Já passaram-se mais de 100 dias desde a enchente histórica que assolou Porto Alegre em maio. Durante este período, a Rodoviária da Capital passou por diversas etapas para sua recuperação, a contar do momento em que ainda estava ocupada pelas águas do Guaíba. Hoje, com a situação praticamente normalizada, resta apenas a reabertura da totalidade das lojas do terminal.
Segundo o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), dos 64 espaços comerciais da Rodoviária, 34 seguem fechados desde a enchente, enquanto 30 já funcionam normalmente. Na madrugada, contudo, o cenário é diferente: até à meia-noite, todas as lojas fecham, devido ao baixo movimento noturno. O início da retomada dos serviços se deu em 1º de agosto.
Essa é a última etapa na recuperação do maior terminal do Rio Grande do Sul que, apenas nos últimos meses, já esteve interditado, operou com limitações de espaço e horários, enfrentou a falta de energia elétrica e se adaptou ao fechamento temporário de seus estabelecimentos - através de barracas de bebidas e comidas montadas na área externa.
Proprietário de um dos primeiros estabelecimentos reabertos na Estação, Halim Rihan, da Maktub, afirma ter gasto R$ 400 mil para, segundo ele, reconstruir por inteiro a lanchonete. "Foram quase meio milhão de reais investidos. Tudo que estava na loja foi perdido. O movimento está bom, mesmo que ainda abaixo do que era. Só de reabrirmos já é uma benção", conta.
Na Estação Rodoviária, atualmente, o fluxo de ônibus já está igual ao do período pré-inundação, com uma média de 240 viagens diárias. Porém, conforme o diretor-geral do terminal, Giovanni Luigi, o número de passageiros ainda é menor.
"O ir e vir está normal. Todas as áreas comuns foram liberadas e as empresas já disponibilizam a oferta padrão de horários. Mas, com relação ao movimento, ainda há um déficit. Antes costumávamos ter em torno de 7.300 passageiros todos os dias. Agora esse número é próximo dos 5.700", relata.
Para quem vai até a estação localizada no Largo Vespasiano Júlio Veppo, o que mais chama a atenção são os tapumes que praticamente cercam o corredor central. É atrás deles que são finalizadas as obras de recuperação das lojas ainda fechadas - todas pertencem à área, já que o setor comercial em frente ao desembarque já está 100% retomado. A sujeira já não chama atenção, exceto por algumas marcas marrons d'agua em paredes e fechadas.
Em relação à venda de passagens, as intermunicipais ocorrem normalmente nos guichês tradicionais, enquanto os tíquetes com destino final em outro estado são comercializados em tendas posicionadas próximas de seu local original, que também está em recuperação.