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Publicada em 22 de Outubro de 2024 às 20:25

Como Sebastião Melo e Maria do Rosário enxergam o sistema de lotações de Porto Alegre

Transporte seletivo urbano vive uma das maiores crises de sua história

Transporte seletivo urbano vive uma das maiores crises de sua história

FERNANDA FELTES/JC
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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar Repórter
O tradicional sistema de transporte seletivo urbano de Porto Alegre, que já foi referência em termos de conforto e agilidade na mobilidade urbana da cidade, convive há alguns anos com uma das piores crises de sua história. Com a tarifa a R$ 8,00, cerca de 1,65 vezes mais cara que a do ônibus, e a concorrência dos aplicativos de transporte individual, o serviço de lotações sofre com a queda acentuada no número de passageiros e, consequentemente, no número de veículos em operação mês após mês.
O tradicional sistema de transporte seletivo urbano de Porto Alegre, que já foi referência em termos de conforto e agilidade na mobilidade urbana da cidade, convive há alguns anos com uma das piores crises de sua história. Com a tarifa a R$ 8,00, cerca de 1,65 vezes mais cara que a do ônibus, e a concorrência dos aplicativos de transporte individual, o serviço de lotações sofre com a queda acentuada no número de passageiros e, consequentemente, no número de veículos em operação mês após mês.
A situação também foi agravada em razão da tragédia climática que impactou a cidade em maio. Neste momento, atuam 135 veículos, de 18 linhas, na Capital - outros 208 micro-ônibus que faziam o serviço estão inativos. Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), no último mês em que foi contabilizado o número de usuários deste sistema, em julho, foram transportados 377.672 passageiros pelo modal.
Diante deste cenário, o Jornal do Comércio procurou os candidatos à prefeitura da Capital, Maria do Rosário (PT) e Sebastião Melo (MDB), para entender suas visões e propostas para o futuro desse sistema de transporte que, para muitos porto-alegrenses, segue sendo essencial para a cidade.

Maria do Rosário

Rosário promete diálogo aberto com setor caso eleita | THAYNÁ WEISSBACH/JC
Rosário promete diálogo aberto com setor caso eleita THAYNÁ WEISSBACH/JC
Buscando um primeiro mandato no executivo Municipal, Rosário tem uma visão que, segundo ela, parte de sua própria experiência como usuária do sistema. De acordo com a candidata, as lotações são um símbolo de Porto Alegre e, além de garantir o direito de ir e vir com qualidade, também são responsáveis pela geração de empregos e movimentação da economia local.

"Usei as lotações por muitos anos e sei o quanto esse sistema é importante para a cidade. Ele garante conforto aos passageiros e emprega centenas de trabalhadores. Por isso e diversos outros motivos, acredito que é uma responsabilidade pública manter esse serviço funcionando", defende.

A petista ainda propõe um diálogo aberto com a Associação dos Transportadores de Lotações (ATL) - órgão responsável por gerir esse sistema - e com a sociedade para encontrar formas de viabilizar o transporte seletivo de maneira sustentável. Entre suas ideias está a possibilidade de adaptar as lotações para rotas mais curtas e áreas de difícil acesso para os ônibus convencionais, como regiões com ruas mais estreitas e históricas.

Rosário também se compromete a pensar em uma renovação da frota, com foco na eletrificação dos veículos e na adaptação do sistema às demandas atuais. Ela vê as lotações como um serviço complementar ao transporte coletivo público, que pode ser parte da solução para os desafios de mobilidade da cidade. "Precisamos de um sistema que olhe para o futuro", finaliza.

Sebastião Melo

Melo defende que, para receber subsídios públicos, sistema entregue contrapartidas à população | TÂNIA MEINERZ/JC
Melo defende que, para receber subsídios públicos, sistema entregue contrapartidas à população TÂNIA MEINERZ/JC
Já o atual prefeito, Sebastião Melo, enxerga a crise das lotações como um problema que requer uma abordagem complexa e ponderada. Embora reconheça a qualidade e importância do sistema para Porto Alegre, defende que o investimento de dinheiro público precisa ser acompanhado por contrapartidas.

“Nós temos feito esforços para manter as lotações operando, especialmente nas linhas mais longas, como as de Belém Novo e Restinga, onde colocamos dinheiro público para garantir que o sistema não parasse. No entanto, não posso continuar investindo sem uma compensação clara à população”, afirma. 

Melo também defende a criação de uma governança sobre as isenções, argumentando que o sistema de lotações, por ser privado, não pode cobrar 100% das passagens ao mesmo tempo em que busca receber subsídios públicos. Ele sugere que as lotações poderiam oferecer tarifas reduzidas para certos grupos, como forma de compensar e justificar novos subsídios e manter o equilíbrio econômico do sistema.

"Estamos dialogando com o setor  para garantir que as lotações não parem da noite para o dia. Precisamos de um sistema que seja sustentável e que, ao mesmo tempo, continue servindo a população com qualidade", conclui o prefeito.
O candidato à reeleição sugere, ainda, alternativas, como a utilização das lotações em horários noturnos ou em linhas de menor demanda no transporte público.
 

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