Após mais de dois anos de intervenções, a revitalização do Viaduto Otávio Rocha — o popular Viaduto da Borges, no Centro Histórico de Porto Alegre — atingiu 80% de conclusão, de acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi). Com previsão de entrega para março de 2025, a obra, agora, concentra esforços nos acabamentos e nas etapas finais, vistas como fundamentais para garantir a funcionalidade e preservar a estrutura histórica.
Atualmente, quem passa pelo local, que completou 92 anos na última quarta-feira (4), se depara com tapumes, operários e o barulho constante das máquinas. Os pedestres que circulam pela avenida Borges de Medeiros precisam se deslocar pelo asfalto, desviando dos carros por meio de marcações. No entanto, de acordo com o chefe da Smoi, André Flores, grande parte das intervenções já foi concluída.
"Já finalizamos toda a questão das instalações hidrossanitárias e os sistemas elétricos, que era uma das partes vistas como mais difíceis. Agora, estamos avançando na colocação do revestimento cirex, que imita a textura do granito. Também já iniciamos acabamentos em frente às lojas", explica.
Uma das novidades da etapa atual das obras é a aplicação de hidrofugante, material que protege contra pichações e facilita a remoção com lava-jato. "Essa solução é essencial para preservar o patrimônio público e responder rapidamente a atos criminosos de vandalismo. É algo que combina proteção e eficiência na manutenção", afirma Flores.
Orçado inicialmente em R$ 13,7 milhões, o valor total das obras até o momento é de R$ 16,1 milhões. O cronograma sofreu atrasos devido às enchentes de maio, que impediram a entrega da obra prevista para o meio deste ano. Segundo o secretário, a chuva em si não foi o principal problema, mas sim as dificuldades logísticas causadas por ela.
"Os materiais não conseguiam chegar a Porto Alegre, e muitos trabalhadores ficaram indisponíveis, o que gerou uma paralisação de 30 dias. Depois, a retomada não é imediata, porque exige reorganizar o canteiro, recontratar equipes e refazer o planejamento operacional. Isso acabou impactando mais do que o tempo de interrupção em si", detalha.
Com o avanço das intervenções, as discussões agora se voltam para a ocupação dos espaços comerciais revitalizados. A negociação está sob a responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, que trabalha em um modelo de concessão com contrapartidas, como aluguel e manutenção dos locais. Segundo Flores, esse cuidado com a gestão é fundamental para garantir a funcionalidade do viaduto a longo prazo.
"Esse projeto não é apenas sobre restaurar um marco histórico, mas sobre integrá-lo de forma funcional à cidade. Espaços públicos como o Viaduto Otávio Rocha precisam ser bem cuidados para atender às demandas de mobilidade, acessibilidade e preservação", ressalta.
Além de revitalizar os elementos históricos e decorativos, como portas de madeira, janelas de ferro e as estátuas do vão central, o projeto também busca modernizar a estrutura. A expectativa é que algumas áreas possam ser liberadas para uso ainda nos primeiros meses do próximo ano.