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Publicada em 12 de Novembro de 2024 às 20:13

Ufrgs lidera expedição à Antártica com foco nas mudanças climáticas

Maior travessia antártica liderada pelo Brasil na história partirá no próximo dia 22 do Porto de Rio Grande

Maior travessia antártica liderada pelo Brasil na história partirá no próximo dia 22 do Porto de Rio Grande

Ufrgs/Divulgação/JC
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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar Repórter
Na reta final de um ano marcado por eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul, pesquisadores gaúchos partirão, no próximo dia 22, para a maior travessia antártica já liderada pelo Brasil em toda a história. A Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica, com saída do porto de Rio Grande, percorrerá mais de 20 mil quilômetros em aproximadamente dois meses. A missão busca, entre outros objetivos, estudar as mudanças climáticas e a influência do continente gelado no clima do Estado.
Na reta final de um ano marcado por eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul, pesquisadores gaúchos partirão, no próximo dia 22, para a maior travessia antártica já liderada pelo Brasil em toda a história. A Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica, com saída do porto de Rio Grande, percorrerá mais de 20 mil quilômetros em aproximadamente dois meses. A missão busca, entre outros objetivos, estudar as mudanças climáticas e a influência do continente gelado no clima do Estado.
A equipe, composta por 61 pesquisadores — dos quais 27 são brasileiros — navegará ao longo da costa da Antártica, chegando o mais próximo possível das frentes das geleiras. Liderado pelo pesquisador e explorador polar Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o grupo conta ainda com cientistas da Argentina, Chile, China, Índia, Peru e Rússia. A Universidade Federal do Rio Grande (Furg) será a outra representante gaúcha na empreitada.
Durante a expedição, estão previstas 16 paradas estratégicas para a coleta de amostras de gelo — os chamados testemunhos. Nessas paragens, serão realizados estudos biológicos, químicos e físicos, caracterizando a missão como uma investigação multidisciplinar de grande porte.
Um dos principais focos da expedição é analisar a estabilidade dinâmica do manto de gelo antártico, que cobre o continente com uma espessura média de 2 km. Para Simões, é fundamental entender como essa camada está reagindo às mudanças ambientais.
“Saber se a posição de flutuação do manto de gelo da Antártica é estável ou não é uma das grandes preocupações científicas atuais. Precisamos entender essa dinâmica. E, ao longo do percurso, faremos diversos levantamentos geofísicos, amostragens do fundo marinho e coleta de neve e gelo, para isso”, descreve.
Outro objetivo central é identificar a resposta do Oceano Austral — que circunda a Antártica — ao aquecimento global. “Esse oceano está entre as regiões que apresentam algumas das mais rápidas alterações ambientais, como o aumento da temperatura de sua superfície, maior acidez devido à absorção de dióxido de carbono e a redução da salinidade causada pelo derretimento do gelo do continente”, explica Simões.
Ele comenta, ainda, que essas mudanças impactam toda a cadeia alimentar, desde micro-organismos até aves marinhas e cetáceos, e que o grupo de biólogos da expedição buscará compreender como essas transformações influenciam a biodiversidade da região.
Para realizar a travessia e acessar o continente, a expedição utilizará o navio quebra-gelo científico Akademik Tryoshnikov, do Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica, de São Petersburgo, na Rússia. A missão contará também com um levantamento aéreo inédito das massas de gelo, monitorando o comportamento das geleiras diante das mudanças climáticas. O financiamento é 97% custeado pela fundação suíça Albédo pour la Cryosphère.
Ao final da jornada, o professor Jefferson Simões espera que os resultados da expedição proporcionem avanços significativos para a ciência climática. Entre as metas principais, destacam-se a elaboração de cenários mais precisos sobre o impacto das mudanças climáticas na sociedade, contribuindo para previsões meteorológicas mais eficazes e para projeções de aumento do nível do mar ao longo dos próximos 100 anos.
 

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