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Publicada em 03 de Outubro de 2024 às 09:34

Como Gusttavo Lima quer provar que não é dono da Vai de Bet nem facilitou fuga de investigados

O sertanejo também é suspeito de ter ajudado outros alvos da polícia a escaparem da Justiça

O sertanejo também é suspeito de ter ajudado outros alvos da polícia a escaparem da Justiça

Instagram/Reprodução/JC
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Agência Estado
Investigado pela Polícia Civil de Pernambuco por suspeita de participar de um esquema de lavagem de dinheiro de jogos ilegais, o cantor Gusttavo Lima chegou a ter a prisão preventiva decretada e depois revogada pela Justiça de Pernambuco. O sertanejo também é suspeito de ter ajudado outros alvos da polícia a escaparem da Justiça durante viagem à Grécia, após a operação ser deflagrada.
Investigado pela Polícia Civil de Pernambuco por suspeita de participar de um esquema de lavagem de dinheiro de jogos ilegais, o cantor Gusttavo Lima chegou a ter a prisão preventiva decretada e depois revogada pela Justiça de Pernambuco. O sertanejo também é suspeito de ter ajudado outros alvos da polícia a escaparem da Justiça durante viagem à Grécia, após a operação ser deflagrada.

Gusttavo Lima nega as acusações e, junto com os advogados, montou uma estratégia de defesa que inclui, por exemplo, a suspensão do seu contrato com a Vai de Bet, uma das casas de apostas investigadas pela Operação Integration, deflagrada em 4 de setembro pela Polícia Civil de Pernambuco. A Vai de Bet diz cumprir a legislação e afirmou estar à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos que forem solicitados.

As investigações apontaram que, em 1.º de julho, o cantor adquiriu participação de 25% da Vai de Bet. Esse negócio acentuaria a natureza questionável das "interações financeiras" do cantor, de acordo com a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12.ª Vara Criminal do Recife. "Essa é uma associação que levanta sérias dúvidas sobre a integridade das transações e a legitimidade dos vínculos estabelecidos", escreveu a juíza.

Gusttavo Lima, no entanto, diz não ser sócio da Vai de Bet. O cantor afirma que o contrato assinado por ele garante apenas que, caso a marca Vai de Bet seja vendida futuramente, ele receberia 25% do valor negociado. O sertanejo, assim, não constaria no quadro social da empresa como sócio-proprietário nem teria participação nas decisões da empresa.

Esse contrato que garantiria 25% de uma futura venda da Vai de Bet está assinado em nome da GSA, empresa responsável pelo uso de imagem do cantor e teria sido suspenso agora, de acordo com Gusttavo Lima.

"A relação comercial entre a GSA, empresa responsável pelo uso de imagem do cantor, e a Vai de Bet teve início em 2022, por meio de um contrato de uso de imagem para fins publicitários. No momento da negociação do referido contrato, a Vai de Bet atestou sua idoneidade, firmando o acordo com cláusula anticorrupção. A GSA optou pela suspensão do contrato em razão das investigações e aguarda os desdobramentos", diz a defesa do cantor.

Viagem à Grécia



O cantor Gusttavo Lima também é suspeito de auxiliar os donos da Vai de Bet, o empresário José André da Rocha Neto e a mulher Aislla Rocha, a fugirem da polícia após a prisão preventiva decretada na Operação Integration. O inquérito policial afirma que o cantor deu "guarida (abrigo) a foragidos", se referindo Rocha Neto e Aislla.

Os três foram juntos, em um avião do cantor, para a festa de aniversário de 35 anos de Gusttavo Lima na Grécia. Na ida, a aeronave transportou os investigados seguindo o trajeto Goiânia - Atenas - Cavala (ambas cidades na Grécia). Já na volta, o percurso foi Cavala - Atenas - Ilhas Canárias - Goiânia.

"Curiosamente, José André e Aislla não estavam a bordo, o que indica de maneira contundente que optaram por permanecer na Europa para evitar a Justiça" afirmou a autoridade policial no documento, sugerindo que eles possam ter desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias (comunidade autônoma espanhola).

"Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação minuciosa, evidenciando que a conivência de Nivaldo Batista Lima (nome de batismo de Gusttavo Lima) com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade", acrescentou.

A defesa de Gusttavo Lima afirma que o embarque dos três em Goiânia ocorreu no dia 1º de setembro, enquanto que as prisões preventivas foram decretadas no dia 3. Assim, quando Rocha Neto e Aislla saíram do Brasil não tinha nenhum mandado contra eles.

Na volta ao Brasil, o cantor diz ter a lista de passageiros de seu avião que comprovaria que Rocha Neto e a mulher não embarcaram com ele. Assim, eles não teriam ido de "carona" com o sertanejo até as Ilhas Canárias, como parte de um possível plano de fuga da Justiça.

Venda de avião



Outro laço entre Gusttavo Lima e Rocha Neto é a venda do avião no nome do sertanejo para a JMJ Participações (empresa dos donos da Vai de Bet). Segundo a polícia, a transação foi de R$ 22 milhões.

O nome da empresa do cantor (Balada Eventos) ainda consta como proprietária da aeronave porque o valor da transação ainda não foi quitado. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou ao Estadão que a parte vendedora ainda detém a propriedade e posse indireta do avião enquanto o pagamento integral não é concluído com a JMJ.

Investigações começaram em 2023


A polícia de Pernambuco investiga um grupo ligado a bets (sites de apostas esportivas, que são regulares), mas afirma que o alvo da investigação são os jogos de azar que funcionam de forma ilegal. As investigações conduzidas pela Polícia Civil de Pernambuco tiveram início em 2023. Conforme o inquérito, a organização criminosa usava várias empresas de eventos, publicidades, casas de câmbio, seguros e outras para lavagem de dinheiro feita por meio de depósitos e transações bancárias.

A suspeita é de que a quadrilha use tanto as casas de apostas online regulares, quanto os jogos de azar ilegais para as práticas criminosas.

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