A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) precisa estar muito mais presente na comunidade gaúcha. A avaliação é da professora Marcia Cristina Bernardes Barbosa, eleita pelo Conselho Universitário (Consun) em julho para comandar a maior universidade pública do Estado na gestão de 2024 a 2028. A nomeação da professora de Física foi divulgada em decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicado nesta terça-feira (17) no Diário Oficial da União. "Temos que chamar as empresas para conversar, ou seja, trazer o setor empresarial para dentro da universidade para resolvermos os problemas do Rio Grande do Sul. Não pensem que a universidade é fechada para a sociedade. O meu papel vai ser mostrar a força da Ufrgs para a comunidade gaúcha", afirma. Marcia e o vice-reitor Pedro de Almeida Costa assumem os cargos no dia 22 de setembro pelo período de quatro anos. A posse foi realizada no dia 27 de setembro no Salão de Atos da Reitoria. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Marcia ainda comenta sobre a criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Diversidade e da Secretaria Especial de Emergência Climática e Ambiental.
Jornal do Comércio - Quais são os projetos da sua gestão (2024/2028) ao assumir a Ufrgs?
Marcia Cristina Bernardes Barbosa - Vamos começar pela criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Diversidade que necessita do aval do Conselho Universitário (Consun) da Ufrgs. Estamos escrevendo o projeto e queremos entregar antes de assumirmos a gestão. A Pró-Reitoria vai ter um olhar global para integrar as pessoas na universidade porque temos estudantes indígenas, com deficiência visual ou de baixa renda. A nossa ideia é que a Pró-Reitoria faça um acolhimento. Queremos criar também uma Secretaria Especial de Emergência Climática e Ambiental. Hoje, a Ufrgs possui diversas atividades que dialogam com as emergências climáticas e com a questão ambiental e de clima. A universidade virou uma federação de ideias - as ideias não precisam ficar juntas, mas é necessário que elas conversem. Essa Secretaria vai trazer a verdade inconveniente. Vamos produzir cursos para a Defesa Civil, para os gestores e para os professores das escolas estaduais e municipais que vão ter que ensinar sobre mudanças climáticas. Queremos estar de forma mais contundente nas empresas porque hoje a nossa participação é pequena na Lei de Informática e na Lei do Bem. Temos que conversar com o setor empresarial para trazê-los para dentro da universidade para resolvermos os problemas do Rio Grande do Sul. Não pensem que a Ufrgs é fechada para a sociedade. Hoje, a universidade não está no Plano Diretor de Porto Alegre, o que é inaceitável porque temos engenheiros, arquitetos e o pessoal do meio ambiente. O meu papel vai ser mostrar a força da Ufrgs para a comunidade gaúcha.
JC - O que falta na Ufrgs?
Jornal do Comércio - Quais são os projetos da sua gestão (2024/2028) ao assumir a Ufrgs?
Marcia Cristina Bernardes Barbosa - Vamos começar pela criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Diversidade que necessita do aval do Conselho Universitário (Consun) da Ufrgs. Estamos escrevendo o projeto e queremos entregar antes de assumirmos a gestão. A Pró-Reitoria vai ter um olhar global para integrar as pessoas na universidade porque temos estudantes indígenas, com deficiência visual ou de baixa renda. A nossa ideia é que a Pró-Reitoria faça um acolhimento. Queremos criar também uma Secretaria Especial de Emergência Climática e Ambiental. Hoje, a Ufrgs possui diversas atividades que dialogam com as emergências climáticas e com a questão ambiental e de clima. A universidade virou uma federação de ideias - as ideias não precisam ficar juntas, mas é necessário que elas conversem. Essa Secretaria vai trazer a verdade inconveniente. Vamos produzir cursos para a Defesa Civil, para os gestores e para os professores das escolas estaduais e municipais que vão ter que ensinar sobre mudanças climáticas. Queremos estar de forma mais contundente nas empresas porque hoje a nossa participação é pequena na Lei de Informática e na Lei do Bem. Temos que conversar com o setor empresarial para trazê-los para dentro da universidade para resolvermos os problemas do Rio Grande do Sul. Não pensem que a Ufrgs é fechada para a sociedade. Hoje, a universidade não está no Plano Diretor de Porto Alegre, o que é inaceitável porque temos engenheiros, arquitetos e o pessoal do meio ambiente. O meu papel vai ser mostrar a força da Ufrgs para a comunidade gaúcha.
