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Publicada em 31 de Outubro de 2024 às 17:26

MPRS e Cremers investigam médicos de Parobé indiciados por morte de bebê

Inquérito da Polícia Civil aponta que trata-se de um erro médico e negligência

Inquérito da Polícia Civil aponta que trata-se de um erro médico e negligência

Facebook/Hospital São Francisco de Assis/Reprodução/JC
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Fabrine Bartz
Fabrine Bartz Repórter
“Bem..nem tanto, nem sei se um dia estarei”, disse a moradora de Taquara, Bruna Gabriele Pinheiro, que busca justiça pela morte do filho Benjamin Samuel Pinheiro Bellotto. A criança faleceu antes de completar dois meses de vida, devido a uma pneumonia seguida de insuficiência respiratória. No entanto, a investigação realizada pela Polícia Civil apontou erro médico e negligência. Ben, como era chamado carinhosamente, faleceu no dia 10 de abril em Parobé, no Vale do Paranhana. A família recorreu ao município vizinho, na tentativa de encontrar recursos para salvar a vida do bebê, e foi atendida no Hospital São Francisco de Assis. Segundo o delegado Francisco Leitão, da delegacia de Parobé, os profissionais, que não tiveram os nomes divulgados, foram indiciados ainda em agosto, por homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar.
“Bem..nem tanto, nem sei se um dia estarei”, disse a moradora de Taquara, Bruna Gabriele Pinheiro, que busca justiça pela morte do filho Benjamin Samuel Pinheiro Bellotto. A criança faleceu antes de completar dois meses de vida, devido a uma pneumonia seguida de insuficiência respiratória. No entanto, a investigação realizada pela Polícia Civil apontou erro médico e negligência.

Ben, como era chamado carinhosamente, faleceu no dia 10 de abril em Parobé, no Vale do Paranhana. A família recorreu ao município vizinho, na tentativa de encontrar recursos para salvar a vida do bebê, e foi atendida no Hospital São Francisco de Assis. Segundo o delegado Francisco Leitão, da delegacia de Parobé, os profissionais, que não tiveram os nomes divulgados, foram indiciados ainda em agosto, por homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar.
Agora, o Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) e o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS) investigam os dois médicos envolvidos. Benjamin nasceu em 11 de fevereiro deste ano e até 8 de abril não apresentava problemas de saúde.
Durante o dia, Bruna notou que o bebê estava com dificuldades para respirar e levou ele ao posto de saúde de Taquara. “Ele passou por avaliações, tomou medicação e fomos liberados apenas quando Benjamin estava bem”.

De acordo com Bruna, o município não apresentava internação pediátrica e a recomendação foi justamente buscar Parobé, em caso de piora. “Durante a madrugada, Ben acordou e percebi que ele estava afundando as costelas, com muita falta de ar e uma tosse forte. Imediatamente fui para Parobé, chegamos perto das 4 horas”.
A recepção do Hospital São Francisco de Assis informou que Benjamin deveria passar pela avaliação do médico clínico. “Se ele achasse viável, chamaria o pediatra”, completa Bruna, que, na sequência, passou pela triagem. “Lá, nos informaram que não era possível pegar a saturação dele, que estava com bastante roupa, mas gelado e pálido”.

O primeiro médico que avaliou Benjamin, um clínico geral, afirmou que o quadro não era preocupante e não foram solicitados exames para investigar o estado da criança, segundo o relato da mãe. Insatisfeita com a resposta, Bruna argumentou que o bebê apresentava piora e o município de origem não possuía internação. Ambos foram direcionados para uma sala de observação. “Não tinha ninguém na sala, estávamos sozinhos”.

Ao longo da madrugada, quatro enfermeiros passaram pela sala enquanto o quadro de Ben piorava. “Eles olhavam, mas não faziam nada, porque ele ganharia alta no dia seguinte. Às 7h houve troca de plantão, o clínico foi embora e avisou o pediatra de plantão que uma criança precisava ser olhada, mas ele não verificou”. Com a troca de profissionais, o novo pediatra considerou o caso emergencial e encaminhou o menino para a sala vermelha, “ele ficou indignado”, conta Bruna, em meio às lágrimas.

O pediatra da manhã contou à mãe que os sintomas do bebê eram característicos de Covid-19 ou vírus sincicial respiratório (VSR), pois os casos cresceram na região. “Ele fez tudo o que podia, usou todos os recursos, colocou uma equipe inteira a nossa disposição, como não fizeram isso antes?”, questiona a mãe do pequeno Benjamin.

O menino foi encaminhado para o hospital de Venâncio Aires, onde, segundo a mãe, recebeu toda a atenção necessária. Mas, no dia seguinte à transferência, Benjamin não resistiu e faleceu.

Cremers abre sindicância sobre o caso

Após a coleta de todos os depoimentos e provas cabíveis, a Polícia Civil de Parobé verificou que um dos médicos que atendeu a vítima, atuante como pediatra no Hospital de Parobé, não possui especialidade no Conselho Regional de Medicina (Cremers). Os dois médicos foram indiciados por homicídio culposo.

Conforme o presidente do Cremers, Eduardo Trindade, “como órgão judicante, o Cremers vai investigar o fato, abrimos uma sindicância e não é possível anteciparmos um julgamento”. A sindicância deve ser concluída no prazo de 90 dias, podendo ser prorrogado por mais 90. O caso tramita em segredo de justiça.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul confirmou, em nota, que o caso está sob análise. Procurada pela reportagem, a assessoria do Hospital São Francisco de Assis alegou que não estão concedendo entrevista sobre o caso. “Estamos auxiliando as autoridades competentes na investigação a fim de esclarecer o que aconteceu de fato e também permanecemos à disposição da família”, afirmou o hospital, em nota.

A reportagem não localizou a defesa dos médicos e não recebeu retorno do Hospital de Venâncio Aires até a publicação deste material.

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