Porto Alegre, qua, 23/04/25

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 09 de Janeiro de 2025 às 18:07

Caso de trabalho análogo à escravidão é registrado na Cidade Baixa, em Porto Alegre

Imigrante senegalês trabalhava de 10 a 12 horas e recebia R$ 50,00 por dia

Imigrante senegalês trabalhava de 10 a 12 horas e recebia R$ 50,00 por dia

THAYNÁ WEISSBACH/JC
Compartilhe:
Fabrine Bartz
Fabrine Bartz Repórter
O Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS) recebeu uma denúncia de trabalho análogo à escravidão, ocorrido no bairro Cidade Baixa. Nesta quinta-feira (9), um imigrante senegalês, chamado Abdul Diouf, precisou de atendimento médico devido às condições que se encontrava pelo trabalho no Estacionamento e Lavagem Lima e Silva. A denúncia partiu do vereador Giovani Culau (PCdoB), do Mandato Coletivo. “Recebemos a denúncia por meio das redes sociais e, imediatamente, devido à gravidade e pela preocupação que ela gera, encaminhamos ao MPT”, conta o vereador.
O Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS) recebeu uma denúncia de trabalho análogo à escravidão, ocorrido no bairro Cidade Baixa. Nesta quinta-feira (9), um imigrante senegalês, chamado Abdul Diouf, precisou de atendimento médico devido às condições que se encontrava pelo trabalho no Estacionamento e Lavagem Lima e Silva.

A denúncia partiu do vereador Giovani Culau (PCdoB), do Mandato Coletivo. “Recebemos a denúncia por meio das redes sociais e, imediatamente, devido à gravidade e pela preocupação que ela gera, encaminhamos ao MPT”, conta o vereador.
Em contrapartida, o dono do estabelecimento, Eduardo Oliveira, alega que trata-se de um “crime cibernético”. De acordo com ele, “a pessoa que fez o vídeo que circula nas redes sociais faz uma narração com inverdades”. Um Boletim de Ocorrência foi registrado por Oliveira também na tarde desta quinta-feira.

Segundo as informações preliminares, Abdul não foi encontrado após os atendimentos. As autoridades estão em contato com instituições de saúde para conseguir localizar a vítima e prestar atendimentos.
Conforme a denúncia, o trabalhador está sendo sujeito a condições de trabalho degradantes, incluindo ofensas como racismo e abusos psicológicos, além da pressão para almoçar no período de 15 minutos e trabalhar de 10 a 12 horas por dia com uma remuneração de R$50,00 diários. O material também menciona que o senegalês passa por situações de “constrangimento e humilhações cotidianamente”. Procurados, os responsáveis pelo estabelecimento não retornaram à reportagem.

No vídeo divulgado nas redes sociais durante o atendimento médico, o senegalês relata que “ele (o chefe) faz mal todo dia”. O dono do estabelecimento, no entanto, reforça que as informações narradas no vídeo são inverídicas. “Não existe uma denúncia, o que existe é crime cibernético desse ser humano que postou o vídeo nas redes sociais, que resulta em calúnia e difamação”, defende.

De acordo com Oliveira, Abdul teve comportamentos inadequados e, “por questões de segurança, foi necessário chamar a Brigada Militar”. Além do contrato no valor de R$ 70 por dia, o dono do estabelecimento também afirma que alugou um hotel para hospedagem do senegalês.
A denúncia também foi registrada pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Segundo a presidente da Comissão, a deputada Laura Sito (PT), “a dinâmica de trabalhos análogos à escravidão sempre está relacionada com uma certa normalização da precarização do trabalho”.
Ainda de acordo com ela, os elementos da jornada exaustiva, como direito de se alimentar, também compõem o “arcabouço das condições análogas”. A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia oficializou a denúncia tanto no MPT-RS, quanto na Polícia Civil e no Ministério do Trabalho e Emprego.
Em nota, o MPT informou que, com base na denúncia, foi autuada uma “Notícia de Fato”, procedimento que irá apurar o que foi relatado. O ofício já foi distribuído para um dos procuradores do trabalho no Rio Grande do Sul. O órgão também informou que o caso será averiguado. “Porém, devido ao estágio ainda precoce das investigações, não haverá, neste estágio da apuração, nenhuma manifestação do MPT, inclusive para não prejudicar os procedimentos investigativos”.

Notícias relacionadas

Comentários

0 comentários