JC - O que falta na Ufrgs?
Marcia - Falta comunicação, embora a universidade tenha um setor de comunicação maravilhoso. Porém, a Ufrgs precisa se apresentar para fora com um projeto apoiado pela reitoria e comunicação interna - a gente não se conhece, ou seja, temos que comunicar melhor o que a gente faz. Temos que jogar fora esse complexo de vira-lata. As universidades brasileiras têm um instrumento fundamental que é a extensão. Precisamos do diálogo com a comunidade porque vai nos fortalecer nos financiamentos, na resolução dos problemas e no pensar a sociedade em geral. Precisamos trazer para a Ufrgs: a paixão e o brilho no olho.
JC - O que a senhora faria diferente ou semelhante das outras gestões da universidade?
Marcia - A gestão e a história da universidade é um sistema dinâmico. A campanha da chapa 3 (Márcia Barbosa e Pedro Costa) não foi realizada criticando o passado porque no passado eu não tinha a pandemia da Covid-19, a emergência climática, as mudanças climáticas, a crise econômica mundial, a negação das universidades no mundo e o crescimento dos partidos de Direita. Eu tenho que pensar obrigatoriamente a universidade para este novo tempo. No passado, muitas pessoas tinham paixão pela Ufrgs porque ela foi construída a partir do amor dos docentes, dos estudantes e dos técnicos administrativos. Essa paixão a gente tem que trazer de volta e ampliar. No passado, o grupo que construiu a universidade era uma elite rica, branca e muito masculina. Isso mudou porque temos agora um público multidiverso na Ufrgs.
JC - Como a universidade federal pode colaborar com o poder público?
Marcia - Nós temos que colaborar propondo a pauta e não dando o que eles querem. A gente não pode resolver o problema e depois ficar quieto. Não teremos soluções mágicas. Temos que ter leis de proteção ao meio ambiente que é uma verdade bem inconveniente. Temos que ensinar as crianças sobre mudanças climáticas que, por sua vez, vão ensinar os pais. As famílias precisam ter conhecimento sobre meio ambiente e mudanças climáticas, o que significa que quando tiver uma enchente elas precisam saber o que deve ser feito. Vamos ter cursos para a Defesa Civil municipal e estadual e para os diversos cenários do clima e as emergências. Para não termos desastres ambientais é preciso ter educação, formação de recursos humanos e construções adequadas.
JC - O que está sendo planejado para o Campus Caxias do Sul anunciado pelo governo federal?
Marcia - Teremos um projeto do governo federal em Caxias do Sul. Agora, se for um campus Ufrgs precisaremos fazer a viabilidade de que cursos terão o interesse da população da Serra gaúcha. Não é barato construir um campus universitário. Tem que ter dinheiro para as obras e para a infraestrutura. Além disso, tem que ter vagas, recursos humanos e principalmente tem que ter o selo Ufrgs de qualidade.
JC - As eleições na Ufrgs foram confusas em relação à paridade. A senhora pretende propor uma discussão sobre um novo modelo de eleições na universidade?
Marcia - O nosso estatuto fala da consulta e precisamos obedecer a lei federal. Mesmo removendo o termo "consulta" é necessário que tenhamos uma conversa muito séria para que a lei federal permita que as universidades tenham autonomia. Os Institutos Federais criados depois das universidades têm essa autonomia. Quando criaram os institutos tinha que ter sido revogado a "palavra 70" da lei federal. Tirando essa palavra cada universidade definiria como quer escolher o seu reitor ou reitora. Também temos que acabar com a lista tríplice porque tira a autonomia das universidades.
JC - Como a Ufrgs pretende tratar a questão da moradia estudantil?
Marcia - Precisamos aumentar a assistência estudantil (volume de recursos financeiros) e melhorar as condições das casas do estudante. Vou buscar recursos junto à bancada federal gaúcha (deputados federais e senadores) em Brasília. Gostaria que os parlamentares apoiassem os projetos relacionados à renovação das moradias estudantis e dos prédios históricos da universidade. Vou buscar os recursos porque isso significa mostrar a paixão pelo Rio Grande do Sul. Outra ideia é buscar verbas de ex-alunos da Ufrgs para a recuperação dos prédios da universidade.
