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Publicada em 28 de Agosto de 2024 às 19:17

Sala do GHC destinada à saúde monitora casos de violência contra mulher em Porto Alegre

Nesta quarta-feira (28), sete mulheres buscaram atendimento na Sala Elza Soares

Nesta quarta-feira (28), sete mulheres buscaram atendimento na Sala Elza Soares

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Fabrine Bartz
Fabrine Bartz Repórter
“Mil nações”, como canta Elza Soares no disco Deus é Mulher, ainda não foram suficientes para quebrar o ciclo de violência de gênero que ocorre em diferentes regiões do Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul. No período de cinco meses, de março a julho deste ano, a sala que leva o nome da cantora, no Hospital Cristo Redentor (HCR), na Zona Norte de Porto Alegre, do Grupo Hospitalar conceição (GHG), monitorou casos de 80 mulheres, sendo a maioria vítima de violência doméstica (69%).
“Mil nações”, como canta Elza Soares no disco Deus é Mulher, ainda não foram suficientes para quebrar o ciclo de violência de gênero que ocorre em diferentes regiões do Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul. No período de cinco meses, de março a julho deste ano, a sala que leva o nome da cantora, no Hospital Cristo Redentor (HCR), na Zona Norte de Porto Alegre, do Grupo Hospitalar conceição (GHG), monitorou casos de 80 mulheres, sendo a maioria vítima de violência doméstica (69%).
“Meu marido me prendeu em casa durante a madrugada de um sábado para um domingo, das 5h até às 10h, ele me drogou e ficou me batendo. A polícia me trouxe, pois estava muito lesionada. Quando cheguei, uma senhora me atendeu e indicou a sala”, detalha uma das usuárias da rede, que optou por não se identificar. Desde junho, ela recebe, semanalmente, os atendimentos na sala.
Depois da agressão doméstica, a violência sexual aparece logo na sequência, com 20% dos casos, à frente de outros tipos de agressões (11%). “Em geral, as mulheres estão em um contexto de violência psicológica e não se dão conta que estão inseridas em uma relação abusiva, com excesso de controle”, detalha a psicóloga Bibiana Dias Alexandre, que atua no espaço.
Inaugurada em março, a Sala Elza Soares faz parte da Re-Human, rede interna do GHC. Dos 331 casos de violência contra as mulheres registrados no grupo, 219 são no Cristo Redentor, por isso, a escolha do local. Os atendimentos ocorrem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, de forma individualizada.
Nesta quarta-feira (28), sete mulheres foram recebidas no espaço. Além de Porto Alegre, a sala atende a Região Metropolitana da Capital. “A demanda começou por meio dos próprios funcionários e através da comunidade, especialmente da Zona Norte”, explica a assistente social, Débora Abel, que coordena o espaço. Em maio do ano passado, uma portaria nomeou o grupo de trabalho para atuar no combate à violência, o que corroborou com a criação da rede.

O trabalho é composto por três eixos. O primeiro consiste no atendimento e acolhimento à mulher, já o segundo é direcionado a capacitação dos profissionais e o terceiro é ligado à qualificação do sistema de agravos, responsável pelo envio das informações à prefeitura. Sob a canção “Minha voz uso para dizer o que se cala”, a Sala Elza Soares é formada exclusivamente por mulheres e proporciona apoio psicossocial, além de orientações e encaminhamentos.
A Sala recebe o nome de Elza Soares, em homenagem à artista, símbolo de resistência na luta contra o machismo e o racismo | THAYNÁ WEISSBACH/JC
A Sala recebe o nome de Elza Soares, em homenagem à artista, símbolo de resistência na luta contra o machismo e o racismo THAYNÁ WEISSBACH/JC
“Fazemos uma avaliação do que é necessário articular na rede. Em algumas situações, é necessário deixar o território, algumas mulheres possuem filhos. Além disso, verificamos se há medidas protetivas, mas isso não é um critério para realização dos atendimentos”, explica a assistente Jéssica Silva. A expectativa é expandir os atendimentos para mais uma sala.

Entre os desafios, a busca ativa pelas mulheres. O sistema geral do grupo registra o motivo da busca ao hospital. Com base no registro, a equipe identifica as mulheres para prestar apoio, no entanto, nem todas aceitam ir até a sala. 

A Sala recebe o nome de Elza Soares em homenagem à artista, símbolo de resistência na luta contra o machismo e o racismo. Em casos de violência, disque 180. Em urgência, também acione a Brigada Militar pelo 190.

Locais que contam com o serviço em Porto Alegre

  • Delegacia da Mulher: rua Professor Freitas de Castro 701, bairro Azenha. Fone (051) 3288.2172
  • CRAM Centro de Referência de Atendimento à Mulher Márcia Calixto - avenida João Pessoa, 1105. Fone (051) 3289.5110
  • CRAM Centro de Referência de Atendimento à Mulher Vânia Araújo - rua Miguel Tostes, 823.
  • ESCUTA LILÁS: 0800-541.0803
  • Defensoria Pública Nudem, rua Sete de Setembro, 666 - Centro Histórico. Fone (51) 3225-0777
  • Núcleo Especializado no Atendimento às Mulheres, na avenida 7 de setembro, 666.

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