"Um crime sem precedentes na história do Rio Grande do Sul." Foi como o secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, definiu o caso do envenenamento do bolo de Natal que resultou na morte de três pessoas na praia de Torres. Sobre Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar três pessoas, o delegado Fernando Antônio Sodré de Oliveira, chefe da Polícia Civil, disse que ela "não sairá da cadeia nesta vida". A Polícia Civil trabalha com uma outra linha de investigação, onde Deise teria cometido mais envenenamentos.
Caron e Oliveira participaram nesta sexta-feira (10) da entrevista coletiva na sede da Delegacia de Polícia Regional de Capão da Canoa, no Litoral Norte, sobre os desdobramentos do triplo homicídio, duplamente qualificado, e tripla tentativa de homicídio, duplamente qualificada, ocorridos em Torres. Segundo a Polícia Civil, Deise é suspeita de ter contaminado o sogro Paulo Luiz dos Anjos, morto em setembro. Peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP) apontaram a presença de arsênico no corpo, o mesmo químico encontrado nas vítimas que ingeriram a sobremesa no dia 23 de dezembro.
Deise está detida de forma temporária na Penitenciária Feminina de Torres. A sogra, Zeli Teresinha Silva dos Anjos, que preparou o bolo envenenado pela nora, teve alta do hospital nesta sexta-feira, segundo o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes. Ela estava internada desde o dia 23 de dezembro, quando consumiu o bolo junto com familiares. Já o delegado Cléber dos Santos Lima, chefe do Departamento de Polícia do Interior (DPI) da Polícia Civil, afirmou que Deise "com certeza pesquisou, comprou, recebeu pelos Correios e usou veneno para matar as vítimas".
Segundo a Polícia Civil, o sogro de Deise também ingeriu arsênico antes de morrer. A informação consta no laudo da perícia confirmado pelos policiais civis na entrevista coletiva desta sexta-feira. Paulo, 68 anos, morreu em setembro de 2024 após comer bananas e leite em pó que foram levados à casa dele por Deise. Na época, a morte foi registrada como complicações de uma infecção intestinal.
"Deise é suspeita porque ela pesquisou o veneno, a receita de veneno que fosse inodora, sem cheiro e sem gosto. Com base nas pesquisas, chegou a uma composição química que ela tentou montar. Percebemos isso através das compras nos sites. E, com essa combinação, ela começa a tentar envenenar familiares, chegando na morte do sogro", comentou a delegada Sabrina Deffente.
Segundo a delegada, Deise tentou convencer a família a cremar sogro após morte para encobrir o crime. Segundo a polícia, tentativa não teve sucesso porque faltou assinatura de um dos médicos. "Ela conseguiu encobrir a morte do sogro, até os envenenamentos em Torres", explicou a delegada.
De acordo com Sabrina, Deise é uma pessoa extremamente "manipuladora". Segundo mensagens obtidas pela Polícia Civil, a suspeita convenceu os familiares a não procurarem a fundo o motivo para a morte de Paulo. "Temos sérios indícios de que a Deise tenha realizado outros envenenamentos, que serão investigados também", afirmou a delegada.