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Publicada em 08 de Outubro de 2024 às 09:21

Cantor Leonardo tem o nome incluído em lista suja de trabalho escravo

Segundo Leonardo, a Fazenda Talismã (GO) foi arrendada para terceiros

Segundo Leonardo, a Fazenda Talismã (GO) foi arrendada para terceiros

Reprodução/Instagram/JC
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Agência Estado
O nome do cantor sertanejo Leonardo foi incluído na "lista suja" do governo federal de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão. Emival Eterno da Costa, o nome civil do artista, é relacionado com uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego que, em novembro de 2023, resgatou seis pessoas em situação considerada degradante na fazenda Talismã, em Jussara, no interior de Goiás.O cantor usou seu perfil no Instagram para dizer em vídeo que a área objeto da ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) estava arrendada para terceiros e que ele não tinha responsabilidade pelos trabalhadores. "Fiquei surpreso e muito triste", disse. "Não conheço quem os colocou naquelas casinhas e, do meu coração, eu jamais faria isso."A inclusão do nome do cantor ocorreu em uma atualização que a Secretaria de Inspeção do Trabalho, órgão do ministério, fez na lista, incluindo 176 novos nomes de pessoas físicas ou jurídicas. Com o acréscimo, a lista passou a ter 727 nomes. Na operação na fazenda Talismã, foram encontradas seis pessoas em condições degradantes, configurando caso de escravidão contemporânea no Brasil.A lista é atualizada e divulgada a cada seis meses e visa a dar transparência às ações resultantes das fiscalizações contra o trabalho análogo à escravidão. Segundo o ministério, entre os 176 empregadores, 20 foram apontados pela prática de trabalho análogo à escravidão no setor doméstico. Entre as atividades econômicas com maior número de inclusões estão: produção de carvão vegetal (22 empregadores, sendo 12 de florestas plantadas e 10 de florestas nativas), criação de bovinos (17), extração de minerais (14); cultivo de café e a construção civil (11 empregadores cada).Em nota, André Roston, coordenador-geral de fiscalização para erradicação do trabalho análogo ao de escravo e tráfico de pessoas do MTE, diz que "a atualização reforça o compromisso do Estado com a transparência e a conscientização da sociedade sobre essa grave violação de direitos humanos".Criação de gadoA fazenda Talismã tem cerca de mil hectares e sua atividade principal é a pecuária bovina. Em setembro do ano passado, conforme divulgação de Leonardo, a propriedade tinha cerca de 5 mil cabeças de gado. A propriedade fica na região do Rio Araguaia.Leonardo disse que arrendou parte da fazenda em 2022 para um arrendatário plantar "soja, milho, o que ele quisesse", mas depois disso não viu o que estava acontecendo no local. Ele disse ter sido visitado pelo Ministério Público do Trabalho, que lhe deu uma multa por ser o dono da fazenda. "A gente acertou tudo. Inclusive pagamos essa multa e está tudo arquivado."O cantor defendeu sua idoneidade e disse que há um "equívoco muito grande". "Eu não me misturo nessa lista aí que eles fizeram de trabalho escravo", afirmou no vídeo. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do cantor.
O nome do cantor sertanejo Leonardo foi incluído na "lista suja" do governo federal de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão. Emival Eterno da Costa, o nome civil do artista, é relacionado com uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego que, em novembro de 2023, resgatou seis pessoas em situação considerada degradante na fazenda Talismã, em Jussara, no interior de Goiás.

O cantor usou seu perfil no Instagram para dizer em vídeo que a área objeto da ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) estava arrendada para terceiros e que ele não tinha responsabilidade pelos trabalhadores. "Fiquei surpreso e muito triste", disse. "Não conheço quem os colocou naquelas casinhas e, do meu coração, eu jamais faria isso."

A inclusão do nome do cantor ocorreu em uma atualização que a Secretaria de Inspeção do Trabalho, órgão do ministério, fez na lista, incluindo 176 novos nomes de pessoas físicas ou jurídicas. Com o acréscimo, a lista passou a ter 727 nomes. Na operação na fazenda Talismã, foram encontradas seis pessoas em condições degradantes, configurando caso de escravidão contemporânea no Brasil.

A lista é atualizada e divulgada a cada seis meses e visa a dar transparência às ações resultantes das fiscalizações contra o trabalho análogo à escravidão. Segundo o ministério, entre os 176 empregadores, 20 foram apontados pela prática de trabalho análogo à escravidão no setor doméstico. Entre as atividades econômicas com maior número de inclusões estão: produção de carvão vegetal (22 empregadores, sendo 12 de florestas plantadas e 10 de florestas nativas), criação de bovinos (17), extração de minerais (14); cultivo de café e a construção civil (11 empregadores cada).

Em nota, André Roston, coordenador-geral de fiscalização para erradicação do trabalho análogo ao de escravo e tráfico de pessoas do MTE, diz que "a atualização reforça o compromisso do Estado com a transparência e a conscientização da sociedade sobre essa grave violação de direitos humanos".

Criação de gado

A fazenda Talismã tem cerca de mil hectares e sua atividade principal é a pecuária bovina. Em setembro do ano passado, conforme divulgação de Leonardo, a propriedade tinha cerca de 5 mil cabeças de gado. A propriedade fica na região do Rio Araguaia.

Leonardo disse que arrendou parte da fazenda em 2022 para um arrendatário plantar "soja, milho, o que ele quisesse", mas depois disso não viu o que estava acontecendo no local. Ele disse ter sido visitado pelo Ministério Público do Trabalho, que lhe deu uma multa por ser o dono da fazenda. "A gente acertou tudo. Inclusive pagamos essa multa e está tudo arquivado."

O cantor defendeu sua idoneidade e disse que há um "equívoco muito grande". "Eu não me misturo nessa lista aí que eles fizeram de trabalho escravo", afirmou no vídeo. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do cantor.

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