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Publicada em 08 de Janeiro de 2025 às 19:31

Placas que indicam locais de repressão da ditadura militar em Porto Alegre são restauradas

Das nove referências, oito já foram restauradas em Porto Alegre

Das nove referências, oito já foram restauradas em Porto Alegre

Fabrine Bartz/Especial/JC
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Fabrine Bartz
Fabrine Bartz Repórter
Instaladas desde 2013, as placas do projeto Marcas da Memória, que indicam locais que serviram como centros de tortura e repressão em Porto Alegre durante a ditadura militar, passam pelo processo de restauração. Das nove placas instaladas na Capital, oito já foram revitalizadas. O projeto foi uma iniciativa do movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre. Nesta quarta-feira (8), duas novas placas foram recolocadas, uma na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) e outra no Presídio Central, segundo informou a secretaria de Cultura e Economia Criativa de Porto Alegre.
Instaladas desde 2013, as placas do projeto Marcas da Memória, que indicam locais que serviram como centros de tortura e repressão em Porto Alegre durante a ditadura militar, passam pelo processo de restauração. Das nove placas instaladas na Capital, oito já foram revitalizadas. O projeto foi uma iniciativa do movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre. 

Nesta quarta-feira (8), duas novas placas foram recolocadas, uma na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) e outra no Presídio Central, segundo informou a secretaria de Cultura e Economia Criativa de Porto Alegre.
As placas localizadas no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), o antigo Dopinho, localizado no bairro Floresta, e na avenida Bento Gonçalves em frente ao 18° Regimento de Infantaria, também já foram restauradas. Além de marcarem o espaço, as placas contam com frases de sobreviventes do período. Registro localizado no Cais da Vila Assunção também será restaurado. Além disso, uma nova placa será instalada na Praça Harald Edelstam, no Centro Histórico.
Outras quatro estruturas foram restauradas, localizadas no Presídio Feminino Madre Pelletier, no Colégio Estadual Paulo da Gama, no Palácio da Polícia e na Praça Raul Pilla, esta última localizada no Centro Histórico - local que recebeu o primeiro registro. Com o desgaste ao longo dos anos, as frases se tornaram inelegíveis.

“Realizamos um trabalho de profundidade, com muita pesquisa. Assinalamos nove locais, onde serviram como setor de repressão. Não quer dizer que houve tortura, mas geralmente sim”, reforça Jair Krischke, presidente do movimento de Justiça e Direitos Humanos. De acordo com ele, o projeto enfrenta dificuldades de manutenção.

A restauração das peças teve início a partir de um convênio assinado pelo então prefeito José Fortunati. “No término do convênio, já estávamos no governo Marchezan - que sequer nos recebeu para tratar da renovação”, diz Krischke.
De acordo com ele, “quando o prefeito Sebastião Melo (MDB) assumiu o primeiro mandato, pedimos uma audiência, mas não aconteceu. Solicitei intervenção do vereador Pedro Ruas (Psol), que conseguiu a audiência. Informamos que as placas existentes precisavam ser reconstruídas, mas nunca mais tivemos notícias”, conta.

A reportagem buscou a Secretaria de Cultura do município, que, por meio de nota, alegou que “o projeto segue em andamento pela prefeitura”.

A recolocação das placas, segundo Krischke, conta com o suporte do Ministério Público. Também em nota, o órgão esclareceu que “um acordo celebrado entre a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre e a moradora do casarão onde funcionou o antigo Dopinho garantiu a recolocação da placa”, ainda em abril de 2021. O acordo a garantiu a recolocação com as mesmas características da placa danificada, buscando preservar o patrimônio cultural e o direito à memória.
Já o governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, informou que "não recebeu nenhuma solicitação do projeto Marcas da Memória, com relação à revitalização das placas. Mas reitera que está à disposição para dialogar e avaliar demandas nesse sentido".
Onde estão as placas revitalizadas:
  • Praça Raul Pilla, local do antigo Quartel da Polícia do Exército.
  • Calçada em frente ao Colégio Paulo da Gama, local que serviu como Presídio Militar Especial.
  • Calçada em frente ao Palácio da Polícia, onde presos políticos foram abrigados durante o regime militar e no segundo andar, houve tortura e homicídios nas salas onde funcionaram o Departamento de Ordem Política e Social (Dops/RS).
  • Departamento de Ordem Política e Social (Dops) - Rua Santo Antônio, n° 600, onde funcionou o chamado Dopinho, primeiro centro clandestino de detenção do Cone Sul.
  • Avenida Bento Gonçalves, em frente ao número 4.592, onde existiu um local da prática de tortura no período de exceção.
  • Presídio Feminino Madre Pelletier, onde houve brutalidade física e emocional contra mulheres que faziam militância política.
  • Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), onde foram detidos mais de 300 presos políticos durante o período da ditadura.
  • Presídio Central, espaço para prisões, onde também ocorreram mortes e torturas.
(Fonte: governo do Rio Grande do Sul)

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