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Publicada em 23 de Outubro de 2024 às 14:10

Gestão de segurança contra incêndios é o caminho para evitar mortes, diz especialista português

O professor João Paulo Correia Rodrigues atua na pesquisa de segurança de estruturas ao fogo, comportamento de materiais estruturais e não estruturais a temperaturas elevadas

O professor João Paulo Correia Rodrigues atua na pesquisa de segurança de estruturas ao fogo, comportamento de materiais estruturais e não estruturais a temperaturas elevadas

TÂNIA MEINERZ/JC
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Osni Machado
Osni Machado Colunista
A organização da gestão da segurança contra incêndios é o que o professor João Paulo Correia Rodrigues, da Universidade de Coimbra (Portugal), uma das maiores autoridades no assunto, defendeu, durante a sua participação na 27ª Edição dos Painéis da Engenharia. O evento, promovido pelo Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS), iniciou na terça-feira (22) e tem prosseguimento nesta quarta-feira (23) no Teatro Túlio Piva, em Porto Alegre.Nesta edição, o Senge-RS aborda o tema “Tendências e Desafios na Segurança Contra Incêndios” e um dos grandes nomes internacionais é o do professor Rodrigues, que possui mestrado em engenharia civil na área das estruturas e é doutor em engenharia civil no Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade Técnica de Lisboa (UTL).De acordo com o especialista, é necessário que seja feita, no Brasil, uma organização da gestão da segurança contra incêndios. “O edifício, após ter sido projetado e instalado nele todos os sistemas contra incêndio, deve ter registro de segurança de tudo e ter sido auditado pelo Corpo de Bombeiros”, disse. Rodrigues também chamou a atenção para a realização de simulados, principalmente em edifícios que tenham grande concentração de pessoas. “Raramente elas são feitas e (devem ser feitas) em locais, como escolas, hospitais, entre outros”, exemplificou. Ele também disse que é importante a formação em segurança nesta área.
A organização da gestão da segurança contra incêndios é o que o professor João Paulo Correia Rodrigues, da Universidade de Coimbra (Portugal), uma das maiores autoridades no assunto, defendeu, durante a sua participação na 27ª Edição dos Painéis da Engenharia. O evento, promovido pelo Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS), iniciou na terça-feira (22) e tem prosseguimento nesta quarta-feira (23) no Teatro Túlio Piva, em Porto Alegre.

Nesta edição, o Senge-RS aborda o tema “Tendências e Desafios na Segurança Contra Incêndios” e um dos grandes nomes internacionais é o do professor Rodrigues, que possui mestrado em engenharia civil na área das estruturas e é doutor em engenharia civil no Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade Técnica de Lisboa (UTL).

De acordo com o especialista, é necessário que seja feita, no Brasil, uma organização da gestão da segurança contra incêndios. “O edifício, após ter sido projetado e instalado nele todos os sistemas contra incêndio, deve ter registro de segurança de tudo e ter sido auditado pelo Corpo de Bombeiros”, disse. Rodrigues também chamou a atenção para a realização de simulados, principalmente em edifícios que tenham grande concentração de pessoas. “Raramente elas são feitas e (devem ser feitas) em locais, como escolas, hospitais, entre outros”, exemplificou. Ele também disse que é importante a formação em segurança nesta área.
Portugal prepara pessoas para situações emergenciais    
“Em Portugal, os usuários ou que trabalham em edifícios, que estão na categoria de risco, são obrigados a ter uma formação em segurança contra incêndios”, apontou. Ele lembrou que os edifícios também têm que ter planos de emergência e com as regras que devem ser seguidas antes e em situação de incêndio. “A segurança contra incêndios começa pelos usuários. Isto também faz a diferença.”

Outro aspecto, de acordo com ele, envolve a questão de manutenção dos equipamentos de combate aos incêndios. Os caminhos de evacuação devem também estar livres de obstáculos. “Nós vemos muitas vezes em prédios públicos, caminhos de evacuação obstruídos e em uma situação de incêndio, ninguém vai tirar os obstáculos para poder passar, (devido ao pânico). Eu acho que estes aspectos também falham no Brasil”, avaliou.

As inovações mais recentes e os desafios críticos que envolvem a segurança contra incêndios também estão sendo discutidos neste encontro que reúne especialistas. Entre os pontos importantes nas palestras e debates estão: a legislação, regulamentação, resoluções e normas técnicas ligadas ao setor de Engenharia de Segurança contra Incêndios.

Há o destaque para discussões sobre o que está sendo feito em âmbito internacional. O professor Rodrigues cita que um dos países mais avançados neste aspecto é os Estados Unidos. Ele disse, que no caso do Brasil, o país tem legislação para normatizar o uso dos prédios, mais precisa evoluir para evitar novas tragédias, como, no caso do incêndio na boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria.

De acordo com Rodrigues, no caso do incêndio da boate Kiss, houve imprudência, por desconhecimento técnico, como o uso de materiais, que eram combustíveis e também de desconhecimento de quem fez uso do fogo de artifício impróprio para o local. “Faltou preparação da equipe de segurança existente no prédio e que não fez com que a evacuação fosse realizada de maneira rápida e segura”, citou.

O especialista, que atua na pesquisa de segurança de estruturas ao fogo, comportamento de materiais estruturais e não estruturais a temperaturas elevadas, comentou que após o incêndio da boate Kiss, outros casos ocorreram no Rio Grande do Sul, fato, que segundo ele, deverá ser repensado para evitar novas tragédias.

“Em minha análise, os projetistas de hoje em dia estão melhores preparados para fazerem projetos contra incêndios. Não vejo que seja problema de engenheiros ou arquitetos que trabalham nesta área; não bem não que seja problema relacionado ao corpo de bombeiros no que se refere à fiscalização”, citou.

Porto Alegre vivenciou, em sua história, graves incêndios e com vítimas, como no caso do prédio da Secretaria de Segurança Pública do RS, na noite de quarta-feira, 14 de julho, em Porto Alegre. Naquela ocasião, dois bombeiros que trabalhavam perderam as suas vidas no combate às chamas. E mais recente, o incêndio na pousada Garoa, no dia 26 de abril, deste ano, localizado na avenida Farrapos e que resultou em 11 mortes e outras 15 pessoas feridas.

Durante o encontro também estão sendo apresentados avanços e exemplos que podem contribuir para que haja melhorias necessárias na cadeia produtiva e profissional. As discussões também envolveram a atual situação do ensino, pesquisa e certificação na área de segurança contra incêndios, cases em projetos, instalações, inspeções e manutenções, e discussões temáticas específicas, como o comportamento de estruturas.

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