Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 26 de Julho de 2024 às 09:38

Carnavalesca Rosa Magalhães morre aos 77 anos

A confirmação foi feita pela escola de samba Império Serrano, pela qual Rosa foi campeã em 1982

A confirmação foi feita pela escola de samba Império Serrano, pela qual Rosa foi campeã em 1982

Reprodução/Divulgação/JC
Compartilhe:
Folhapress
A carnavalesca Rosa Magalhães foi vítima de um infarto fulminante na noite de quinta-feira (25), aos 77 anos, no Rio de Janeiro. A confirmação foi feita pela escola de samba Império Serrano, pela qual foi campeã em 1982.
carnavalesca Rosa Magalhães foi vítima de um infarto fulminante na noite de quinta-feira (25), aos 77 anos, no Rio de Janeiro. A confirmação foi feita pela escola de samba Império Serrano, pela qual foi campeã em 1982.
Filha do escritor e acadêmico Raimundo Magalhães Júnior, - integrante do júri do primeiro desfile das escolas de samba, em 1932, e imortal da Academia Brasileira de Letras - e da autora teatral Lúcia Benedetti, Rosa Lúcia Benedetti Magalhães foi a maior detentora de títulos na era Sambódromo, sendo campeã em 1982 (antes do Sambódromo), 1994, 1995, 1999, 2000, 2001 e 2013.

Formada em Pintura, pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro e em Cenografia, pela Escola de Teatro da Uni-Rio, foi também professora de Cenografia e Indumentária na Escola de Belas Artes da UFRJ e da Faculdade de Arquitetura Benett.
A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) lamentou a morte e definiu Rosa como uma carnavalesca que fez história. Ela também foi cenógrafa, figurinista e diretora de arte. Era chamada de professora e dama do Carnaval do Rio.
Rosa conquistou sete títulos de campeã nos desfiles das escolas de samba cariocas, a primeira vez em 1982, pela Império Serrano, ao lado de Lícia Lacerda, com o enredo "Bum Bum Paticumbum Prugurundum", um dos mais famosos do grupo especial.
"Fica aqui a nossa gratidão por tudo que você fez pelo Carnaval, pela contribuição na nossa história e à arte", declarou, em nota, a direção da Império.
Na Imperatriz Leopoldinense venceu em 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001. Esteve à frente da escola durante 16 anos. Em 2013, na Vila Isabel, ao lado de Alex Varella, conquistou o último campeonato de sua vida com o enredo "A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo - Água no feijão que chegou mais um", sobre a importância da agricultura para o país.
Rosa ganhou o Emmy de melhor figurino na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007. Também foi responsável pela festa de encerramento das Olimpíiadas do Rio em 2016. As duas experiências são relatadas no livro "E vai rolar a festa".
Rosa fez parte de um grupo de carnavalescos que levou conhecimentos acadêmicos para o Carnaval carioca, transformando a festa em um espetáculo audiovisual, com desfiles mirabolantes e construídos a partir de intensas pesquisas, unindo a cultura erudita à popular.
Colaborou com Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues, em 1971, no desfile histórico e vitorioso do Salgueiro, com o enredo "Festa para um Rei Negro", sobre a visita de príncipes africanos a Pernambuco.
"Ela tem um papel fundamental, assim como Lícia Lacerda e Maria Augusta, por ser uma carnavalesca mulher. É um aspecto ainda pouquíssimo debatido no universo das escolas de samba", disse o professor universitário Leonardo Bora, carnavalesco da Grande Rio, no documentário "A moça prosa da avenida", lançado há quatro anos.
Em 2022, a artista doou o acervo iconográfico, com 5 mil croquis de figurinos e alegorias, à Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). A coleção reúne trabalhos a partir de 1974 para desfiles de várias escolas, como Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Beija-Flor, Portela e Vila Isabel.
Também em 2022, recebeu o título de Doutora Honoris Causa da universidade pela contribuição à cultura.
O último trabalho foi para a Paraíso do Tuiuti, em 2023. Ela não participou do Carnaval de 2024. Em entrevista ao site Carnavalesco, falou sobre cansaço e dificuldades financeiras para colocar as escolas de samba na avenida.
Nas redes sociais, a São Clemente declarou que Rosa tinha que ser para sempre. "Seu legado é marca fincada na história do nosso Carnaval. Descanse em paz, eterna professora", afirmou a direção da Grande Rio.

Notícias relacionadas