JC - É recorrente na universidade casos de racismo, como a senhora pretende abordar o tema na sua gestão?
Marcia - Em 2019, escrevi um artigo sobre uma pesquisa de assédio sexual e moral na Ufrgs. E descobrimos horrorizados que 50% da comunidade já tinha sofrido assédio moral e 10% assédio sexual. E notadamente que negros e negras eram o grupo de risco. Temos diversos instrumentos na universidade de Ouvidoria. A Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Diversidade vai organizar esse trabalho tanto com educação da comunidade acadêmica e acolhimento. Quem entrar na universidade vai receber uma cartilha de bom comportamento - estudantes, professores e servidores.
JC - A senhora é a segunda mulher a comandar a universidade (Wrana Panizzi foi reitora de 1996 a 2004). Qual o significado dessa conquista?
Marcia - Durante muito tempo eu fui a única mulher na sala de aula porque não havia mulheres fazendo Física. Quando eu entrei na universidade, eu vinha da escola pública, e era também uma das poucas pessoas da escola pública na sala de aula. Quando eu vou para o exterior eu sou a mulher latina na sala de aula. Essa coisa de ser a primeira, segunda ou uma das poucas tem sido uma coisa de vida e por isso me tornei uma militante feminista bem contundente. Eu preciso garantir que em algumas coisas eu seja a primeira e seguir os passos da professora Wrana Panizzi é algo fundamental. Ela foi a reitora que conseguiu trazer a Ufrgs para fora (ela participava das formaturas) e ela era muito a cara da universidade.
Currículo da professora Marcia Barbosa
Professora Titular Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs)
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 1A
Membro da Academia Brasileira de Ciências
Membro do The World Academy of Sciences (TWAS)
Formação
- Bacharel em Física pela Ufrgs
– Mestre em Física pela Ufrgs
– Doutora em Ciências pela Ufrgs
– Estágio de pós-doutorado na University of Maryland
– Estágio de pós-doutorado na Ufrgs
Experiência Profissional
- Professora titular da Ufrgs
– Bolsista de Produtividade em Pesquisa (atualmente nível 1A) do CNPq
- Coordenadora do Working Group on Women in Physics da IUPAP
- Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- Vice-Presidente da International Union of Pure and Applied Physics (IUPAP)
- Diretora do Instituto de Física da Ufrgs
- Membro do Conselho da American Physical Society
- Membro e Coordenadora do Comitê Assessor de Física e Astronomia do CNPq
- Coordenadora do Comitê Assessor de Física e Astronomia do CNPq
- Integrante do Conselho Nacional Ciência e Tecnologia (CCT)
- Membro do Academia Brasileira de Ciências
- Diretora da Academia Brasileira de Ciências
- Membro do Conselho Consultivo da Finep
- Integrante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República
– Membro Conselho Técnico Científico do Museu de Astronomia e Ciências Afins
- Integrante do Conselho da Sociedade Brasileira de Física
2023/2024 – Secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência , Tecnologia e Inovação (MCTI)
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 1A
Membro da Academia Brasileira de Ciências
Membro do The World Academy of Sciences (TWAS)
Formação
- Bacharel em Física pela Ufrgs
– Mestre em Física pela Ufrgs
– Doutora em Ciências pela Ufrgs
– Estágio de pós-doutorado na University of Maryland
– Estágio de pós-doutorado na Ufrgs
Experiência Profissional
- Professora titular da Ufrgs
– Bolsista de Produtividade em Pesquisa (atualmente nível 1A) do CNPq
- Coordenadora do Working Group on Women in Physics da IUPAP
- Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- Vice-Presidente da International Union of Pure and Applied Physics (IUPAP)
- Diretora do Instituto de Física da Ufrgs
- Membro do Conselho da American Physical Society
- Membro e Coordenadora do Comitê Assessor de Física e Astronomia do CNPq
- Coordenadora do Comitê Assessor de Física e Astronomia do CNPq
- Integrante do Conselho Nacional Ciência e Tecnologia (CCT)
- Membro do Academia Brasileira de Ciências
- Diretora da Academia Brasileira de Ciências
- Membro do Conselho Consultivo da Finep
- Integrante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República
– Membro Conselho Técnico Científico do Museu de Astronomia e Ciências Afins
- Integrante do Conselho da Sociedade Brasileira de Física
2023/2024 – Secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência , Tecnologia e Inovação (MCTI)