Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 23 de Dezembro de 2024 às 17:58

Conjunção de fatores teria levado à queda de aeronave em Gramado

Investigação do Cenipa é ferramenta importante para evitar novos acidentes em circunstâncias semelhantes

Investigação do Cenipa é ferramenta importante para evitar novos acidentes em circunstâncias semelhantes

Calvin Neruan / Secretaria da Segurança Pública do RS/Divulgação/JC
Compartilhe:
Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Apesar das condições climáticas adversas, com neblina e baixa visibilidade, outros fatores devem ter contribuído para o desastre aéreo que matou 10 pessoas da mesma família no domingo, em Gramado. A análise é do advogado, piloto e ex-gerente regional da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Roberto Barbosa de Carvalho Netto.
Apesar das condições climáticas adversas, com neblina e baixa visibilidade, outros fatores devem ter contribuído para o desastre aéreo que matou 10 pessoas da mesma família no domingo, em Gramado. A análise é do advogado, piloto e ex-gerente regional da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Roberto Barbosa de Carvalho Netto.
Em conversa com o Jornal do Comércio, ele lembrou que falhas mecânicas, humanas ou condições ambientais não causam, isoladamente, a queda de um avião, mas sim uma cadeia de fatores. Além do mais, o Piper Cheyenne 400 pilotado pelo empresário Luiz Cláudio Galeazzi é um modelo com recursos para decolar e ganhar altitude rapidamente, o que torna mais improvável o choque com uma chaminé e o telhado de uma casa praticamente na mesma altura do ponto de  decolagem a uma distância de mais de 2 mil metros em linha reta.
"Poderíamos pensar em falha mecânica. Não de motor, pois o avião tinha dois motores, que não falhariam simultaneamente. Uma pane, com perda de controle e orientação do piloto, talvez. Ou, ainda, um mal súbito, seriam hipóteses plausíveis. Mesmo nas condições climáticas em que ocorreu o evento, seria natural tirar o avião do chão, chegar a 2 mil pés de altitude e seguir viagem num voo por instrumentos até seu destino", ponderou Carvalho Netto, que também foi diretor do Departamento Aeroportuário do Rio Grande do Sul.
Embora ressalte que ainda há poucos elementos disponíveis para avaliar o caso, ele considera que a aeronave tenha perdido sustentação por conta de algum problema. E ressaltou que um piloto como a  experiência de Galeazzi, em princípio, saberia como contornar situações com o equipamento que caiu.
"Por isso as investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) são importantes. Não evitam o que já aconteceu, mas servem como ferramenta preventiva para que novos casos não ocorram pelos mesmos motivos", observou.
Outra hipótese, segundo o especialista, é a possibilidade de contaminação do combustível por água em razão da condensação. A situação seria incomum nessa época do ano, quando as temperaturas são mais altas. Mas a formação de nevoeiro é sinal que havia umidade e baixa temperatura.
"O padrão do check pré-voo é drenar o tanque (coletar uma pequena amostra de combustível) para verificar se tem água. Eventual esquecimento e contaminação podem levar a perda de potência em voo", finaliza.

Notícias relacionadas