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Publicada em 23 de Outubro de 2024 às 19:39

'Nunca vi resistência tão feroz', diz policial sobre tragédia em Novo Hamburgo

Homem não cedeu a nenhuma das tentativas de conversas e negociações, respondendo com muitos tiros

Homem não cedeu a nenhuma das tentativas de conversas e negociações, respondendo com muitos tiros

Jonathan HECKLER/AGENCIA RBS/AFP/JC
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Agência Estado
O combate com um atirador, que deixou três mortos e nove feridos entre a madrugada e a manhã desta quarta-feira (23) em Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, foi relatado pelos policiais que atuaram na ocorrência como atípico por conta da resistência e dos ataques do homem - o caminhoneiro Edson Fernando Crippa, de 45 anos.
O combate com um atirador, que deixou três mortos e nove feridos entre a madrugada e a manhã desta quarta-feira (23) em Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, foi relatado pelos policiais que atuaram na ocorrência como atípico por conta da resistência e dos ataques do homem - o caminhoneiro Edson Fernando Crippa, de 45 anos.
"Tenho 34 anos de Brigada Militar e até hoje não vi uma ocorrência com resistência tão feroz de um atirador, municiado com centenas de estoques. Ele deu mais de 100 tiros, além das centenas de munições intactas apreendidas na residência. A ocorrência toda foi extremamente complexa, diante da resistência dele, mas em especial a retirada das pessoas. É uma ocorrência muito diferente", relatou o comandante Claudio Feoli, comandante-geral da Brigada Militar.
A polícia foi acionada no caso pelo 190 para uma ocorrência de violência familiar. O pai do atirador informou um desentendimento. Ao chegar na casa e registrar a ocorrência, Crippa reagiu disparando contra a Brigada Militar, relatam as autoridades policias.
Segundo os policiais, o atirador não cedia a nenhuma das tentativas de conversas e negociações, respondendo com muitos tiros. Foram mais de cem disparos.
Ainda de acordo com a Brigada, além da resistência, Crippa possuía diversas armas e munições no interior do imóvel. "É um cenário de guerra. Ele tinha farta munição", classificou o chefe da Polícia Civil gaúcha, o delegado Fernando Sodré.
Foram feitas três aproximações por parte dos brigadianos - na primeira, foram resgatados os agentes feridos; na segunda, o policial Éverton Kirsch Júnior, já morto, com um disparo na cabeça; e na terceira, foi possível resgatar os familiares. 
Crippa pertencia ao grupo de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), com três registros para posse de armas, na Polícia Federal e no Exército. Todas as armas estavam registradas e em acordo com a legislação.
A legislação exige laudo psicológico para CACs que ateste que a pessoa tem condições de adquirir uma arma. No entanto, Crippa tinha histórico de quatro internações por esquizofrenia, as quais a polícia diz não ter identificado se ocorreram antes ou depois do registro das armas.
"Qualquer um sabe que ao dar uma arma na mão de alguém com esquizofrenia, uma tragédia vai acontecer", disse o secretário de Segurança Pública, Sandro Caron de Moraes.
Sobre este assunto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou "solidariedade" aos familiares das vítimas e criticou a distribuição 'indiscriminada' de armas. "Isso não pode ser normalizado. A distribuição indiscriminada de armamentos na sociedade, com grande parte deles caindo nas mãos do crime, é inaceitável", afirmou em suas redes sociais.
Na tragédia, morreram o pai e o irmão de Crippa, além de um policial militar a tiros.

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