-se confirmar que o La Niña vem de fato. Com início em janeiro, permanece principalmente até final de fevereiro e início de março, e logo depois, inicia a transição para um período neutro. No entanto, seus impactos permanecem de fraca intensidade.
De acordo com Borges, no Rio Grande do Sul é esperado variabilidade nas chuvas, mas dentro da média prevista para a estação. Para a região Oeste e Leste do Estado, as temperaturas podem subir acima da média, mas ainda dentro da normalidade. “A chuva deve estar mais dentro da normalidade da estação, que geralmente é uma estação um tanto úmida, vemos uma propensão [para seca] sim, não podemos descartar, porque o fenômeno favorece chuvas irregulares no sul do Brasil – mas não vemos um sinal que isso vá prejudicar efetivamente a agricultura, o abastecimento na faixa sul brasileira.”
Quanto aos impactos no verão gaúcho, o meteorologista indica que o La Niña deve seguir a sua característica de trazer muitas frentes frias passando pelo sul do Brasil, trazendo uma condição ventosa, principalmente para quem está no Litoral. “Essa frequência de frentes frias causa uma diferença de temperatura, que leva à diferença de pressão, e que intensifica os ventos. Logo depois que elas passam, temos muita circulação do mar para o continente. Deixa ventoso, mas dentro da normalidade. Vai dar para o pessoal aproveitar - querendo ou não, em janeiro, fevereiro e março, faz muito calor no Rio Grande do Sul”, explica Borges.