Um diagnóstico realizado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) e divulgado na última terça-feira apontou Pelotas como a cidade com maior população em situação de rua no Estado, com 3.937 pessoas. Entretanto, de acordo com a Secretaria de Assistência Social do município (SAS), trata-se de um equívoco. O número correto seria de 743 desabrigados.
A divergência nos dados, segundo o chefe da pasta, Edmar Mesquita, é oriunda de um erro de digitação do MP-RS, já que a prefeitura assegura ter enviado as informações corretas. O município teria sido surpreendido ao ver números incorretos sendo publicados.
"Já solicitamos o formulário que foi enviado a eles e retificamos esse número. Os dados que passamos não condizem com os divulgados. Fomos pegos de surpresa. Quem já veio aqui sabe que Pelotas não tem esse número de pessoas em situação de rua de jeito nenhum. Nunca teríamos mais que Porto Alegre, por exemplo", defende.
Conforme Mesquita, a cidade está, inclusive, muito bem preparada para lidar com esta questão. "Temos diversos serviços especializados em abordagem social, nunca esperamos que as pessoas venham até nós. Há o Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua de Pelotas (Centro Pop) oferecendo três alimentações diárias e uma casa de passagem que suporta até 120 pessoas por noite. Ainda, os albergues comportam a demanda restante.
O Ministério Público, por outro lado, garante que "o próprio município foi quem passou os dados para o relatório" e que, nesta quarta-feira (24), entrou em contato para corrigi-los.
Com correção, Capital lidera ranking
Conforme o diagnóstico, feito a partir das respostas de 76,65% dos municípios gaúchos (os demais não responderam), 14.829 pessoas adultas vivem em situação de rua no Estado. Além de Pelotas, onde há divergências, as maiores populações se concentram em Capão da Canoa (668), Gravataí (799), Canoas (1.311), Caxias do Sul (1.497) e Porto Alegre (2.371). Entre as cidades de grande porte, Viamão foi a única que não respondeu.
Referente a crianças e adolescentes, o diagnóstico indica que 365 estão em situação de rua, sendo que o maior volume está na Capital. Ainda, o levantamento apontou que 131 famílias vivem nas ruas, a maioria delas também em Porto Alegre (28), além de Santa Maria (25), Bento Gonçalves (22) e Pelotas (10).
De todas essas pessoas, 34,63% (5.136) foram encontradas de modo sistemático na rua e 35,21% (5.222) são itinerantes. A concentração maior está na Região Metropolitana de Porto Alegre. Dos municípios que enviaram as respostas, 286 (correspondente a 75,06%) informaram não ter nenhuma pessoa em situação de rua.
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O diagnóstico é resultado do compilado de dados obtidos por meio de um formulário eletrônico distribuído pelo MP-RS, com o apoio do governo do Estado, da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e movimentos sociais, para todos os municípios do Estado. As informações são de antes das enchentes de maio.