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Publicada em 15 de Outubro de 2024 às 20:05

As visões de Sebastião Melo e Maria do Rosário para o transporte público da Capital

 Melo e Rosário divergem em vários pontos referentes ao transporte coletivo na capital gaúcha

Melo e Rosário divergem em vários pontos referentes ao transporte coletivo na capital gaúcha

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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar Repórter
Tema intrínseco no dia a dia do porto-alegrense, o transporte público da Capital gera visões opostas entre os candidatos à prefeitura para o próximo quatriênio. Em entrevista ao JC, Maria do Rosário (PT) e Sebastião Melo (MDB) abordaram algumas das questões centrais da mobilidade urbana, como a privatização da Carris, o meio-passe estudantil e a retirada dos cobradores, além de compartilharem suas análises sobre a situação atual e propostas para o futuro do transporte na cidade.
Tema intrínseco no dia a dia do porto-alegrense, o transporte público da Capital gera visões opostas entre os candidatos à prefeitura para o próximo quatriênio. Em entrevista ao JC, Maria do Rosário (PT) e Sebastião Melo (MDB) abordaram algumas das questões centrais da mobilidade urbana, como a privatização da Carris, o meio-passe estudantil e a retirada dos cobradores, além de compartilharem suas análises sobre a situação atual e propostas para o futuro do transporte na cidade.

Momento atual

Maria do Rosário - Porto Alegre, que já teve um dos melhores sistemas de transporte coletivo do país, perdeu qualidade ao longo dos anos. Os ônibus estão mais antigos e muitas linhas, unificadas ou cortadas na pandemia, não voltaram aos bairros mais distantes. Além disso, com menos veículos, a superlotação aumentou, o que afeta principalmente mulheres e pessoas com deficiência.
Sebastião Melo - O sistema está melhor do que quando assumimos. Implementamos ações, como mudanças na legislação sobre isenções, a redução gradual da presença de cobradores e a privatização da Carris. Isso nos ajudou a manter a tarifa congelada por três anos. Ainda, até o final de 2024, vamos renovar a frota com 400 novos ônibus, incluindo os elétricos, que serão financiados pelos empresários ao longo do tempo. 

Privatização da Carris

Maria do Rosário - Todos sabem que fui contra. Agora, caso eleita, vou analisar 'com lupa' essa questão. Pretendo encaminhar à Procuradoria Geral do Município (PGM) um pedido para avaliar o contrato e a fiscalização. Quero confirmar se os prejuízos que suspeito realmente existem. Se isso ocorrer, tomarei as medidas necessárias, sempre em benefício da população.
Sebastião Melo - Era uma empresa com um quadro de funcionários excessivo, acumulando um déficit mensal de 5 a 6 milhões. Na minha visão, a prefeitura não deve ser proprietária de uma empresa de ônibus e, sim, concentrar-se em serviços como o SUS, a guarda municipal e a manutenção das vias públicas. Com a privatização, já conseguimos adquirir 80 novos ônibus. Além disso, problemas que a Carris não conseguiu resolver em dois anos, como os de ar-condicionado, foram solucionados pelo operador privado em apenas dois meses.

Retirada dos cobradores

Maria do Rosário - Sou contra, mas entendo que voltar ao modelo tradicional, agora, pode ser complicado. Vou pedir estudos sobre um novo tipo de serviço, com um auxiliar que, em determinados horários, ajude idosos, gestantes e crianças, aliviando os motoristas. Se for viável, gostaria de trazer essa nova função para melhorar o atendimento.
Sebastião Melo - O cobrador, junto com o motorista e outros insumos, compõe o custo da passagem. E, para não deixá-los desamparados, estabelecemos um convênio que oferece cursos para que eles possam mudar de profissão. A partir de 2026, pretendo que não haja mais cobradores na cidade, o que vai permitir passagens mais baratas e beneficiará os usuários acima de tudo. Tenho muito carinho e respeito por esses profissionais, mas é uma decisão necessária e que tenho coragem de tomar.

Fim da universalização do meio-passe estudantil

Maria do Rosário - É fundamental garantir o retorno desse benefício, especialmente para os alunos do Ensino Fundamental e Médio. Quero implementar o passe livre para eles, inclusive, e já tenho realizado cálculos para isso. O que não posso aceitar é que alunos deixem de ir à escola por falta de transporte e tenham o direito de ir e vir negado. 
Sebastião Melo - Justíssima. A isenção deve priorizar quem realmente precisa e, quando isso acontece, sou muito favorável. Nesse caso, fizemos um recorte de renda que abrange mais do que apenas a baixíssima renda. Seria romântico afirmar que vou oferecer milhares de novas passagens gratuitas, por exemplo. Não há como financiar isso com o orçamento que temos. Os estudantes que precisam estão sendo contemplados. 

Nova frota de ônibus elétrico 

Maria do Rosário -  Vejo essa iniciativa de forma muito positiva. O BNDES já garantiu que temos condições de avançar na eletrificação da frota de ônibus. No entanto, é importante destacar que a responsabilidade não será apenas da prefeitura. As concessionárias também terão que investir com recursos próprios, cumprindo sua parte nessa transição.
Sebastião Melo - Pretendo buscar financiamento para ampliar essa frota. Os 12 ônibus elétricos que adquirimos foram comprados com recursos próprios da prefeitura, mas, se reeleito, vou investir em mais veículos, desta vez com financiamento do BNDES, com prazos de 20 a 30 anos. A prefeitura viabilizará isso, mas os empresários serão responsáveis pelo pagamento ao longo do tempo.

Qual legado você quer deixar no transporte público de Porto Alegre?

Maria do Rosário - Um sistema de transporte que permita às pessoas chegar em casa de forma mais rápida e confortável, sem pesar no orçamento familiar ao final do mês. Essa foi uma marca das prefeituras petistas que passaram por Porto Alegre, principalmente graças à Carris, e é algo que eu gostaria de replicar. 
Sebastião Melo - Meu grande objetivo para um segundo mandato é integrar o sistema metropolitano. Não faz sentido que um ônibus entre em áreas densamente povoadas da cidade sem poder pegar certos passageiros. Também quero ampliar significativamente a frota elétrica e garantir que o preço da passagem seja acessível para a população de Porto Alegre.

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